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sexta-feira, 24 de abril de 2015

25 DE ABRIL - 1974/2015

2015 -ABRIL EM PORTUGAL
           
          14975 dias DEPOIS - LIBERDADE?!                                                                 
Parece que foi “ontem” que aquela madrugada aconteceu e  nos deu a conhecer o sabor da palavra LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias, Aljube ou Peniche, na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas, nas coletividades, cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a intimidação e a repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de guerra colonial, pela emigração clandestina de centenas de milhar de portugueses e por uma taxa de analfabetismo não comparável à de qualquer outro país europeu. 

A esperança que crescia com a Liberdade marcou o início de uma viragem histórica que, hoje, mais do que uma recordação, é uma luta que persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir. Muito do que foi jurado em 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição da República Portuguesa, não se cumpriu.


A esta distância não deixa de ser curioso e significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974 todo, ou quase todo o Portugal, era democrata e revolucionário, o que significaria, à priori, que o fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a repressão, só faria parte do imaginário de alguns. Esta será a primeira das lições a tirar de como não cumprir a Constituição, por todos votada (com o não do CDS de Freitas do Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje à esquerda do PS actual) que opinião ter com este quadro de hipocrisia?


Se antes a ANP ou União Nacional representava o poder constitucional e legislativo, hoje são os partidos do “arco da governação” detentores desse poder, que hoje já falam em “EXAME PRÉVIO” a ações a praticar pelos órgãos de informação, como prenúncio da entrada ao serviço da COMISSÃO DE CENSURA  extinta, exactamente, há 41 anos.


A segunda lição reflete-se na forma como nos acomodámos a uma democracia representativa e nos esquecemos de estar atentos e lutar, no uso do direito que a Lei Fundamental nos confere, em cada momento crucial para o cumprimento dos Direitos e as Liberdades garantes de uma vida melhor e mais justa para todos.


Com os desgovernos dos que representam os mandantes do regresso ao passado, hoje há filas de cidadãos à espera de uma sopa,  hoje já nem todos têm escola, hoje 100 estudantes por dia desistem dos seus cursos universitários, por não terem como pagá-los. Receio que neste HOJE voltemos a ter “homens que nunca foram meninos”, em que o volume de gente no desemprego  cresce dia a dia, tal como a fome e medo.                                                             

O nosso quotidiano é gerido por uma informação distorcida e eivada de inverdades ( deturpação ou omissão da verdade), onde há dita sem contradita e a presença de políticos e comentadores, hábeis na utilização do tal “Manto diáfano”, que esconde a verdade, é predominantemente usado, porque o mais importante, para eles, é que todos tenhamos a certeza de que a realidade por que passamos, embora injusta é necessária, ou seja temos que aceitar ser, mais uma vez explorados, convictos de que não há outras alternativas. 


Este ano (2015) é ano de eleições e, por enquanto, direito de votar é livre.  Assim a observação atenta é fundamental (que a memória não seja curta) para que, na hora de decidir em quem votar, a cruzinha seja colocada no quadradinho certo, com a consciência de que o fazemos pensando que, ao fazê-lo, optámos pelo bem da sociedade de que fazemos parte, tendo em conta o presente e o futuro.


Mas o voto será mesmo um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos portugueses? Como prenda de ABRIL (que foi) corresponde a um direito que anteriormente não tínhamos, significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas  não é a arma do Povo, como nos tentam fazer crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a cidadania for um ato real de participação quotidiana na vida coletiva, quando soubermos compreender o mundo em que vivemos e formos capazes de construir um futuro melhor para todos. Nesta cruzada o conhecimento, a memória e o amor são de facto armas eficazes. 


Os que nos têm desgovernado nas quatro décadas pós - ABRIL, contam com o apoio do poder financeiro que,  por sua vez, tem sido duplamente recompensado. Porem nos últimos anos de crise programada, esse poder financeiro descapitalizou o país (em benefício de alguns) lesando gravemente a grande maioria dos portugueses.     Governam como se de um jogo de Xadrez se trate, basta-lhes mudar umas pedras no tabuleiro do poder. Manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são limitadas nas ações que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, eles jogam no pressuposto da memória curta, das crises criadas por eles próprios e dos MEDOS que levam à sujeição da Lei da Oferta e da Procura em que os peões são vistos como números e tratados como mercadoria negociável e descartável. 

Se muito protestarem, sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder, com pequenas cedências aqui e ali, a receita é conhecida. A política de benesses e comendas, da cunha institucionalizada, do compadrio e silêncios cúmplices, produtora de ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres, que tornam este canteiro à beira mar plantado (ora sujeito à ingerência externa – autoridade que o povo não lhe conferiu) no país europeu onde as desigualdades sociais são mais evidentes e se acentuam passo a passo.

Como se não bastasse fazem um ataque sem precedentes ao Poder Local, uma das conquistas mais significativas de ABRIL.

HÁ QUE DIZER BASTA!...(ã mentira, arrogância e prepotência) - 41 Anos depois onde está a Liberdade?

O conhecimento e o empenho coletivo são as armas mais eficazes para combater o obscurantismo, as ditaduras camufladas que levam às desigualdades sociais, tenham o nome que tiverem.

Recordar e Viver o ABRIL que floresceu em MAIO, é ter esperança num futuro mais justo, mais fraterno e mais igual. É CONTINUAR A LUTAR PELA LIBERDADE.

ARFER



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