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quinta-feira, 30 de julho de 2015

QUANTO TEMPO TEM O TEMPO?

 

EXACTAMENTE HÁ CINCO ANOS, NO ÚLTIMO DIA DE JULHO, PUBLIQUEI ESTAS PALAVRAS.
 
QUANTO TEMPO TEVE O TEMPO DESTES ULTIMOS QUATRO ANOS?
 
 
PENSANDO NO TEMPO

Pensando no TEMPO…
Mas que Tempo???
Que espaço, que volume,
Que distância tem o Tempo?
Alguém sabe quanto Tempo tem o Tempo?
O Tempo passa, o Tempo voa, o Tempo tarda.
Não há tempo para pensar no Tempo,
nem sentir a importância do Tempo
em cada um de nós.
Se todos temos um Tempo diferente,
e temos dele uma noção desigual.
Se na espera o tempo se prolonga
e nos bons momentos é lesto.
Se a vida é intensa o Tempo é curto.
Afinal o que é o Tempo,
Senão o parecer dos nossos sentidos.
O Tempo é uma estrada, onde a
Velocidade é variável.
É o princípio e o fim,
Onde o presente e o passado
Se confundem com o futuro.
Contudo o Tempo existe,
Tem uma dimensão uniforme e variável,
Tal qual a Identidade de cada Homem.


ARFER

quinta-feira, 9 de julho de 2015

HISTÓRIA PRENSADÍSSIMA - DO JARDIM À BEIRA-MAR PLANTADO.

COM UMA DÉCADA DE EXISTÊNCIA, PARA OS MEUS AMIGOS MELHORAREM E DESENVOLVEREM, O 2º EPISÓDIO (1910/2015) SERÁ PUBLICADOS EM DATA PRÓXIMA.
 

História Prensadíssima / Monarquia

 Quando ainda esta terra não tinha nome, andaram por cá homens sem identidade, nos tempos do Acheulense (período pré-histórico do paleolítico superior), cujo traje seriam as peles de animais e as suas armas e ferramentas feitas de pedra, que deixaram vestígios da sua existência em gravuras rupestres gravadas nas rochas e nas pedras por eles trabalhadas. Foi a pré-história de um país ainda não definido.

Muito mais tarde, milhares de anos depois, os Iberos (oriundos da região mediterrânica), os Ligures (vindos da Córsega) e mais tarde os Celtas –povo guerreiro e violento, que da região dos Alpes chegaram até cá. Fundiram-se os povos, cruzamento a cruzamento, foi o tempo dos Celtiberos.

Fenícios, Gregos e Cartagineses por cá passaram e estiveram uns bons tempos, impondo a sua presença principalmente na região litoral, até que chegaram os Romanos à península e encontraram feroz resistência dos indígenas , chamados , então, de Lusitanos* , tal como tinha acontecido com os Fenícios e Cartagineses.

Porem o poderoso Império Romano não desistiu dos seus intentos, estava na fase expansionista, e instalou a sua base para a conquista  nas colinas da margem norte do nobre estuário, que os Fenícios tinham dado o nome de “Allis Ubo” (enseada amena).

Apesar do grande chefe Lusitano Viriato ter sido assassinado, segundo dizem, por um traidor a soldo dos Romanos, Sertório (um general romano desertor) tomou o seu lugar e enfrentou e venceu os romanos , fixou residência em Évora (Liberalitas Júlia), que mandou fortificar, lá estabeleceu a sua residência e organizou a Lusitânia à maneira Romana.

O Romanos não desistiram e após oito décadas e muitas batalhas, ganharam  a guerra e consolidaram, definitivamente, a conquista da Península (59 AC). Fixaram a capital em “Emérita Augusta” (Mérida) e como segunda cidade Olisipo “Felicitas Júlia”, aquela que tinha sido a base principal para o ataque final à Lusitânia, e  a cujos habitantes deram direito de cidadania e durante cerca de 450 anos assim continuaram.

