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sábado, 28 de outubro de 2017

domingo, 22 de outubro de 2017

BERTOLT BRECHT



"E SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMENS?" -  DE BERTOLT BRECHT

"Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha da sua senhoria ao Senhor K., eles seriam mais amáveis com os peixinhos?
Certamente, disse ele.
Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos com todo tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca, e tomariam toda espécie de medidas sanitárias.
Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, então lhe fariam imediatamente um curativo, para que ele não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes.
Naturalmente, haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas, os peixinhos aprenderiam como nadar para as goelas dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura.
Os peixinhos saberiam que esse futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam evitar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um dentre eles mostrasse tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões.
Os peixinhos – eles iriam proclamar – são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender. Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveria também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que a seus acordes todos os peixinhos, com a orquestra na frente, sonhando, embalados nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões. Além disso, se os tubarões fossem homens também acabaria a idéia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isto seria agradável para os tubarões, pois eles teriam, com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores, detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc.
Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens.


Bertolt Brecht (1898-1956) reuniu na obra Histórias do Senhor Keuner, em 1932, parábolas escritas com humor e ironia, satirizando o comportamento da sociedade.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

CALENDARIO GREGORIANO


 11 de Outubro de 1582
 HÁ 435 ANOS, 158.883 DIAS, ACONTECEU.
 Para Portugal, Espanha e Itália, os primeiros países a  adoptarem o “Calendário Gregoriano”( Oficialmente o primeiro dia deste novo calendário foi 15 de Outubro de 1582), o dia 11 de Outubro não existiu.
Foram omitidos dez dias do “Calendário Juliano”, deixando de existir os dias de 5 a 14 de outubro de 1582. A bula ditava que o dia imediato à quinta-feira, 4 de outubro, fosse sexta-feira, 15 de outubro.
Só quatro séculos passados, é que todas as nações do planeta azul o adoptaram, e, por isso, é que as datas comemorativas são assinaladas mundialmente pelo calendário Gregoriano.
Porém, nalguns países e regiões, ainda se conservam outros calendários ª) para uso religioso inclusive com cronologia diferente da adotada pela Igreja Católica Romana.

OBS:
a)Para esta mesma data outros calendários apontam anos diferentes, como: Ab urbe condita 2769; Calendário Babilônico 6766; Calendário bahá'í 172–173; Calendário budista 2560; Calendário hebreu 5776–5777; Calendário hindu Vikram Samvat 2072–2073; Calendário hindu Shaka Samvat 1938–1939; Calendário hindu Kali Yuga 5117–5118; Calendário Holoceno 12016; Calendário iraniano 1394–1395; Calendário Islâmico 1437–1438 entre outros.

(a) Após pesquisa na Enciclopédia.

Hoje, 2ª terça-feira do mês de Outubro (octo, "oito" em latim; o oitavo mês do calendário de Rómulo)  ´É DIA DE MARTE.
ARFER   

domingo, 8 de outubro de 2017

JOSÉ SARAMAGO - MEMORIAL LITERÁRIO

MEMÓRIAS: 8 DE OUTUBRO DE 1998
 
José Saramago recebeu, em Estocolmo (Suécia), o Nobel da Literatura, tornando-se o primeiro escritor de língua portuguesa a ser distinguido com este prémio.

Discursou em português na Academia Sueca, José Saramago fê-lo na língua do seu país o que não acontece com outros galardoados que o costumam fazer em inglês.
EM SUA MEMÓRIA:

PALAVRAS DITAS (Moita -2012) 
A DANÇA É como a VIDA
Neste palco do MUNDO
Em que todos somos atores.
Na dança dos sonhos
Só se erguem HOMENS de sonho,           
Na lucidez da sua cegueira,
Na dureza do seu caráter,
Nas palavras do seu Evangelho.
E na corrente, limpidez da sua PALAVRA
Carregada de sabedoria                                
Levar-nos-ia na “Jangada de Pedra”
Comandada por bom timoneiro
Ao encontro da “Ilha dos Sonhos”
Onde todos os homens e mulheres
Seriam livres e “Levantados do Chão”.       
Nessa sua “Ilha desconhecida”
Em que múltiplas gentes
De todos os continentes,
Numa sinfonia multicultural,
Fariam dela a sua PÁTRIA.                       
  
Nela honrariam a língua que os unia
Numa dança e num canto de louvor à LIBERDADE.
Por ela derramariam o seu “sangue”,
Pela igualdade no direito e no dever.
No sonho que nele habita                          
    
Dessa tal “Ilha encantada«
Em que o SER dignifica                                                                                                              
E o TER não lhe diz nada
ARFER - 2010