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sexta-feira, 28 de junho de 2019

BARREIRO - DIA DA CIDADE




“A CIDADE E A IDENTIDADE – BARREIRO”

A cidade não é apenas uma estrutura física, ela é um produto da evolução histórica um signo de vivências, um conjunto estruturado de bairros e ruas com vida própria, produto de um conjunto de vivências de cidadãos que ao longo do tempo a criaram e a transformaram é por isso um museu vivo, retrato da Memória Colectiva que transmite um sentimento de pertença cultural, onde cada rua e cada bairro tem a sua história.

.O Barreiro, ponto de partida, ponto de encontro, ponto de passagem e ponto de acolhimento de tanta gente que, de toda a parte, o Comboio fez chegar. O Barreiro contém a força de uma identidade construída e um pródigo Património Imaterial, fruto da hiperactividade laboral e social, e das memórias contidas desta área urbana, espaço de intensa actividade cultural, cívica e associativa.

O Barreiro, durante décadas, foi uma cidade controlada, vigiada e sujeita a acções repressivas pelo poder instituído. O espaço urbano em si não gera contradições sociais, ou seja, elas existem reflexo dos interesses individuais ou colectivos. Mas foi no seio das cidades que se processaram as grandes transformações sociais do século XX.

A história recente, do Barreiro, é plena de episódios e factos de cabal importância, quer para a história local, quer para a história de Portugal. Sendo a cidade que me acolheu, pela vivência e convivência continuada, posso afirmar que o Barreiro é exemplo de grandes transformações sociais, no associativismo, na cultura e no desenvolvimento.

A cidade foi criando a sua identidade, fundamentada na interculturalidade, de diferentes histórias de vida de gentes vindas de muitos sítios, num quotidiano, ainda que marcado pelas diferenças, mas com um objectivo comum, marcado pela vontade de construir uma terra de todos e para todos.

Esta postura, esta marca de identidade que ainda hoje prevalece, surgiu em grande parte com a implantação do Caminho de Ferro que redesenhou a antiga vila ribeirinha com os traços característicos dos operários e respectivas famílias, oriundos, sobretudo, do Sul do país. Foram ficando e deixando os exemplos do seu trabalho e da sua cultura, hoje tão vincadamente marcantes na sua postura social. Assim o Barreiro cresceu por dentro e para fora.

Com o Caminho de Ferro, reassumiu o seu papel na História de Portugal, anteriormente (sec. XV) referenciado põe Álvaro Velho do Barreiro, cronista da viagem que levou Vasco da Gama à Índia

O Comboio está na génese da transformação de uma pequena Vila (Carta de Foral de 16/01/1512 – D. Manuel I) de pescadores e salineiros, numa cidade ligada à revolução industrial que se processou em finais do século XIX. A chegada do Caminho de Ferro, em 1861, veio potenciar o seu crescimento urbano e demográfico.

Em 1875 instalaram-se as primeiras fábricas, ligadas à indústria de transformação de cortiça, vinda do Alentejo e com a cortiça vieram os homens e mulheres, na busca de uma vida melhor.

Mais tarde, em 1908, a Companhia União Fabril começa a instalar o seu núcleo central de fábricas e, à volta destas, vão-se construindo novos bairros, necessários ao alojamento dos imigrantes vindos de todo o país, sendo na sua maioria do Alentejo e Algarve, que ali procuravam o seu sustento.

De tal modo se desenvolveu o Barreiro que, em 28 de Junho de 1984, foi elevado à categoria de Cidade, exactamente num período em que, demograficamente, apresentava sintomas de estagnação, em grande parte devido ao encerramento da maioria das unidades produtivas. Em consequência disso , adveio o desemprego, a procura de trabalho noutros lugares e assim, em termos quantitativos, aumentaram as migrações pendulares e muitos residentes emigraram para outras paragens. Hoje, a cidade que foi signo de progresso material, pelas suas características de cidade industrial, inserida principal área metropolitana do país, o seu património material e museológico é rico quanto a arqueologia industrial e fundamentalmente uma Memória Colectiva muito rica.

