2017
-ABRIL EM PORTUGAL
LEMBRAR É FUNDAMENTAL
15705
dias DEPOIS - LIBERDADE?!
Parece que foi “ontem” que aquela
madrugada aconteceu e nos deu a conhecer o sabor da palavra LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias,
Aljube ou Peniche, na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas,
nas coletividades, cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a
intimidação e a repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de
guerra colonial, pela emigração clandestina de centenas de milhar de
portugueses e por uma taxa de analfabetismo não comparável à de qualquer outro
país europeu.
A esperança que crescia
com a Liberdade marcou o início de uma viragem histórica que, hoje, mais do que
uma recordação, é uma luta que persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir.
Muito do que foi jurado em 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição
da República Portuguesa, não se cumpriu.
A esta distância não
deixa de ser curioso e significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974
todo, ou quase todo o Portugal, era democrata e revolucionário, o que
significaria, à priori, que o fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a
repressão, só faria parte do imaginário de alguns. Esta será a primeira das
lições a tirar de como não cumprir a Constituição, por todos votada (com o não
do CDS de Freitas do Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje devoto
democrata.
Se antes a ANP ou
União Nacional representava o poder constitucional e legislativo, até 5 de
Outubro de 2015 eram os partidos do “arco da governação” detentores desse
poder, que, ainda, falam em “EXAME PRÉVIO” a ações a praticar pelos órgãos de
informação, como prenúncio da entrada ao serviço da COMISSÃO DE CENSURA
extinta, exactamente, há 43 anos.
Com a nomeação do
actual executivo, produto das eleições Outubro de 2015 ainda que contra a
vontade e os desígnios do anterior presidente da República, respira-se o aroma
(ainda que ténue) da esperança de um futuro com futuro.
Ainda
assim, a segunda lição reflete-se na forma como nos acomodámos a uma democracia
representativa e nos esquecemos de estar atentos e lutar, no uso do direito que
a Lei Fundamental nos confere, em cada momento crucial para o cumprimento dos
Direitos e as Liberdades garantes de uma vida melhor e mais justa para todos.
Com
os desgovernos dos que representam os mandantes do regresso ao passado,
aguardamos que seja dado fim às filas de cidadãos, que até à poucos meses,
estavam à espera de uma sopa. Devido aos desmandos e mandos dos
"mercados" ainda hoje, cerca de 100 estudantes por dia desistem dos
seus cursos universitários, por não terem como pagá-los. Receio que neste HOJE
voltemos a ter “homens que nunca foram meninos”, em que o volume de gente no
desemprego cresce dia a dia, tal como a fome e medo.
Ainda assim (repito), a
ténue esperança que o governo do meu
país me trouxe, faz com que acredite, que valeu a pena, que vale a pena
continuar a "lutar".
O
nosso quotidiano é gerido por uma informação distorcida e eivada de inverdades
( deturpação ou omissão da verdade), onde há dita sem contradita e a presença
de políticos e comentadores, hábeis na utilização do tal “Manto diáfano”, que
esconde a verdade, é predominantemente usado, porque o mais importante, para
eles, é que todos tenhamos a certeza de que a realidade por que passamos,
embora injusta é necessária, ou seja temos que aceitar ser, mais uma vez
explorados, convictos de que não há outras alternativas.
A observação atenta é
fundamental (que a memória não seja curta). Com toda a desinformação,
restrições dos "ditos Mercados" , ditames de "Bruxelas", o
voto será mesmo um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos
portugueses?
Como prenda de ABRIL
(que foi) corresponde a um direito que anteriormente não tínhamos,
significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas não é a arma do
Povo, como nos tentam fazer crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a
cidadania for um ato real de participação quotidiana na vida coletiva, quando
soubermos compreender o mundo em que vivemos e formos capazes de construir um
futuro melhor para todos. Nesta cruzada o conhecimento, a memória e o amor são
de facto armas eficazes.