Com a queda do Império Romano do ocidente, vieram as invasões (chamadas) bárbaras e assim a partir se 409 DC e até 453 DC Alanos, Vândalos por cá andaram. Os SUEVOS fixaram-se e governaram um território (com 20 léguas de largo) que ia da margem norte do ria que se chamaria TEJO até à FINISTERRA, o extremo norte do que é hoje a GALIZA. Porém em 453DC chegaram os Visigodos comandados pelo Rei Leovigildo e fixaram-se por cá durante 3 séculos (absorveram o reino Suevo). Decidiram que a “Bracara Augusta” (dos Romanos) seria a capital do reino e seriam eles, visigodos, que adubaram as raízes da cristandade na península.

 
* Lusitânia – região com fronteiras mal definidas mas que na qual se encontra este pequeno espaço

que se chama hoje Portugal, cujo nome se pensa ter origem num chefe lendário chamado LUSO.

Em 711DC chegaram os Árabes, invadiram a península, que passados oito anos estava quase toda conquistada, excepto as franjas a norte, região montanhosa, onde os peninsulares resistiram e formaram vários reinos (Leão, Astúrias, Navarra, Aragão….) . Durante 430 anos, mais coisa menos coisa, vivemos sob a égide muçulmana, apesar das constantes incursões (avanços e recuos) dos cristãos do norte. Com os muçulmanos, povo mais culto e sábio, conhecedor da ciência e das artes, muito aprenderam os peninsulares.

Passados esses 4 séculos de conquistas e reconquistas começou a despontar um “fruto”que inicialmente se chamou condado Portucalense, nome derivado de Portucale (localidade a norte da foz do Douro) e foi assim:- Para combater os Mouros, D. Afonso VI , rei de Leão, pediu ajuda, através da Ordem Benedictina, a uns cavaleiros gauleses dos quais, dois se destacaram e que,  devido aos seus feitos em peleja, foram “premiados”. Assim a D. Raimundo e D. Henrique (os tais dois) ambos de Borgonha, foram dadas em casamento as filhas, do que seria avô do primeiro rei deste canto à beira mar plantado, que se chamaria Portugal e que é hoje a nação mais antiga do Mundo, com fronteiras definidas (há 766 anos).

Assim D. Raimundo casou com Dona Urraca (a filha legítima) e D. Henrique “o Borgonhês” casou com Dona Teresa (filha bastarda) e ainda, no que ao caso interessa, ao 2º casal foi ofertado como prenda de casamento o Condado Portucalense, região limitada entre os rios Douro e Minho, a sul estavam os Mouros.

Nasceria, algum tempo depois, um rebento que se chamaria Afonso (tal como o avô) que na puberdade foi entregue aos cuidados de uma família abastada (família Mendes) e teve como Aio um tal Egas Moniz, que o educou e protegeu. Porem Dona Teresa sua “santa” mãe influenciada por um fidalgo galego – Fernão Peres de Trava – antes e depois da morte do “Borgonhês”, estava a levar o condado à perda da independência, pelo que D. Afonso (o infante) decidiu, pôr a mãe fora de casa e, como único herdeiro, tomar as rédeas do condado. Assim resolveu em 1128, nos arredores de Guimarães, colocar a mãe em seu sítio e deu-se a batalha de S. Mamede, o que irritou o avô. Para evitar desacatos o Aio e fiel servidor do infante, pessoa respeitável e influente, acalmou D. Afonso VI rei de Leão e D. Afonso Henriques (por ser filho de Henrique) decidiu auto-denominar-se Rei de Portugal. Apesar de algumas negativas da Santa Sé e algumas escaramuças com o avô, lá conseguiu a sua “legalização”. Seria o “Conquistador” e, como tal, decidiu avançar para sul, com ajudas aqui e ali, ora de cruzados (Lisboa) ora da populaça (Évora). Lá foi atingindo os seus objectivos. Dando umas benesses, por exemplo: a região de Tomar aos “Templários”, a de Alcobaça aos monges de Cister, Évora a Giraldo(o SEM PAVOR)…etc., lá foi alargando o território e consolidando a independência, que só foi atingida na sua globalidade, com as fronteiras que hoje temos, quatro reinados depois por D. Afonso III em 1249.