O quadro seguinte conta de certo modo a história evolutiva da cidade:

População do concelho do Barreiro (1801 – 2004)
2 425
3 384
7 738
21 030
35 088
88 052
85 768
79 012
78 992

Fonte: Arquivo Municipal do Barreiro

Actualmente as freguesias do concelho do Barreiro são as seguintes: Alto, Barreiro (freguesia) , Coina , Lavradio , Palhais , Santo André, Santo António da Charneca , Verderena

No dia 16 de Janeiro de 1521, D. Manuel I concedeu à Vila Nova do Barreiro a Carta de Foral do Barreiro. Eis alguns excertos desta carta que fez do Barreiro vila, separando-a do alfoz de Alhos Vedros:


O Barreiro mantém a sua identidade, a raiz cultural do rural que se tornou operário e a do cidadão da metrópole construída por si e à sua imagem. Porém a riqueza cultural contida no capital humano, os seus hábitos colectivos e as suas raízes sócio- culturais, são garantes de um futuro digno. Metaforicamente a cidade é uma sucessão de tempos desiguais, que nos permite, através do olhar, perceber as diferentes etapas do crescimento urbano e a sua relativização quanto aos diferentes períodos de desenvolvimento socioeconómico, bem como entender a sua marca identitária.

Cada espaço urbano apresenta as suas especificidades, particularidades e singularidades, o Barreiro cresceu a partir das imediações dos núcleos de produção e comunicação. Nasceram bairros operários, a cidade é ao mesmo tempo um produto homogéneo e heterogéneo como as pessoas que a “construíram” e fizeram dela o seu lugar e que reflecte o contexto próprio de uma sociedade em constante crescimento demográfico, imagem da urbe produto do desenvolvimento industrial.

O Barreiro não dispõe de património arquitectónico relevante. Merecem destaque as igrejas da Misericórdia (séc. XVI), Matriz de Santa Cruz (séc. XVI) e Nossa Senhora do Rosário, com duas torres sineiras e órgão. Restos dos moinhos de maré (não recuperados) e os moinhos de vento da Alburrica.

Pontos de referência: 1861 – Ano da passagem da vila rural e piscatória, para  a Vila industrial e operária. O Barreiro passa a ser o eixo central das comunicações ferroviárias entre o Norte e o Sul e núcleo central de transportes ao Sul do Tejo;

1875 – Origem da instalação das fábricas de cortiça;

1908 – O complexo fabril da C.U.F.

Expansão Urbana e desenvolvimento Social e Cultural – O desenvolvimento da Vila passa pela criação de múltiplas Associações culturais, recreativas, desportivas, de Classe e humanitárias;

O Barreiro foi terra de luta pelo trabalho e pela liberdade, hoje, ainda que vá perdendo as suas características operárias, vale pelo seu apego ao associativismo, á cultura e ao ensino.

 O Barreiro e o Comboio
Ainda que, oficialmente, a inauguração da linha do Sul tenha acontecido no ano de 1861, a relação do Barreiro com o Comboio e a certeza de que essa importante via de comunicação viria a ser o ponto de partida para a grande transformação da pequena Vila na Cidade industrial que, durante um século, foi um dos polos produtivos mais importantes do país, aconteceu de facto em 1859, no dia dois de Fevereiro, quando Sua Majestade o Rei D. Pedro V, acompanhado de sua família e altas figuras da Nação foram recebidos festivamente no Barreiro. O objecto dessa visita foi a semente que deu origem à cidade industrial, que viria a ser. Foi a primeira viagem de comboio, oficialmente designada e noticiada, com partida do Barreiro e chegada a Vendas Novas.

 Dois anos depois é definitivamente inaugurada à exploração e ao uso público.
Construída pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo (mais conhecida por Companhia dos Brasileiros, já que alguns dos seus principais accionistas eram antigos emigrantes do Brasil), cuja posição foi tomada pelo Estado.




