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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010




A VIDA TEM….

As derrotas, as vitórias
Também batalhas perdidas,
Muitas guerras por vencer.
Mas nessas lutas havidas,
Entre a fadiga e o querer,
São as palavras amigas
Que nos levam a vencer.
Camaradas, companheiros,
Amigos de ocasião,
Uns estarão sempre connosco,
Mas sabemos que outros não.
Por isso há que manter
Os pés bem firmes no chão,
Nesta terra que é de todos
E poucos dizem que não-
Levar a palavra amiga,
Passá-la de mão em mão
Caminhando com confiança
Cientes da nossa razão
Portamos a luz da esperança
Que traz a libertação.
Liberdade é igualdade
De direitos e deveres
E embora haja pareceres
De que é uma utopia
Estejam certos que é verdade
A razão não se fantasia.
E se cada um pensar
Na força que a razão tem,
É dar as mãos e lutar,
Que o futuro já aí vem.

ARFER ………..



Grato por me lembrares do texto, que tinha já lido não sei quando. Um abraço.
ARFER

Bertolt Brecht

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha da sua senhoria ao Senhor K., eles seriam mais amáveis com os peixinhos?
Certamente, disse ele.
Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos com todo tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca, e tomariam toda espécie de medidas sanitárias.
Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, então lhe fariam imediatamente um curativo, para que ele não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes.
Naturalmente, haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas, os peixinhos aprenderiam como nadar para as goelas dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura.
Os peixinhos saberiam que esse futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam evitar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um dentre eles mostrasse tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões.
Os peixinhos – eles iriam proclamar – são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender. Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveria também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que a seus acordes todos os peixinhos, com a orquestra na frente, sonhando, embalados nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões. Além disso, se os tubarões fossem homens também acabaria a idéia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isto seria agradável para os tubarões, pois eles teriam, com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores, detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc.
Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens.


Bertolt Brecht (1898-1956) reuniu na obra Histórias do Senhor Keuner, em 1932, parábolas escritas com humor e ironia, satirizando o comportamento da sociedade.

HISTÓRIA VIVA: ROMA - LOUVÁVEL OCIOSIDADE & RIQUEZA É VIRTUDE

HISTÓRIA VIVA: ROMA - LOUVÁVEL OCIOSIDADE & RIQUEZA É VIRTUDE

sábado, 13 de fevereiro de 2010




CARNAVALINHO
Nestes dias de festança,
Eu desejo a toda a gente
Que no brincar tenham esperança
De que o amanhã é diferente.

P’ra Mestre de sala ou poeta,
A festa é sonho e alegria
E com papel e caneta
Os versos são fantasia.

Nas ruas fazem cortejos
E mentem nos Parlamentos
Em tempo de Carnaval
Os cavalos são jumentos.

No Barreiro também há festa
Muitas cores e magia
E todos se manifestam
Com redobrada alegria.

Uns mascaram-se, outros não.
Há os sempre mascarados
Que no meio da confusão
Pensam andar disfarçados.

Pois que sejam Carnavais
Todos os dias do ano
Porque assim até os ossos
Ficam cheios de tutano.

Que se tenha nesta quadra
Alegria num fartote
Brinquem todos, aproveitem
Porque eu vou dar o pinote.


ARFER, 13.02.2010.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010












Bah!
Tão ao gosto próprio,
não foi além da circuncisão,
é julgador de causas próprias
amarelecidas e/ou descoradas
que se espalham no seu chão.
Querendo arrebitar o cenho
leva demais o empenho
de emperrada a carabina,
mas o estampido sai na mesma.
Por detrás?
Não se sabe, não se sabe,
adivinha-se a escorregadela
com a procura da salvação
em época de oração crispada
ergue ao ar as mãos postas
que melhor estariam nas costas
a perceber o que tinha acontecido
pois o alarido foi tal
que para igual só teria sentido
algum molho, brrrr, fosse detectado.
A secura não é estado virgem
propaga-se como fogo às idéias,
topa-se!
O refinamento também é finamento,
para liofilizado alimento,
que se faz parecer resultado
mas não é.
Antes uma ladaínha de esconjuração
aos julgados males próprios,
que tolhem e fazem arrepios
em vez de sonhos pios,
descansados cheios de cifrões
apesar de ultrapassados
como escreve ou como diz
só para inglês ver.
Eles andam por aí!

De João Viegas dos Santos
Bem Haja JOÂO – Um abraço amigo