Até à definição das fronteiras do país que hoje somos foi preciso mais de um Século para lá chegar e o tempo de cinco reinados:- D. Afonso I, D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II e finalmente D. Afonso III, o que decidiu,  também, fixar a capital  do reino em  Lix Bona.

O reino entrou em fase de paz, à parte de pequenas escaramuças, e dedicou-se às questões políticas, económicas e sociais. D. Dinis foi feito rei e tomou decisões evoluídas para o seu tempo, consagrou-se à área do saber e criou uma Universidade em Lix Bona que seria transferida para Coimbra (cidade de mais sossego e no centro do reino), isto em 1308. Foi protector da agricultura, daí o cognome de “Lavrador”, e mandou plantar o pinhal de Leiria tendo em vista suster o avanço das areias da orla marítima. Mais tarde a madeira desses pinheiros foi um valor acrescentado e deu grande contributo para a construção naval (não havia eucaliptos, que só um pouco mais de 2 séculos chegariam à Europa).

Rebaptizou os “Templários” em “Ordem de Cristo”e colocou-os no seu lugar.

Teve como digna e virtuosa esposa a senhora do “milagre das rosas”. A rainha Santa Isabel.

Sucedeu-lhe o filho D. Afonso IV “o Bravo” que casou com Dona Beatriz de Castela e teve 7 filhos. Dotado de um carácter irascível e violento ocasionando confrontações com vários familiares. Declarou guerra a Castela até que ter que se unir com esta para combater os Mouros (batalha do Salado).

O que o torna mais conhecido, nas estórias da história foi o facto de ter mandado matar, Dona Inês de Castro, dama de companhia da princesa (Dona Constança de Castela) que tinha sido indigitada para esposa do filho varão D. Pedro, o que viria a ser o justiceiro.  A culpa de Inês foi, tão somente, a de ser bela e formosa e essa beleza conquistou D. Pedro. D. Afonso achando perigosa essa relação, e  a influência que ela e sua família exerciam sobre o herdeiro do trono e a antipatia gerada em torno desse amor que viria a ser causa nacional, mandou-a matar por degolação (diz-se que o local do acto foi a fonte dos Amores em Coimbra).  Dona Constança adoeceu de desgosto e acabou por morrer no parto do terceiro filho.

No entanto, D. Afonso IV à parte do seu carácter violento, tomou medidas acertadas durante o seu reinado em áreas como a justiça, a cultura, agricultura, saúde, comércio e navegação.

D. Pedro I sucede ao pai, e como primeira medida manda matar os algozes de Inês a sua amada (daí o cognome de “Justiceiro), com quem, declarou ter casado secretamente e que desse amor teria nascido um filho bastardo.

Devido ao facto de ter introduzido como lei o beneplácito régio pelo qual todas as bulas da Santa Sé careciam de visto real, o que lhe veio a garantir a inimizade do clero.

Os restos mortais de Pedro e Inês estão, em dois dos mais belos túmulos já vistos, no mosteiro de Alcobaça.

Sucede-lhe D. Fernando “o Formoso” que viria a casar com Dona Leonor Teles e da qual tiveram uma filha (Dona Beatriz, que viria a casar com o rei de Castela).

Entretanto, para além da lei das sesmarias decidiu aliançar-se com Eduardo III de Inglaterra, aliança Luso-Inglesa, que mais tarde viria a servir o interesse destes.

Morto D. Fernando, Leonor Teles tornou-se a regente do reino e a filha (Dona Beatriz) casada com o rei de Castela viria a reclamar o trono (aliás as mulheres foram a causa principal dos grandes conflitos entre Portugal e Castela). Perante a hipótese de perda da independência, o povo de Lisboa elegeu se Rei D. João I, Mestre de Aviz, filho bastardo de El rei D. Pedro ao qual se aliaria outro jovem , ele também filho bastardo do Prior do Crato , D. Nuno Alvares Pereira (que mais tarde com as grandes comendas recebidas, tornaria a Casa de Bragança a mais poderosa, deste canto à beira-mar plantado.  