Os primeiros bairros operários do Barreiro, começaram a ser construídos a partir da instalação dos Caminhos  de Ferro, exactamente junto a primitiva Estação ferroviária, onde hoje está instaladas as oficinas da EMEF. O bairro situado em volta do “ Palácio de Coimbra”, residência do administrador da Companhia.
Nos anos subsequentes surgem as primeiras pequenas fábricas de transformação da cortiça, que darão lugar às corticeiras de maior dimensão, o evoluir de processo de industrialização vai acelerar  alteração de hábitos e formas de vida tradicional, dando lugar ao aparecimento dos primeiros bairros operários,
As necessidades permanentes de mão de obra, por parte das indústrias instaladas, provocam grande afluxo de populações vindas de todo o pais e em sequencia disso, os problemas relacionados com a carência de habitações geram problemas e situações de agravamento da tensão social.
No inicio do séc. XX, dá-se inicio à construção do novo edifício dos Paços do Concelho(1906), que veio a impulsionar decisivamente a expansão urbana do Barreiro, tendo em vista a sua matriz já identificável da futura cidade, produto do desenvolvimento industrial que evoluía de forma galopante.
Por volta de 1910 pululam bairros clandestinos, um pouco dispersos por todo o lado, nas redondezas das fábricas. Estes “bairros” eram compostos por construções abarracadas, sobrelotadas por famílias numerosas.
O Bairro das Palmeiras, de que ainda resta algum casario, erguido entre fábricas e a linha do comboio, cujo modelo passou para outros locais (Verderena, Alto Seixalinho).Em muitos casos, eram os proprietários  dos terrenos que construíam pequenas casas em tijolo e madeira, para arrendar aos operários que delas necessitavam.
No Bairro Teodósio”, junto a Rua Braz [1], são construídas moradias de fraca construção, pelas quais os inquilinos pagavam de renda entre cinco a dez tostões mensais, no inicio dos anos vinte. Eram pequenas casas alinhadas em fila que foram dando corpo ao que hoje a rua Manuel Pacheco Nobre, que liga a artéria central da cidade, Rua Miguel Bombarda, à rotunda do Lavradio.
Entre a estação do Barreiro A, concluída em 1935 e a rua Braz,  à volta da cordoaria do Nicola, nascem dois novos bairros: O “Bairro Miranda” e a “ Vila Manso” [2]
O Bairro Miranda é um dos poucos conjuntos habitacionais que ainda existe, sem grande alterações ao seu aspecto inicial.
O primeiro bairro mandado construir pela CUF, projectado de raiz e de propriedade da empresa, tendo em vista a acomodação das famílias operárias que nela laboravam. A sua construção teve início em 190 e era composto “de”…92 casas individuais para os operários e quatro para os quadros superiores, de tamanho e qualidade nitidamente superiores” [3] . Deste bairro, situado entre a via  férrea e o Bairro das Palmeiras, já quase nada existe.
ARFER

terça-feira, 18 de junho de 2019

JOSÉ SARAMAGO O SABOR DA PALAVRA LIBERDADE.



PARA QUE AS MEMÓRIAS FLORESÇAM

                         O HOMEM E A PALAVRA - NOVE ANOS DEPOIS

 "Conheces o nome que deram, não conheces o nome que tens".  "Livro das Evidências" in "Todos os Nomes"

 Palavras ditas em 18 de JUNHO de 2010

MORREU JOSÉ SARAMAGO Mas ficará sempre entre nós, O comunista convicto, HOMEM do POVO Que tudo fez e desde sempre lutou Para ver o seu Portugal, um país novo. Gostava de CAMÕES e dos poetas da Liberdade, Amado por muitos, ostracizado por alguns Nunca baixou a guarda na defesa da Verdade. Aqueles que desdenharam o seu valor, apresentam, hoje, sentidos pêsames vazios de sentimento. O HOMEM DA “Jangada de Pedra” que uniu os povos das margens do grande Oceano, respirou hoje pela última vez e, decerto, a sua última vontade foi a de seguirmos o seu ideal. O MUNDO FICOU MAIS POBRE. Em vez de ADEUS, um ATÉ JÁ !!!
ARFER

PALAVRAS DITAS (Moita -2012) 
A DANÇA É VIDA
Neste palco do MUNDO
Em que todos somos atores.
Na dança dos sonhos
Só se erguem HOMENS de sonho,           
Na lucidez da sua cegueira,
Na dureza do seu caráter,
Nas palavras do seu Evangelho.
E na corrente da limpidez da sua PALAVRA
Carregada de sabedoria                                
Levar-nos-ia na “Jangada de Pedra”
Comandada por bom timoneiro
Ao encontro da “Ilha dos Sonhos”
Onde todos os homens e mulheres
Seriam livres e “Levantados do Chão”.       
Nessa sua “Ilha desconhecida”
Em que múltiplas gentes
De todos os continentes,
Numa sinfonia multicultural,
Fariam dela a sua PÁTRIA.                         
Nela honrariam a língua que os unia
Numa dança e num canto de louvor à LIBERDADE.
Por ela derramariam o seu “sangue”,
Pela igualdade no direito e no dever.
No sonho que nele habita                              
Dessa tal “Ilha encantada«
Em que o SER dignifica
E o TER não lhe diz nada

