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quarta-feira, 13 de junho de 2012

TRADICIONAIS ? MARCHAS POPULARES


MARCHAS DITAS POPULARES DE LISBOA … A BANDA PASSA …QUEM LEMBRA A DESGRAÇA?
Q espetáculo JUNINO, mas não genuíno, repete-se cada vez mais sofisticado. Oitenta anos depois, marchantes, padrinhos, arcos e balões desfilaram na avenida da LIBERDADE. Foram dezoito os bairros apresentados a concurso, desta vez a marcha do Alto do Pina foi a vencedora, parabéns.
Dezoito bairros marcharam / recriaram tradições imaginadas / Em frente ao Parque Mayer / Música, dança, arcos e balões / Um espetáculo a não perder.
E porque, gente coisa é outra fina / o prémio coube ao Alto do Pina. Para que não falhe a memória / cá vai um pouco de história.
 MARCHAS POPULARES OU INVENÇÃO DO FOLCLORE CITADINO
As Festas Populares eram manifestações culturais que espelhavam a identidade de quem as produzia.
Os Arraiais eram comuns nas aldeias, vilas ou bairros da cidade, estavam associados ao SOLSTÍCIO de Verão, de origem Pagã. Era tradição queimar as coisas velhas, e daí a origem das fogueiras juninas.
Nos casos específicos dos bairros da cidade de LISBOA, as festividades populares não fogem à regra e têm, nas mais variadas representações, a sua identidade, no FADO, nas CEGADAS (representações teatrais de rua), nas rodas e cantares à volta da fogueira, 0nde, também, a simbologia do bairro estava presente.
A partir de fins do Sec. XVIII surge o culto do Santo António, que o Clero e o governo da cidade elegeram como patrono popular, passando S. Vicente a mero símbolo da cidade.
Apesar do contacto e interligação com outras culturas e outros hábitos, as “marcas” bairristas vão sendo representadas nas festas tradicionais da cidade onde o culto de Santo António prevaleceu. As marchas “ditas”populares que sucederam às marchas “Aux Flambeaux”, popularmente chamadas de “Fulambó”que percorriam as ruas do bairro e dos bairros adjacentes, em grandes filas, acompanhadas das bandas filarmónicas do bairro ou das designadas “troupes”( estas sim, as marcadamente de raiz popular).
Assim, as marchas populares, deixaram de o ser, ainda que aparentemente o sejam. A partir do Mês de Junho de 1932 passaram a ser um produto de folclore urbano, com obediência a regras e princípios, devidamente regulamentados e com a encenação adequada aos propósitos regimentais, como que um complemento da “CASA PORTUGUESA” de Raul Lino, é mais uma peça do puzle inserida no projecto de folclorização do Estado Novo Português.
É na sequência das comemorações do 28 de Maio, em 1932, que o “Notícias Ilustrado”no seu número especial sobre a efeméride, anuncia o 1º concurso das marchas. Um espectáculo capaz de mobilizar a atenção dos Lisboetas. No dia 12 de Junho de 1932 a sala do “Capitólio”enchia. Um êxito popular, segundo a imprensa da época.
O director do “Noticias Ilustrado”era, nem mais nem menos, José Leitão de Barros, também realizador de cinema, promotor cultural e muito ligado a ANTÓNIO FERRO o responsável pela política de PROPAGANDA do Regime, criador do Secretariado da Propaganda Nacional. A “ideia-proposta”de Leitão de Barros vai no sentido de satisfazer a vontade de Campos Figueira, director do Parque Mayer, no sentido de criar em Junho desse ano (1932) um espectáculo capaz de mobilizar a atenção dos lisboetas, pensado, dito e feito, caiu como sopa no mel. Foram convidadas a participar as colectividades de cada bairro, sendo que a produção estaria a cargo do Parque Mayer .
A propaganda de promoção foi intensa e a mobilização popular aconteceu.
Este projecto, apresentado como que fazendo parte da tradição, era o ideal, numa altura em que bem mais importante que veicular ideias, importava, isso sim, distrair o POVO, em cumprimento da Cartilha Cultural de ANTÓNIO FERRO.
Pouco importará se as marchas que se apresentaram no palco do “Capitólio”, em 12 de Junho, foram as do Alto do Pina, de Campo de Ourique, Bairro Alto ou Alfama, o que conta foi o sucesso popular que teve e principalmente porque foi um veículo de apoio à propaganda do regime Salazarista.
O concurso das marchas populares regressou, em força, no ano de 1934, concorreram então 12 Bairros. O Município de Lisboa chamou a si a organização e integrou-as no que designou por Festas da Cidade.
Se em 1934 as marchas celebraram o 10 de Junho (como Dia da Raça); em 1940 assinalaram os Descobrimentos Portugueses; de 1941 a 1946 não desfilaram, foi o tempo da 2ª Guerra Mundial; em 1947 comemorou-se a conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques e em 1973 o tema foi o Grande Desfile Popular do Mundo Lusíada.
A cidade acabou por se apropriar das marchas como símbolo de uma identidade perdida, entre o rural (Ex. m. de Benfica) mas quanto à celebração das festas e dos santos populares constitui uma novidade, acabando até por potenciar a tradição dos arraiais e dos bailes populares.
As CEGADAS, essas, foram politicamente extintas e a representação transferida para os palcos, onde o controle da censura era mais eficaz.
Desta forma, tento fazer lembrar que as “Marchas (ditas) Populares”foram uma encenação criada com objectivos concretos, tal como muito do folclore rural que foi criado (a partir dos anos 30) e que hoje representam um espectáculo que, conjuntamente com outros, fazem parte do programa das festas da cidade. Não são uma tradição cultural, mas um espectáculo em que através de simbologia própria manifesta o propósito de nos mostrar algo que tem ou teve a ver com o Bairro que representam.