Depois da “eleição” popular em Lisboa, da morte do conde de Andeiro amigo “influente” da regente Dona Leonor Teles e da entrega, por ordem desta, da alcáçova (castelo de S. Jorge) ao infante D. João (O eleito pelo povão), os castelhanos cercaram Lisboa, mas retiraram vencidos pela resistência e derrotados pela peste. Mais tarde em 1385 nas Côrtes reunidas em Coimbra, João das Regras fez a proclamação, legitimando o eleito e declarando D. João I rei de Portugal.

O rei de Castela não gostou da decisão e invadiu Portugal com um poderoso exército e mais uma vez o azar bateu à porta das hostes castelhanas. Para além da estória lendária da padeira que matou sete castelhanos à pazada, o seu poderoso exército foi amplamente derrotado na Batalha de Aljubarrota*, pelas tropas lusas comandadas pelo condestável do reino D. Nuno Alvares Pereira. Outras pequenas batalhas se sucederam, mas lá se deram por vencidos definitivamente. Voltaram à carga, como veremos mais tarde (1580) e sempre por via das ligações conjugais.

Iniciou-se uma nova etapa (2ª Dinastia) com o reinado de D. João I, firmaram-se as raízes da expansão portuguesa que acabariam por chegar a todos os cantos do Mundo (conhecido e desconhecido). Primeiro as campanhas contra os mouros do norte de Africa, que de quando em vez atacavam e pirateavam as costas do Algarve. A primeira grande campanha foi a conquista de Ceuta, comandada pelo próprio rei, onde armou cavaleiros os seu filhos Duarte, Pedro e Henrique o que viria a ser o “pai” dos Descobrimentos.

Então deu-se início a um dos mais extraordinários feitos da história da humanidade, Portugal liderou a descoberta do Mundo desconhecido até então.

Depois de Ceuta, D. Henrique fundou a Escola de Sagres, centro de estudos navais, rodeando-se dos melhores geógrafos, matemáticos e cartógrafos daquela época. Estudaram novos modelos de embarcações, adequadas a grandes viagens, das quais a Caravela e a Nau foram os expoentes para a época e as lendas do mar invencível esfumaram-se.

 * O mosteiro da Batalha foi mandado construir em honra dessa vitória.

D. João o primeiro morreu e um dos seus filhos,  D. Duarte, subiu ao trono, a epopeia marítima continuou. Seguiram-se-lhe D. Afonso V “o Africano”que também seguiu pelo mesmo caminho e as descobertas ao longo da costa africana foram sucedendo, os ventos e as correntes do Atlântico foram sendo familiares.

Sucede-lhe D. João II “Príncipe Perfeito” que seguindo a mesma directiva, lhe dá a maior dimensão histórica, Portugal tornar-se-á o centro do Mundo e Lisboa sua porta. Estabelecem-se feitorias ao longo da costa africana. O forte de Mina é construído como base militar de apoio, Diogo Cão chega à foz do Zaire e conhece a costa ocidental de Angola, de seguida Bartolomeu Dias a mando de El Rei D. João II , vence o “Adamastor” e dobra o Cabo das Tormentas, baptizado de Cabo da Boa Esperança. Estava descoberta a passagem do Atlântico para o Indico e à vista o caminho marítimo para a Índia.

D. João II, também, já conhecedor do continente americano e da geografia do Atlântico rejeita os serviços de Colombo, casado com a filha de Bartolomeu Perestrêlo e no Tratado de Tordesilhas, manda Duarte Pacheco Pereira em sua representação negociar o afastamento da Linha divisória (traçado em Alcáçovas) para mais 270 milhas marítimas a ocidente, razão porque “acidentalmente” Alvares Cabral de desviou da rota e foi dar a Porto Seguro, fazendo com que hoje mais de 150 milhões de pessoas falem português.