ARFER - 2010

E o HOMEM disse:-
“ … Negar a minha Pátria é como rejeitar o meu próprio sangue…”
E o HOMEM interroga:
“ … Como é que se pode não pertencer á língua que se aprendeu,
A língua com que se comunica, neste caso a língua com que
se escreve?? …”
"Livro das Evidências" in "Todos os Nomes"

 Há na memória um rio onde navegam/ Os barcos da infância, em arcadas/ De ramos inquietos que despregam/ Sobre as águas as folhas recurvadas. / Há um bater de remos compassado/ No silêncio da lisa madrugada,/ Ondas brancas se afastam para o lado / Com o rumor da seda amarrotada. / Há um nascer do sol no sítio exacto, À hora que mais conta duma vida, / Um acordar dos olhos e do tacto, / Um ansiar de sede inextinguida. / Há um retrato de água e de quebranto/ Que do fundo rompeu desta memória,/ E tudo quanto é rio abre no canto/ Que conta do retrato a velha história.   JOSÉ SARAMAGO "POEMAS POSSÍVEIS", Editorial CAMINHO, 1981.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

LISBOA - FESTAS DA CIDADE!!!


MARCHAS DITAS POPULARES DE LISBOA … A BANDA PASSA …QUEM LEMBRA A DESGRAÇA?

 VAMOS VER SE DÁ EM GRAÇA!

 O espetáculo JUNINO, mas não genuíno, repete-se cada vez mais sofisticado. Oitenta e sete anos depois, marchantes, padrinhos, arcos e balões desfilarão (em liberdade) na AVENIDA da LIBERDADE. Segundo informação veiculada, o grande desfile, a 12 de junho, terá a seguinte alinhamento:

1ª - Marcha Infantil "A Voz do Operário"

2ª - Marcha do Bairro da Boavista

3ª - Marcha da Bica

4ª - Marcha de Marvila

5ª - Marcha de Alfama

6ª - Marcha da Baixa

7ª - Marcha de S. Vicente

8ª - Marcha da Graça

 9ª- Marcha dos Mercados 

10ª- Marcha da Mouraria

11ª - Marcha da Bela Flor-Campolide

12ª - Marcha de Carnide

13ª - Marcha do Alto do Pina

15ª - Marcha de Alcântara

16ª - Marcha da Madragoa

17ª- Marcha dos Olivais

 18ª - Marcha Santa Casa 

19ª - Marcha do Parque das Nações

20ª - Marcha do Castelo

21ª - Marcha da Penha da França

22ª - Marcha do Beato 

23ª - Marcha do Bairro Alto

24ª - Marcha da Ajuda

Destes bairros apresentados a concurso, um deles será o grande vencedor. Estes vinte bairros marcharão ( recriando as tradições imaginadas) na Av. da LIBERDADE, no dia 12 de junho, com paragem e exibição frente ao Parque Mayer / Música, dança, arcos e balões / Um espetáculo, bem encenado, a não perder.

FICA A INTERROGAÇÃO:   Este ano qual será o bairro felizardo? 

EM 2018  a grande vencedora foi a MARCHA DE ALFAMA !!!

Mas para que não falhe a memória, cá vai um pouco de história.

MARCHAS POPULARES OU INVENÇÃO       FOLCLORE CITADINO

As Festas Populares eram manifestações culturais que espelhavam a identidade de quem as produzia.

Os Arraiais eram comuns nas aldeias, vilas ou bairros da cidade e estavam associados ao SOLSTÍCIO de Verão, de origem Pagã. Era tradição queimar as coisas velhas, e daí a origem das fogueiras juninas.

Nos casos específicos dos bairros da cidade de LISBOA, as festividades populares não fogem à regra e têm, nas mais variadas representações, a sua identidade, no FADO, nas CEGADAS (representações teatrais de rua), nas rodas e cantares à volta da fogueira, 0nde, também, a simbologia do bairro estava presente.

A partir de fins do Sec. XVIII surge o culto do Santo António, que o Clero e o governo da cidade elegeram como patrono popular, passando S. Vicente a mero símbolo da cidade.

Apesar do contacto e interligação com outras culturas e outros hábitos, as “marcas” bairristas vão sendo representadas nas festas tradicionais da cidade onde o culto de Santo António prevaleceu. As marchas “ditas” populares que sucederam às marchas “Aux Flambeaux”, popularmente chamadas de “Fulambó” que percorriam as ruas do bairro e dos bairros adjacentes, em grandes filas, acompanhadas das bandas filarmónicas do bairro ou das designadas “troupes”( estas sim, as marcadamente de raiz popular).

