COM UMA DÉCADA DE EXISTÊNCIA, PARA OS MEUS AMIGOS MELHORAREM E DESENVOLVEREM, O 2º EPISÓDIO (1910/2015) SERÁ PUBLICADOS EM DATA PRÓXIMA.
História Prensadíssima
/ Monarquia
Muito mais tarde, milhares de
anos depois, os Iberos (oriundos da região mediterrânica), os Ligures (vindos
da Córsega) e mais tarde os Celtas –povo guerreiro e violento, que da região
dos Alpes chegaram até cá. Fundiram-se os povos, cruzamento a cruzamento, foi o
tempo dos Celtiberos.
Fenícios, Gregos e Cartagineses
por cá passaram e estiveram uns bons tempos, impondo a sua presença
principalmente na região litoral, até que chegaram os Romanos à península e
encontraram feroz resistência dos indígenas , chamados , então, de Lusitanos* ,
tal como tinha acontecido com os Fenícios e Cartagineses.
Porem o poderoso Império Romano
não desistiu dos seus intentos, estava na fase expansionista, e instalou a sua
base para a conquista nas colinas da
margem norte do nobre estuário, que os Fenícios tinham dado o nome de “Allis
Ubo” (enseada amena).
Apesar do grande chefe Lusitano
Viriato ter sido assassinado, segundo dizem, por um traidor a soldo dos
Romanos, Sertório (um general romano desertor) tomou o seu lugar e enfrentou e
venceu os romanos , fixou residência em Évora (Liberalitas Júlia), que mandou
fortificar, lá estabeleceu a sua residência e organizou a Lusitânia à maneira
Romana.
O Romanos não desistiram e após
oito décadas e muitas batalhas, ganharam
a guerra e consolidaram, definitivamente, a conquista da Península (59
AC). Fixaram a capital em “Emérita Augusta” (Mérida) e como segunda cidade
Olisipo “Felicitas Júlia”, aquela que tinha sido a base principal para o ataque
final à Lusitânia, e a cujos habitantes
deram direito de cidadania e durante cerca de 450 anos assim continuaram.
Com a queda do Império Romano
do ocidente, vieram as invasões (chamadas) bárbaras e assim a partir se 409 DC
e até 453 DC Alanos, Vândalos por cá andaram. Os SUEVOS fixaram-se e governaram
um território (com 20 léguas de largo) que ia da margem norte do ria que se
chamaria TEJO até à FINISTERRA, o extremo norte do que é hoje a GALIZA. Porém
em 453DC chegaram os Visigodos comandados pelo Rei Leovigildo e fixaram-se por
cá durante 3 séculos (absorveram o reino Suevo). Decidiram que a “Bracara Augusta”
(dos Romanos) seria a capital do reino e seriam eles, visigodos, que adubaram as
raízes da cristandade na península.
que se chama hoje Portugal,
cujo nome se pensa ter origem num chefe lendário chamado LUSO.
Em 711DC chegaram os Árabes,
invadiram a península, que passados oito anos estava quase toda conquistada,
excepto as franjas a norte, região montanhosa, onde os peninsulares resistiram
e formaram vários reinos (Leão, Astúrias, Navarra, Aragão….) . Durante 430
anos, mais coisa menos coisa, vivemos sob a égide muçulmana, apesar das
constantes incursões (avanços e recuos) dos cristãos do norte. Com os
muçulmanos, povo mais culto e sábio, conhecedor da ciência e das artes, muito
aprenderam os peninsulares.
Passados esses 4 séculos de
conquistas e reconquistas começou a despontar um “fruto”que inicialmente se
chamou condado Portucalense, nome derivado de Portucale (localidade a norte da
foz do Douro) e foi assim:- Para combater os Mouros, D. Afonso VI , rei de
Leão, pediu ajuda, através da Ordem Benedictina, a uns cavaleiros gauleses dos
quais, dois se destacaram e que, devido
aos seus feitos em peleja, foram “premiados”. Assim a D. Raimundo e D. Henrique
(os tais dois) ambos de Borgonha, foram dadas em casamento as filhas, do que
seria avô do primeiro rei deste canto à beira mar plantado, que se chamaria
Portugal e que é hoje a nação mais antiga do Mundo, com fronteiras definidas
(há 766 anos).