D. João II acolheu os Judeus expulsos de Espanha e deu-lhes protecção a troco de um tributo, destacou-se Abraão Zacuto seu colaborador como astrónomo, médico e matemático, enfrentou a Igreja retrógrada e fundamentalista e também, como é natural e devido ao seu carácter, a nobreza caduca (anti progresso). Nomeia corregedores e faz justiça. D. Fernando duque de Bragança que comandava os ideais dessa nobreza é decapitado na Praça do Giraldo em Évora, após julgamento no Palácio das 5 quinas. Tendo em vista a grandeza de Portugal, semeou muitos inimigos.

Ao fim de 13 anos de reinado o visionário, diplomata, guerreiro, homem alto e forte fisicamente morre a vomitar sangue em Alvor (diz-se que envenenado, a mando da raínha) e tendo o seu filho Afonso morrido também, por queda de cavalo, não tinha sucessor.

Sobe ao trono o seu primo D. Manuel “o Venturoso”(pudera, com uma herança daquele calibre) que no Verão de 1497 envia uma pequena frota de 4 navios, comandada por Vasco da Gama (homem de confiança de D. João II) a caminho da Índia, que dez meses depois de grandes privações lá chegará a Calecute. Por sua vez Pedro Alvares Cabral em 1500 chega ao Brasil, fruto do acto político de D. João II que já conhecia a existência daquelas terras (secretamente), as fez pertencer à coroa portuguesa.

O domínio da rota da Índia abalou a supremacia árabe, o império Turco e Veneza, que até aí dominavam as rotas comerciais com o Oriente.

Lisboa tornou-se a “Porta do Mundo” e a enseada amena “Allis Ubo” enchia-se de velas e levava o nome de Portugal a Toda a parte.

Ao palco do Tejo chegam naus das mais variadas bandeiras, é o encontro com o Mundo conhecido e desconhecido. Da aventura e do sonho nasce a realidade. Os novos conhecimentos promovem o desenvolvimento das ciências e das artes, de que a construção do Mosteiro dos Jerónimos, iniciada em 1500 é disso exemplo (nasce o estilo Manuelino) e na pintura o políptico de S. Vicente de Nuno Gonçalves é também símbolo marcante dessa época.

Morre D. Manuel e vem D. João III e com ele o principio da “queda”. Estava-se em “Tempo de Reforma” e em vez de Lutero ou próximos, instala-se por cá a Inquisição. Os Judeus e não crentes da Igreja de Roma são expulsos, postos em fuga ou simplesmente na clandestinidade e os que o não conseguem são queimados vivos e os seus bens tornam-se pertença da Santa Sé. O primeiro Auto de Fé (macro churrasco) dá-se na Ribeira Velha (onde hoje se situa a Casa dos Bicos). Por outro lado a Companhia de Jesus, do dito santo  Inácio de Loyola, cresce em influência.

D. João III abandonou umas e reforçou outras (praças fortes da rota da Índia), incrementou o povoamento do Brasil, mas o seu reinado foi o principio do declínio do Império.

Morre D. João III e vem D. Sebastião “o Desejado”, ainda uma criança que sendo facilmente manipulável foi enviado para a morte em Alcácer Quibir, quem sabe se a mando da côrte espanhola e da nobreza lusa que lhe era afecta.

Sem sucessor o Cardeal D. Henrique, já de longa idade, toma a regência do reino do “Desejado”, entretanto desaparecido e configurou-se o já previsto….o “Assalto”de Felipe II de Espanha ao trono português.

Apesar da resistência de alguns portugueses comandados por António Prior do Crato que enfrentaram o poder de parte da nobreza portuguesa e do Rei de Espanha, a derrota definitiva aconteceu na batalha de Alcântara, perante um grande exercito espanhol comandado pelo Duque de Alba.

Em 1580 iniciava-se a era dos Filipes e foram três. Portugal perde a independência, as terras de Além-Mar e o poderio naval que era seu, mas que a expensas de Espanha se perdeu por afundamento, incluído na dita “Armada Invencível”. Holandeses e Ingleses passaram a dominar os mares e com isso as rotas comerciais.

O Sebastianismo não bastava para alimentar o ego dos portugueses e durante sessenta anos fomos território espanhol e súbditos de Suas Majestades os Reis de Espanha. Porem a identidade não se perdeu e no dia 1 de Dezembro de 1640 tocou-se a rebate. A Regente do reino, duquesa de Mântua, foi expulsa e o seu secretário (ministro) atirado como lixo, da Janela para a rua.