Assim, as marchas populares, deixaram de o ser, ainda que aparentemente o sejam. A partir do Mês de Junho de 1932 passaram a ser um produto de folclore urbano, com obediência a regras e princípios, devidamente regulamentados e com a encenação adequada aos propósitos regimentais, como que um complemento da “CASA PORTUGUESA” de Raul Lino, é mais uma peça do puzle inserida no projecto de folclorização do Estado Novo Português.

É na sequência das comemorações do 28 de Maio, em 1932, que o “Notícias Ilustrado” no seu número especial sobre a efeméride, anuncia o 1º concurso das marchas. Um espetáculo capaz de mobilizar a atenção dos Lisboetas. No dia 12 de Junho de 1932 a sala do “Capitólio” enchia. Um êxito popular, segundo a imprensa da época.

O director do “Noticias Ilustrado” era, nem mais nem menos, José Leitão de Barros, também realizador de cinema, promotor cultural e muito ligado a ANTÓNIO FERRO (  “inventor” do GALO DE BARCELOS, como símbolo nacional) o responsável pela política de PROPAGANDA do Regime, criador do Secretariado da Propaganda Nacional. A “ideia-proposta” de Leitão de Barros vai no sentido de satisfazer a vontade de Campos Figueira, diretor do Parque Mayer, no sentido de criar em Junho desse ano (1932) um espetáculo capaz de mobilizar a atenção dos lisboetas, pensado, dito e feito, caiu como sopa no mel. Foram convidadas a participar as colectividades de cada bairro, sendo que a produção estaria a cargo do Parque Mayer.

A propaganda de promoção foi intensa e a mobilização popular aconteceu.

Este projecto, apresentado como que fazendo parte da tradição, era o ideal, numa altura em que bem mais importante que veicular ideias, importava, isso sim, distrair o POVO, em cumprimento da Cartilha Cultural de ANTÓNIO FERRO.

Pouco importará se as marchas que se apresentaram no palco do “Capitólio”, em 12 de Junho, foram as do Alto do Pina, de Campo de Ourique, Bairro Alto ou Alfama, o que conta foi o sucesso popular que teve e principalmente porque foi um veículo de apoio à propaganda do regime Salazarista.

O concurso das marchas populares regressou, em força, no ano de 1934, concorreram então 12 Bairros. O Município de Lisboa chamou a si a organização e integrou-as no que designou por Festas da Cidade.

Se nos últimos anos são signo dos Santos Populares,  em 1934 as marchas celebraram o 10 de Junho (como Dia da Raça); em 1940 assinalaram os Descobrimentos Portugueses; de 1941 a 1946 não desfilaram, foi o tempo da 2ª Guerra Mundial; em 1947 comemorou-se a conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques e em 1973 o tema foi o Grande Desfile Popular do Mundo Lusíada.

A cidade acabou por se apropriar das marchas como símbolo de uma identidade perdida, entre o rural (Ex. m. de Benfica) mas quanto à celebração das festas e dos santos populares constitui uma novidade, acabando até por potenciar a tradição dos arraiais e dos bailes populares.

As CEGADAS, essas, foram politicamente extintas e a representação transferida para os palcos, onde o controle da censura era mais eficaz.

Desta forma, tento fazer lembrar que as “Marchas (ditas)  Populares” foram uma encenação criada com objetivos concretos, tal como muito do folclore rural que foi criado (a partir dos anos 30) e que hoje representam um espetáculo que, conjuntamente com outros, fazem parte do programa das festas da cidade. Não são uma tradição cultural, mas um espetáculo em que através de simbologia própria manifesta o propósito de nos mostrar algo que tem ou teve ou poderá ter a ver com o Bairro que representam.


ARFER

sexta-feira, 7 de junho de 2019

TORDESILHAS - O TRATADO!!!



                       525 ANOS DEPOIS

Será que El-Rei D. João II, ao firmar o Tratado de Tordesilhas, já sabia da existência de novas terras a Ocidente e a Sul do Equador? – A norte tinha a certeza. E como prova, as idas à Terra Nova dos portugueses na demanda do Bacalhau.
O Caminho da Índia era conhecido devido às informações trazidas por Diogo Cão e pelo seu espião de serviço (007) Pero da Covilhã.
Porque terá rejeitado os serviços que lhe foram propostos por Cristóvão Colombo?