Assim D. Raimundo casou com
Dona Urraca (a filha legítima) e D. Henrique “o Borgonhês” casou com Dona
Teresa (filha bastarda) e ainda, no que ao caso interessa, ao 2º casal foi
ofertado como prenda de casamento o Condado Portucalense, região limitada entre
os rios Douro e Minho, a sul estavam os Mouros.
Nasceria, algum tempo depois,
um rebento que se chamaria Afonso (tal como o avô) que na puberdade foi
entregue aos cuidados de uma família abastada (família Mendes) e teve como Aio
um tal Egas Moniz, que o educou e protegeu. Porem Dona Teresa sua “santa” mãe
influenciada por um fidalgo galego – Fernão Peres de Trava – antes e depois da
morte do “Borgonhês”, estava a levar o condado à perda da independência, pelo
que D. Afonso (o infante) decidiu, pôr a mãe fora de casa e, como único
herdeiro, tomar as rédeas do condado. Assim resolveu em 1128, nos arredores de
Guimarães, colocar a mãe em seu sítio e deu-se a batalha de S. Mamede, o que
irritou o avô. Para evitar desacatos o Aio e fiel servidor do infante, pessoa
respeitável e influente, acalmou D. Afonso VI rei de Leão e D. Afonso Henriques
(por ser filho de Henrique) decidiu auto-denominar-se Rei de Portugal. Apesar
de algumas negativas da Santa Sé e algumas escaramuças com o avô, lá conseguiu
a sua “legalização”. Seria o “Conquistador” e, como tal, decidiu avançar para
sul, com ajudas aqui e ali, ora de cruzados (Lisboa) ora da populaça (Évora). Lá
foi atingindo os seus objectivos. Dando umas benesses, por exemplo: a região de
Tomar aos “Templários”, a de Alcobaça aos monges de Cister, Évora a Giraldo(o
SEM PAVOR)…etc., lá foi alargando o território e consolidando a independência,
que só foi atingida na sua globalidade, com as fronteiras que hoje temos,
quatro reinados depois por D. Afonso III em 1249.
Até à definição das fronteiras
do país que hoje somos foi preciso mais de um Século para lá chegar e o tempo
de cinco reinados:- D. Afonso I, D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II e
finalmente D. Afonso III, o que decidiu, também, fixar a capital do reino em Lix Bona.
O reino entrou em fase de paz,
à parte de pequenas escaramuças, e dedicou-se às questões políticas, económicas
e sociais. D. Dinis foi feito rei e tomou decisões evoluídas para o seu tempo,
consagrou-se à área do saber e criou uma Universidade em Lix Bona que seria
transferida para Coimbra (cidade de mais sossego e no centro do reino), isto em
1308. Foi protector da agricultura, daí o cognome de “Lavrador”, e mandou
plantar o pinhal de Leiria tendo em vista suster o avanço das areias da orla
marítima. Mais tarde a madeira desses pinheiros foi um valor acrescentado e deu
grande contributo para a construção naval (não havia eucaliptos, que só um
pouco mais de 2 séculos chegariam à Europa).
Rebaptizou os “Templários” em
“Ordem de Cristo”e colocou-os no seu lugar.
Teve como digna e virtuosa
esposa a senhora do “milagre das rosas”. A rainha Santa Isabel.
Sucedeu-lhe o filho D. Afonso
IV “o Bravo” que casou com Dona Beatriz de Castela e teve 7 filhos. Dotado de
um carácter irascível e violento ocasionando confrontações com vários
familiares. Declarou guerra a Castela até que ter que se unir com esta para
combater os Mouros (batalha do Salado).