Nascia uma nova dinastia, a Casa de Bragança obtia o que nunca tinha conseguido. O Poder. O eleito foi D. João IV e deu-se início à reconquista das terras e dos bens perdidos.

Após algumas batalhas e trabalho diplomático, Espanha desistiu dos seus intentos, incapaz de vencer a resistência de um povo que queria ser ele próprio e da pressão sentida nos mares por Holandeses e Ingleses.

Reconquista-se o Brasil, Angola (com o apoio dos indígenas) e tudo o que ainda foi possível. Posteriormente, em 1661, a Inglaterra com base na Aliança firmada em 1373, compromete-se a ajudar na defesa militar de Portugal, tendo em vista o seu inimigo principal e concorrencial, a Espanha.

Em 1706 sobe ao trono D. João V, uma espécie de rei sol, em plena época do Barroco, que com os quintos do ouro do Brasil e de tudo o mais que vinha das colónias, para além de ofertar riquezas imensas à Santa Sé em embaixadas luxuosas (ver alguns dos carros sumptuosos que estão no Museu dos Coches), ainda mandou executar grandes obras no reino, tais como: o Aqueduto das Aguas Livres, Convento de Mafra (e os célebres carrilhões), a Igreja de S. Roque e a Biblioteca da Universidade de Coimbra e outras.

E ainda em defesa do Papado, enviou poderosa Armada que venceu os Turcos na batalha de Matapan pelo que o Papa Clemente XI, lhe ficou muito grato (aliás a forte ligação entre a casa de Bragança e o papado sempre foi muito íntima, o Marquês de Pombal que testemunhe).

Morre D. João V e vem D. José I com o super ministro Sebastião José de Carvalho e Melo que de grande embaixador passa a dirigir os destinos do país. Portugal volta de novo a crescer e nem o Terramoto de 1755 foi impedimento para que tal acontecesse. A frase “enterrem os mortos e tratem dos vivos” dá disso conta, é o ponto de partida para a reconstrução e o desenvolvimento do País. Renasce dos escombros uma Lisboa nova, de traçado rectilíneo, praças amplas e ruas largas.

Nesta governação protege-se e apoia-se o desenvolvimento da indústria e do comércio, demarcam-se as regiões vinícolas, trabalha-se tendo em vista o progresso e o futuro. Porem, tal qual D. João II, resolve o Marquês, para bem do colectivo, combater a nobreza arcaica e caduca e os seus direitos e poderes ilegítimos, bem como a Companhia de Jesus (mais uma vez) que estava do lado destes e, mais ainda, servia no Brasil os interesses de Espanha. Assim cria um lote de poderosos inimigos que se aproveita da morte do Rei D. José e com a ascensão de sua filha Dona Maria I promovem a sua condenação ao exílio.

Não sei se por castigo ou devido às pressões internas ou externas, a Rainha acaba por enlouquecer e sucede-lhe D. João VI, primeiro como regente, que não sendo já de si um rei muito competente, ainda teve o azar de Napoleão decidir invadir Portugal e assim a família real e côrte em peso, embarcam e refugiam-se no Brasil, decisão que viria ser acertada, tendo em vista o futuro.

Durante alguns anos, com mais combate e mais batalha os franceses batem em retirada, depois do General Massena, o preferido de Napoleão, ter sido derrotado e as suas tropas postas em debandada. No entanto o saque havido foi tal, que deixou o país mais pobre.

D. João VI regressa do Brasil e fica lá o filho D. Pedro, rastilho para que a grande colónia se viesse a tornar independente. D. Pedro seria o primeiro Imperador desse novo e grande país de língua portuguesa (1821).

Em Portugal a situação estava difícil, D. João VI devido ao facto de não ser muito competente assim o permitia e os desejosos do Absolutismo promovem e apoiam uma revolta comandada por D. Miguel (seu filho), que inicialmente tem sucesso, mas não obtém finalização e D. João VI ordena o exílio de seu filho em Viena. Porém com a morte de do rei o problema da sucessão coloca-se e D. Miguel volta à carga, já que o herdeiro legítimo era o Imperador do Brasil.