ARFER 2002

11 comentários:

  1. Querido amigo, sempre que os políticos tentam tirar o foco de um problema eles arrumam algo para que o povo fique feliz, aqui no Brasil é a mesma coisa, toda a sujeira é varrida para baixo do tapete. Tenha um lindo final de semana. Beijocas

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    1. .. É lembrar a "Banda" do Chico Buarque .... "..depois que a banda passou ...".
      Um abraço fraterno

      Muita felicidade, saude e bom fim de semana.

      ARFER

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  2. Gosto das Marchas Populares (com tradição ou sem ela...) que mostram um espectáculo bonito, cheio de cor e lembram, quanto mais ao seja pelo nome, os bairros típicos de Lisboa. A par delas, as cegadas podiam ter continuado...
    É como no Porto...as rusgas estão a desaparecer, o martelo veio substituir o alho porro que eu achava muito mais original( apesar do cheiro) e as Fontainhas tão popularizadas desde sempre, foram quase substituídas pelo largo do Cubo, na Ribeira.
    Mas devo confessar que gosto muito mais do São João do Porto. Ainda mantém um lado genuíno!
    Agora meu Amigo, é capaz de me explicar o sentido daquele grupo dos Emirados que nunca mais saíam da Avenida? Foi para lembrar as nossas conquistas???
    Gostei da vitória do Alto Pina.
    Obrigada por nos contar a história das marchas populares de Lisboa.
    Um abraço e bom fds.
    Graça

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    1. Talvez, porque os EMIRATOS que financiam tanta coisa, revoluções, clubes de futebol etc ... tenham comparticipado nos gastos havidos. Suponho ...mas vou tentar saber ....
      Um abraço fraterno pelo carinho que me tem dispensado --

      Bom fim de semana

      ARFER

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  3. Informações valiosas de uma cultura .

    Bom conhecer um pouco do folclore português .

    Abraço grande , querido !

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  4. Me has emocionado
    El 13 de junio, día festivo en Lisboa, significa la fiesta de la ciudad que celebra a San Antonio de una forma particularmente intensa. Una mezcla de manifestaciones de carácter religioso y profano sirven para demostrar la relación especial que el santo establece con los lisboeta.
    Las fiestas de San Antonio en Lisboa constituyen un momento importante en la vida de la ciudad según e leído y eso es muy especial que todo contribuya a que esa bella tradición no se pierda

    Feliz día

    http://nsa29.casimages.com/img/2012/06/09/120609125020187312.jpg

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  5. Esta muy bueno todo esto..Un placer inmenso conocerte, Saludos desde Puerto Rico.

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  6. As Marchas Populares deixam sempre um rastro por aonde passam de poesia e saudade.Muito bom tomar ciencia sobre elas.Obrigada por esta aula cultural.

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  7. Muy bello blog y muy interesante las marchas populares. Me encantó visitarte. Te sigo. Un abrazo.

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  8. Bela postagem!

    Amigo, o Coral Brasília estará em Lisboa e adoraria contar com seu prestígio. Faço parte deste Coro! Beijos

    Concerto Centro Cultural de Cascais
    Data: 28 de julho de 2012 - Sábado
    Horário: 21h
    Local: Auditório do Centro Cultural de Cascais

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  9. Hola
    Que tengas un feliz día

    También decirte que no se que pasa pero tengo problemas para ver algunos de los blogs, incluido el mío que lo mismo lo veo que no, abecés me faltan cosas en la entrada es un lío

    Un abrazo

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