O que o torna mais conhecido,
nas estórias da história foi o facto de ter mandado matar, Dona Inês de Castro,
dama de companhia da princesa (Dona Constança de Castela) que tinha sido
indigitada para esposa do filho varão D. Pedro, o que viria a ser o
justiceiro. A culpa de Inês foi, tão
somente, a de ser bela e formosa e essa beleza conquistou D. Pedro. D. Afonso
achando perigosa essa relação, e a
influência que ela e sua família exerciam sobre o herdeiro do trono e a
antipatia gerada em torno desse amor que viria a ser causa nacional, mandou-a
matar por degolação (diz-se que o local do acto foi a fonte dos Amores em Coimbra). Dona Constança adoeceu de desgosto e acabou
por morrer no parto do terceiro filho.
No entanto, D. Afonso IV à
parte do seu carácter violento, tomou medidas acertadas durante o seu reinado
em áreas como a justiça, a cultura, agricultura, saúde, comércio e navegação.
D. Pedro I sucede ao pai, e
como primeira medida manda matar os algozes de Inês a sua amada (daí o cognome
de “Justiceiro), com quem, declarou ter casado secretamente e que desse amor
teria nascido um filho bastardo.
Devido ao facto de ter
introduzido como lei o beneplácito régio pelo qual todas as bulas da Santa Sé
careciam de visto real, o que lhe veio a garantir a inimizade do clero.
Os restos mortais de Pedro e
Inês estão, em dois dos mais belos túmulos já vistos, no mosteiro de Alcobaça.
Sucede-lhe D. Fernando “o
Formoso” que viria a casar com Dona Leonor Teles e da qual tiveram uma filha
(Dona Beatriz, que viria a casar com o rei de Castela).
Entretanto, para além da lei
das sesmarias decidiu aliançar-se com Eduardo III de Inglaterra, aliança Luso-Inglesa,
que mais tarde viria a servir o interesse destes.
Morto D. Fernando, Leonor Teles
tornou-se a regente do reino e a filha (Dona Beatriz) casada com o rei de
Castela viria a reclamar o trono (aliás as mulheres foram a causa principal dos
grandes conflitos entre Portugal e Castela). Perante a hipótese de perda da independência,
o povo de Lisboa elegeu se Rei D. João I, Mestre de Aviz, filho bastardo de El
rei D. Pedro ao qual se aliaria outro jovem , ele também filho bastardo do Prior
do Crato , D. Nuno Alvares Pereira (que mais tarde com as grandes comendas
recebidas, tornaria a Casa de Bragança a mais poderosa, deste canto à beira-mar
plantado.
Depois da “eleição” popular em
Lisboa, da morte do conde de Andeiro amigo “influente” da regente Dona Leonor
Teles e da entrega, por ordem desta,
da alcáçova (castelo de S. Jorge) ao infante D. João (O eleito pelo povão), os
castelhanos cercaram Lisboa, mas retiraram vencidos pela resistência e
derrotados pela peste. Mais tarde em 1385 nas Côrtes reunidas em Coimbra, João
das Regras fez a proclamação, legitimando o eleito e declarando D. João I rei
de Portugal.
O rei de Castela não gostou da
decisão e invadiu Portugal com um poderoso exército e mais uma vez o azar bateu
à porta das hostes castelhanas. Para além da estória lendária da padeira que matou
sete castelhanos à pazada, o seu poderoso exército foi amplamente derrotado na
Batalha de Aljubarrota*, pelas tropas lusas comandadas pelo condestável do
reino D. Nuno Alvares Pereira. Outras pequenas batalhas se sucederam, mas lá se
deram por vencidos definitivamente. Voltaram à carga, como veremos mais tarde
(1580) e sempre por via das ligações conjugais.