Mas
lembro que quem nos tem desgovernado nas
quatro décadas pós - ABRIL, contam com o apoio do poder financeiro que,
por sua vez, tem sido duplamente recompensado, à custa dos contribuintes
e das carências sociais . Poder financeiro que descapitalizou o país (em benefício
de alguns) lesando gravemente a grande maioria dos portugueses. Governam
como se de um jogo de Xadrez se trate, basta que mudem umas pedras no tabuleiro
do poder. Manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência
estão e são limitadas nas ações que o jogo de interesses impõe e, quanto aos
Peões, eles jogam no pressuposto da memória curta, dos MEDOS que lhe são incutidos e os levam à sujeição da Lei da Oferta e da
Procura em que os peões são vistos como números e tratados como mercadoria
negociável e descartável.
Se
muito protestarem, sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder,
com pequenas cedências aqui e ali, a receita é conhecida. A política de
benesses e comendas, da cunha institucionalizada, do compadrio e silêncios
cúmplices, produtora de ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais
pobres, que tornam este canteiro à beira mar plantado (ora sujeito à ingerência
externa – autoridade que o povo não lhe conferiu) no país europeu onde as
desigualdades sociais são mais evidentes e se acentuam passo a passo.
43 Anos depois onde está a
Liberdade? Está, pelo menos, na possibilidade de fazer o que neste momento
faço, Escrever dizendo o que penso, e "abraçar" causas sem o receio
de enfrentar um plenário.
O conhecimento e o empenho
coletivo são as armas mais eficazes para combater o obscurantismo, as ditaduras
camufladas que levam às desigualdades sociais, tenham o nome que tiverem.
Recordar e Viver o ABRIL que
floresceu em MAIO, é ter esperança num futuro mais justo, mais fraterno e mais
igual. É CONTINUAR A LUTAR PELA LIBERDADE.
Mas tomai ATENÇÃO, o meu amigo FERNANDO lembrou-se de me lembrar
(e muito bem) da existência da "MÁQUINA DO FUTURO", a dita
"geringonça", de que os Ex, ora na oposição parlamentar, tanto falam.
ARFER
A MÁQUINA DO FUTURO
Os Donos disto
Tudo
(os
verdadeiros, que nem sequer conheces)
tinham
inventado,
construído e
exportado
em direcção ao
sul,
uma máquina
sofisticada
muito bem
oleada,
embalada a
primor com laços e uma flor
mas que
desembrulhada
e posta em
movimento
mais parecia
um cilindro
ou
rolo-compressor.
Mas os seus
mandatários
fizeram uma
festa e um grande foguetório
a dizer que
era este o transporte ideal
para um povo
simplório.
E o cilindro
lá foi comprimindo
A vida e os
sonhos dos povos do sul.
Onde o sol
brilha mais e o mar é azul.
Eis que de
repente
esta nossa
gente de tão comprimida
achou que era
tempo de mudar de vida.
Parou o
cilindro, despediu capatazes
e pôs-se a
construir o melhor transporte
que formos
capazes.
Pode não estar
pronto, que o futuro demora,
Mas é mais
bonito por dentro e por fora.
Para o
amesquinhar,” amigos da onça”
Dizem que o
seu nome é a “geringonça”.
Mas há tanta
gente que precisa dela
Que a sonha
ver pronta p’ra seguir com ela.
Não sendo perfeita,
vai-se melhorando
porque este
projecto, sendo original,
é feito por
nós, é artesanal,
pois é com
trabalho que a coisa se faz
e tem um
cartaz: “MADE IN PORTUGAL!”
A questão
maior que faz afligir os senhores do Norte
é o medo
enorme de que a gente a exporte.
Para eles,
pode ser muito duro
mas a
“geringonça” tem mesmo futuro!
FERNANDO TAVARES MARQUES
E TOMAI ATENÇÃO, AOS "LEAKS" e às
"PRIMAVERAS" prometidas.
E acrescento:
“Penso eu, MAIS AGRADADO
Que a GERIGONÇA PARIU
UM PORTUGAL ESPERANÇADO.”
ARFER
BEM HAJA!
Tal e qual, respira-se melhor actualmente
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