Tudo leva a crer que a substituição do Tratado de Alcáçovas  pelo Tratado de Tordesilhas , em 7 de junho de 1494 foi preparado cuidadosamente e em segredo por D. JOÃO II.

Quando,  a 09/o3/1500, Pedro Álvares Cabral partiu do estuário do Tejo, comandando uma armada (bem armada) de 13 navios com cerca de doze centenas de homens a bordo (na rota da INDIA)  e da qual faziam parte  Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho o cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira, é a confirmação de que aquele “desvio” na rota, já conhecida e navegada, não foi casual.

Devido a este facto histórico, acontecido num 7 de junho , aconteceu  um  encontro de povos que viria a dar origem à grande amplitude e importância que a língua portuguesa tem, no Mundo.

A visão de um HOMEM (D. JOÃO II) que em 13 anos de reinado (acabou envenenado) e o rei que se lhe seguiu (D. MANUEL II  o “VENTUROSO”), com a herança que lhe foi confiada,  deu continuidade a epopeia épica de um povo que habitava num rectângulo, à beira-mar plantado, no extremo ocidental da “Jangada d Pedra”, que Luís Vaz de Camões bem descreve nos “LUSÍADAS” e séculos mais tarde, Gilberto Freyre justifica o porquê de tão poucos, conseguirem dar origem a esta amplitude do português falado: - “ …a mobilidade e a miscigenação…).
E como sempre a síntesea síntese:


A Ocidente o BRASIL, a Oriente Timor.
No meio Angola, Moçambique e Guiné.
Não julguem que me esqueci de Goa, Macau e S. Tomé
E, também, de Cabo Verde, ponto de encontro no Mar.
Povos que têm em comum, o português no Falar.

ARFER

sábado, 1 de junho de 2019

DIA MUNDAL DA CRIANÇA


HOJE  !

Hoje comemora-se o dia da criança
Que não um só, que todos o sejam.
Fixo querer que guarda a esperança
De um futuro feliz, que tanto almejam.

Há meninos, sem pai nem mãe, ao abandono.
Produtos da Guerra, da Fome e da Hipocrisia.
Tratados como cães rafeiros, sem um dono,
É  a triste realidade e não mera fantasia.

Há meninos, com fome vendidos e explorados.
Meninos que nunca tiveram casa nem escola,
Que trabalham escravizados e pedem esmola.

Mas em cada menino, haverá sempre uma criança,
Que se tornará Homem “Cavaleiro da Esperança”
Um mensageiro de Amor, de Paz e LIBERDADE.

ARFER

 "MAIS 10 MANDAMENTOS QUE SE NÃO CUMPREM"

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS DAS CRIANÇAS - UNICEF

 20 de Novembro de 1959
As Crianças têm Direitos
Direito à igualdade, sem distinção de raça religião ou nacionalidade.

Princípio I

A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer exceção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição econômica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.

Princípio II

Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social.

A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.

Princípio III

Direito a um nome e a uma nacionalidade.

A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.

Princípio IV

Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe.

A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.

Princípio V

Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente.

A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre da algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.

Princípio VI

Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afeto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.

Princípio VII

Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.

A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.

O interesse superior da criança deverá ser o interesse diretor daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais.

A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito.

Princípio VIII

Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.

 A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio.

Princípio IX

Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objeto de nenhum tipo de tráfico.

Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Princípio X

Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos.

 A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.

MAS ATENÇÃO!!!

Estes direitos só passaram a documento escrito e aprovado em 1959. Em 20 de Novembro desse ano a Assembleia Geral da ONU aprova a “Declaração dos Direitos da Criança”, que a serem cumpridos, todos os meninos e meninas deste Planeta Azul, seriam felizes.

Porque a “Declaração” não bastasse para se fazer cumprir, na ONU foi, em 1989, aprovada a “Convenção sobre os Direitos da Criança”, documento com um conjunto de Leis para proteção daqueles que serão os homens e mulheres de amanhã.

ESTA CONVENÇÃO TORNOU-SE LEI INTERNACIONAL EM 1990 !!!!!

Agora saiamos do cor de rosa e tentemos saber quantas crianças estão fora desta LEI, dita Internacional.

Mas acautelem-se, porque a LEI INTERNACIONAL DA HIPOCRISIA ESTÁ EM VIGOR, COM CARÁCTER PERMANENTE

 HOJE !!

Várias "Primaveras" semeadas.

Em África e no Médio Oriente

E tantas criancinhas afogadas.

O "retrato"  triste do presente.

ARFER