Iniciou-se uma nova etapa (2ª
Dinastia) com o reinado de D. João I, firmaram-se as raízes da expansão
portuguesa que acabariam por chegar a todos os cantos do Mundo (conhecido e
desconhecido). Primeiro as campanhas contra os mouros do norte de Africa, que
de quando em vez atacavam e pirateavam as costas do Algarve. A primeira grande
campanha foi a conquista de Ceuta, comandada pelo próprio rei, onde armou
cavaleiros os seu filhos Duarte, Pedro e Henrique o que viria a ser o “pai” dos
Descobrimentos.
Então deu-se início a um dos
mais extraordinários feitos da história da humanidade, Portugal liderou a
descoberta do Mundo desconhecido até então.
Depois de Ceuta, D. Henrique
fundou a Escola de Sagres, centro de estudos navais, rodeando-se dos melhores
geógrafos, matemáticos e cartógrafos daquela época. Estudaram novos modelos de
embarcações, adequadas a grandes viagens, das quais a Caravela e a Nau foram os
expoentes para a época e as lendas do mar invencível esfumaram-se.
D. João o primeiro morreu e um
dos seus filhos, D. Duarte, subiu ao
trono, a epopeia marítima continuou. Seguiram-se-lhe D. Afonso V “o
Africano”que também seguiu pelo mesmo caminho e as descobertas ao longo da
costa africana foram sucedendo, os ventos e as correntes do Atlântico foram
sendo familiares.
Sucede-lhe D. João II “Príncipe
Perfeito” que seguindo a mesma directiva, lhe dá a maior dimensão histórica,
Portugal tornar-se-á o centro do Mundo e Lisboa sua porta. Estabelecem-se
feitorias ao longo da costa africana. O forte de Mina é construído como base militar
de apoio, Diogo Cão chega à foz do Zaire e conhece a costa ocidental de Angola,
de seguida Bartolomeu Dias a mando de El Rei D. João II , vence o “Adamastor” e
dobra o Cabo das Tormentas, baptizado de Cabo da Boa Esperança. Estava
descoberta a passagem do Atlântico para o Indico e à vista o caminho marítimo
para a Índia.
D. João II, também, já
conhecedor do continente americano e da geografia do Atlântico rejeita os
serviços de Colombo, casado com a filha de Bartolomeu Perestrêlo e no Tratado
de Tordesilhas, manda Duarte Pacheco Pereira em sua representação negociar o
afastamento da Linha divisória (traçado em Alcáçovas) para mais 270 milhas
marítimas a ocidente, razão porque “acidentalmente” Alvares Cabral de desviou
da rota e foi dar a Porto Seguro, fazendo com que hoje mais de 150 milhões de
pessoas falem português.
D. João II acolheu os Judeus
expulsos de Espanha e deu-lhes protecção a troco de um tributo, destacou-se Abraão
Zacuto seu colaborador como astrónomo, médico e matemático, enfrentou a Igreja retrógrada
e fundamentalista e também, como é natural e devido ao seu carácter, a nobreza
caduca (anti progresso). Nomeia corregedores e faz justiça. D. Fernando duque
de Bragança que comandava os ideais dessa nobreza é decapitado na Praça do
Giraldo em Évora, após julgamento no Palácio das 5 quinas. Tendo em vista a
grandeza de Portugal, semeou muitos inimigos.
Ao fim de 13 anos de reinado o
visionário, diplomata, guerreiro, homem alto e forte fisicamente morre a
vomitar sangue em Alvor (diz-se que envenenado, a mando da raínha) e tendo o seu filho Afonso
morrido também, por queda de cavalo, não tinha sucessor.
Sobe ao trono o seu primo D.