D. Miguel é eleito rei, pela nobreza que procura reaver o seu poder e pelo clero conservador, porém D. Pedro que era um Liberal, renuncia à condição de Imperador do Brasil e decide reclamar a coroa portuguesa que era sua por direito. Desembarca na Ilha Terceira (1832), organiza as suas tropas, segue para o Porto e daí se inicia o caminho da vitória. Em 1834 na convenção de Évora Monte a vitória é assinalada. Reclama o trono para a sua filha Dona Maria e morre pouco tempo depois, tuberculoso.

Dona Maria II, sobe ao trono muito nova, assiste-se a algumas revoltas e convulsões, sanadas com a reforma da Carta Constitucional de 1852. Casada com um príncipe alemão – D. Fernando de Sax Coburgo -, homem culto e inteligente (e como na sombra de uma grande mulher está um grande homem) governou com grande saber e o seu reinado não sendo  pacífico foi inteligente de rigor e equilíbrio,  apoiaram-se as artes, “nasceu” a Casa Pia, a Santa Casa da Misericórdia e manda construir o Palácio da Pena, em Sintra, que seria a residência de Verão da família real. Morreu no parto do seu 11º filho.

Dona Maria morre e sucede-lhe D. Pedro V (seu filho) ainda novo, mas espantosamente culto, inteligente e generoso. O seu reinado foi curto, (6 anos apenas) ainda assim pelas reformas efectuadas, de grande interesse para o povo, era um rei amado. Acompanhou nos hospitais e nas ruas as vítimas das epidemias de cólera e febre amarela (1855 e 1857), custeou a criação do Curso Superior de Letras, do primeiro Observatório Astronómico, o Caminho de Ferro, adoptou o sistema métrico, a construção de novas estradas. Morreu em 1861, um ano depois de Sua mulher a Rainha dona Estefânia.

Sucede-lhe o irmão D. Luís também virtuoso e de grande formação cultural e cientifica, pretendia dar seguimento à linha política de seu irmão, porém no seu reinado, que foi longo, enfrentou graves crises económicas, mas apesar disso ampliaram-se as rede ferroviária e viária, iniciaram-se as obras nos portos de Lisboa e de Leixões.

Aboliu em definitivo e intentou dar às colónias de Africa um maior desenvolvimento. Morre em 1889 e D. Carlos I subiu ao trono numa época em que as ideias republicanas germinavam e emergiam.

O reinado de D. Carlos (também um rei culto) sofre um rude golpe em 1890, a humilhação imposta pelo “Ultimatum” inglês (negando o acordado na conferencia de Berlim e “rasgando o Mapa Cor de Rosa, que definia as fronteiras coloniais) que exigia por parte de Portugal o abandono de parte das suas colónias, provocou indignação e revolta. A “Portuguesa*” cantou-se nas ruas, e em 1891 a revolta do 31 de Janeiro deu em banho de sangue, nem a tentativa de ditadura imposta pelo seu poderoso ministro João Franco salvou a monarquia.

No dia 1 de Fevereiro de 1908, vindo de Vila Viçosa, D. Carlos e o seu filho D. Filipe são abatidos a tiro no Terreiro do Paço, escapando a Rainha Dona Amélia e o seu filho mais novo D. Manuel II, que sucederia ao pai, mas por pouco tempo. Os partidos Regenerador e Progressista não se entendiam, os Republicanos minavam a Monarquia, a ditadura de João Franco tentava impor-se, o Parlamento não funcionava. A tentativa de reformas sociais não chegou, os Republicanos ganharam força e em 5 de Outubro de 1910 era implantada a República. A família real abandonou o país, em fuga, e embarcou na Ericeira, rumo a Inglaterra. O rei D. Manuel II, não mais voltou, enquanto vivo(ª), a Portugal.

 
ARFER 28.04.2005

PRÓXIMO EPISÓDIO “A REPÚBLICA” …1910/2015