Manuel “o Venturoso”(pudera, com uma herança daquele calibre) que no Verão de
1497 envia uma pequena frota de 4 navios, comandada por Vasco da Gama (homem de
confiança de D. João II) a caminho da Índia, que dez meses depois de grandes
privações lá chegará a Calecute. Por sua vez Pedro Alvares Cabral em 1500 chega
ao Brasil, fruto do acto político de D. João II que já conhecia a
existência daquelas terras (secretamente), as fez pertencer à coroa portuguesa.
O domínio da rota da Índia
abalou a supremacia árabe, o império Turco e Veneza, que até aí dominavam as
rotas comerciais com o Oriente.
Lisboa tornou-se a “Porta do Mundo”
e a enseada amena “Allis Ubo” enchia-se de velas e levava o nome de Portugal a
Toda a parte.
Ao palco do Tejo chegam naus
das mais variadas bandeiras, é o encontro com o Mundo conhecido e desconhecido.
Da aventura e do sonho nasce a realidade. Os novos conhecimentos promovem o
desenvolvimento das ciências e das artes, de que a construção do Mosteiro dos
Jerónimos, iniciada em 1500 é disso exemplo (nasce o estilo Manuelino) e na
pintura o políptico de S. Vicente de Nuno Gonçalves é também símbolo marcante
dessa época.
Morre D. Manuel e vem D. João
III e com ele o principio da “queda”. Estava-se em “Tempo de Reforma” e em vez
de Lutero ou próximos, instala-se por cá a Inquisição. Os Judeus e não crentes da
Igreja de Roma são expulsos, postos em fuga ou simplesmente na clandestinidade
e os que o não conseguem são queimados vivos e os seus bens tornam-se pertença
da Santa Sé. O primeiro Auto de Fé (macro churrasco) dá-se na Ribeira Velha
(onde hoje se situa a Casa dos Bicos). Por outro lado a Companhia de Jesus, do
dito santo Inácio de Loyola, cresce em
influência.
D. João III abandonou umas e
reforçou outras (praças fortes da rota da Índia), incrementou o povoamento do
Brasil, mas o seu reinado foi o principio do declínio do Império.
Morre D. João III e vem D.
Sebastião “o Desejado”, ainda uma criança que sendo facilmente manipulável foi
enviado para a morte em Alcácer Quibir, quem sabe se a mando da côrte espanhola
e da nobreza lusa que lhe era afecta.
Sem sucessor o Cardeal D.
Henrique, já de longa idade, toma a regência do reino do “Desejado”, entretanto
desaparecido e configurou-se o já previsto….o “Assalto”de Felipe II de Espanha
ao trono português.
Apesar da resistência de alguns
portugueses comandados por António Prior do Crato que enfrentaram o poder de
parte da nobreza portuguesa e do Rei de Espanha, a derrota definitiva aconteceu
na batalha de Alcântara, perante um grande exercito espanhol comandado pelo
Duque de Alba.
Em 1580 iniciava-se a era dos
Filipes e foram três. Portugal perde a independência, as terras de Além-Mar e o
poderio naval que era seu, mas que a expensas de Espanha se perdeu por
afundamento, incluído na dita “Armada Invencível”. Holandeses e Ingleses
passaram a dominar os mares e com isso as rotas comerciais.
O Sebastianismo não bastava
para alimentar o ego dos portugueses e durante sessenta anos fomos território
espanhol e súbditos de Suas Majestades os Reis de Espanha. Porem a identidade
não se perdeu e no dia 1 de Dezembro de 1640 tocou-se a rebate. A Regente do
reino, duquesa de Mântua, foi expulsa e o seu secretário (ministro) atirado
como lixo, da Janela para a rua.
Nascia uma nova dinastia, a
Casa de Bragança obtia o que nunca tinha conseguido. O Poder. O eleito foi D.
João IV e deu-se início à reconquista das terras e dos bens perdidos.
Após algumas batalhas e
trabalho diplomático, Espanha desistiu dos seus intentos, incapaz de vencer a
resistência de um povo que queria ser ele próprio e da pressão sentida nos
mares por Holandeses e Ingleses.
Reconquista-se o Brasil, Angola
(com o apoio dos indígenas) e tudo o que ainda foi possível. Posteriormente, em
1661, a Inglaterra com base na Aliança firmada em 1373, compromete-se a ajudar
na defesa militar de Portugal, tendo em vista o seu inimigo principal e
concorrencial, a Espanha.
Em 1706 sobe ao trono D. João
V, uma espécie de rei sol, em plena época do Barroco, que com os quintos do
ouro do Brasil e de tudo o mais que vinha das colónias, para além de ofertar
riquezas imensas à Santa Sé em embaixadas luxuosas (ver alguns dos carros
sumptuosos que estão no Museu dos Coches), ainda mandou executar grandes obras
no reino, tais como: o Aqueduto das Aguas Livres, Convento de Mafra (e os
célebres carrilhões), a Igreja de S. Roque e a Biblioteca da Universidade de
Coimbra e outras.
E ainda em defesa do Papado,
enviou poderosa Armada que venceu os Turcos na batalha de Matapan pelo que o
Papa Clemente XI, lhe ficou muito grato (aliás a forte ligação entre a casa de
Bragança e o papado sempre foi muito íntima, o Marquês de Pombal que testemunhe).
Morre D. João V e vem D. José I
com o super ministro Sebastião José de Carvalho e Melo que de grande embaixador
passa a dirigir os destinos do país. Portugal volta de novo a crescer e nem o
Terramoto de 1755 foi impedimento para que tal acontecesse. A frase “enterrem
os mortos e tratem dos vivos” dá disso conta, é o ponto de partida para a
reconstrução e o desenvolvimento do País. Renasce dos escombros uma Lisboa nova,
de traçado rectilíneo, praças amplas e ruas largas.
Nesta governação protege-se e
apoia-se o desenvolvimento da indústria e do comércio, demarcam-se as regiões
vinícolas, trabalha-se tendo em vista o progresso e o futuro. Porem, tal qual
D. João II, resolve o Marquês, para bem do colectivo, combater a nobreza
arcaica e caduca e os seus direitos e poderes ilegítimos, bem como a Companhia
de Jesus (mais uma vez) que estava do lado destes e, mais ainda, servia no
Brasil os interesses de Espanha. Assim cria um lote de poderosos inimigos que
se aproveita da morte do Rei D. José e com a ascensão de sua filha Dona Maria I
promovem a sua condenação ao exílio.
Não sei se por castigo ou
devido às pressões internas ou externas, a Rainha acaba por enlouquecer e
sucede-lhe D. João VI, primeiro como regente, que não sendo já de si um rei
muito competente, ainda teve o azar de Napoleão decidir invadir Portugal e
assim a família real e côrte em peso, embarcam e refugiam-se no Brasil, decisão
que viria ser acertada, tendo em vista o futuro.
Durante alguns anos, com mais
combate e mais batalha os franceses batem em retirada, depois do General
Massena, o preferido de Napoleão, ter sido derrotado e as suas tropas postas em
debandada. No entanto o saque havido foi tal, que deixou o país mais pobre.
D. João VI regressa do Brasil e
fica lá o filho D. Pedro, rastilho para que a grande colónia se viesse a tornar
independente. D. Pedro seria o primeiro Imperador desse novo e grande país de
língua portuguesa (1821).
Em Portugal a situação estava
difícil, D. João VI devido ao facto de não ser muito competente assim o permitia
e os desejosos do Absolutismo promovem e apoiam uma revolta comandada por D.
Miguel (seu filho), que inicialmente tem sucesso, mas não obtém finalização e
D. João VI ordena o exílio de seu filho em Viena. Porém com a morte de do rei o
problema da sucessão coloca-se e D. Miguel volta à carga, já que o herdeiro
legítimo era o Imperador do Brasil.
D. Miguel é eleito rei, pela
nobreza que procura reaver o seu poder e pelo clero conservador, porém D. Pedro
que era um Liberal, renuncia à condição de Imperador do Brasil e decide
reclamar a coroa portuguesa que era sua por direito. Desembarca na Ilha
Terceira (1832), organiza as suas tropas, segue para o Porto e daí se inicia o
caminho da vitória. Em 1834 na convenção de Évora Monte a vitória é assinalada.
Reclama o trono para a sua filha Dona Maria e morre pouco tempo depois,
tuberculoso.
Dona Maria II, sobe ao trono
muito nova, assiste-se a algumas revoltas e convulsões, sanadas com a reforma
da Carta Constitucional de 1852. Casada com um príncipe alemão – D. Fernando de
Sax Coburgo -, homem culto e inteligente (e como na sombra de uma grande mulher
está um grande homem) governou com grande saber e o seu reinado não sendo pacífico foi inteligente de rigor e equilíbrio, apoiaram-se as artes, “nasceu” a Casa Pia, a
Santa Casa da Misericórdia e manda construir o Palácio da Pena, em Sintra, que
seria a residência de Verão da família real. Morreu no parto do seu 11º filho.
Dona Maria morre e sucede-lhe
D. Pedro V (seu filho) ainda novo, mas espantosamente culto, inteligente e
generoso. O seu reinado foi curto, (6 anos apenas) ainda assim pelas reformas
efectuadas, de grande interesse para o povo, era um rei amado. Acompanhou nos
hospitais e nas ruas as vítimas das epidemias de cólera e febre amarela (1855 e
1857), custeou a criação do Curso Superior de Letras, do primeiro Observatório
Astronómico, o Caminho de Ferro, adoptou o sistema métrico, a construção de
novas estradas. Morreu em 1861, um ano depois de Sua mulher a Rainha dona
Estefânia.
Sucede-lhe o irmão D. Luís
também virtuoso e de grande formação cultural e cientifica, pretendia dar
seguimento à linha política de seu irmão, porém no seu reinado, que foi longo,
enfrentou graves crises económicas, mas apesar disso ampliaram-se as rede
ferroviária e viária, iniciaram-se as obras nos portos de Lisboa e de Leixões.
Aboliu em definitivo e intentou
dar às colónias de Africa um maior desenvolvimento. Morre em 1889 e D. Carlos I
subiu ao trono numa época em que as ideias republicanas germinavam e emergiam.
O reinado de D. Carlos (também
um rei culto) sofre um rude golpe em 1890, a humilhação imposta pelo
“Ultimatum” inglês (negando o acordado na conferencia de Berlim e “rasgando o
Mapa Cor de Rosa, que definia as fronteiras coloniais) que exigia por parte de
Portugal o abandono de parte das suas colónias, provocou indignação e revolta.
A “Portuguesa*” cantou-se nas ruas, e em 1891 a revolta do 31 de Janeiro deu em
banho de sangue, nem a tentativa de ditadura imposta pelo seu poderoso ministro
João Franco salvou a monarquia.
No dia 1 de Fevereiro de 1908,
vindo de Vila Viçosa, D. Carlos e o seu filho D. Filipe são abatidos a tiro no
Terreiro do Paço, escapando a Rainha Dona Amélia e o seu filho mais novo D.
Manuel II, que sucederia ao pai, mas por pouco tempo. Os partidos Regenerador e
Progressista não se entendiam, os Republicanos minavam a Monarquia, a ditadura
de João Franco tentava impor-se, o Parlamento não funcionava. A tentativa de
reformas sociais não chegou, os Republicanos ganharam força e em 5 de Outubro
de 1910 era implantada a República. A família real abandonou o país, em fuga, e
embarcou na Ericeira, rumo a Inglaterra. O rei D. Manuel II, não mais voltou,
enquanto vivo(ª), a Portugal.
PRÓXIMO EPISÓDIO “A REPÚBLICA” …1910/2015
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