2015 -ABRIL EM PORTUGAL
14975
dias DEPOIS - LIBERDADE?!
Parece que foi “ontem”
que aquela madrugada aconteceu e nos deu
a conhecer o sabor da palavra
LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias, Aljube ou Peniche,
na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas, nas coletividades,
cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a intimidação e a
repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de guerra colonial,
pela emigração clandestina de centenas de milhar de portugueses e por uma taxa
de analfabetismo não comparável à de qualquer outro país europeu.
A esperança que crescia com a Liberdade marcou o início
de uma viragem histórica que, hoje, mais do que uma recordação, é uma luta que
persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir. Muito do que foi jurado em 2 de
Abril de 1976, com a aprovação da Constituição da República Portuguesa, não se
cumpriu.
A esta distância não deixa de ser curioso e
significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974 todo, ou quase todo o
Portugal, era democrata e revolucionário, o que significaria, à priori, que o
fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a repressão, só faria parte do
imaginário de alguns. Esta será a primeira das lições a tirar de como não
cumprir a Constituição, por todos votada (com o não do CDS de Freitas do
Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje à esquerda do PS actual) que opinião
ter com este quadro de hipocrisia?
Se antes a ANP ou União Nacional representava o poder
constitucional e legislativo, hoje são os partidos do “arco da governação”
detentores desse poder, que hoje já falam em “EXAME PRÉVIO” a ações a praticar
pelos órgãos de informação, como prenúncio da entrada ao serviço da COMISSÃO DE
CENSURA extinta, exactamente, há 41
anos.
A segunda lição reflete-se na forma como nos
acomodámos a uma democracia representativa e nos esquecemos de estar atentos e
lutar, no uso do direito que a Lei Fundamental nos confere, em cada momento
crucial para o cumprimento dos Direitos e as Liberdades garantes de uma vida
melhor e mais justa para todos.
Com os desgovernos dos que representam os mandantes do
regresso ao passado, hoje há filas de cidadãos à espera de uma sopa, hoje já nem todos têm escola, hoje 100
estudantes por dia desistem dos seus cursos universitários, por não terem como
pagá-los. Receio que neste HOJE voltemos a ter “homens que nunca foram meninos”,
em que o volume de gente no desemprego cresce dia a dia, tal como a fome e medo.
O nosso quotidiano é
gerido por uma informação distorcida e eivada de inverdades ( deturpação ou
omissão da verdade), onde há dita sem contradita e a presença de políticos e
comentadores, hábeis na utilização do tal “Manto diáfano”, que esconde a
verdade, é predominantemente usado, porque o mais importante, para eles, é que
todos tenhamos a certeza de que a realidade por que passamos, embora injusta é
necessária, ou seja temos que aceitar ser, mais uma vez explorados, convictos
de que não há outras alternativas.
Este ano (2015) é ano
de eleições e, por enquanto, direito de votar é livre. Assim a observação atenta é fundamental (que
a memória não seja curta) para que, na hora de decidir em quem votar, a
cruzinha seja colocada no quadradinho certo, com a consciência de que o fazemos
pensando que, ao fazê-lo, optámos pelo bem da sociedade de que fazemos parte,
tendo em conta o presente e o futuro.
Mas o voto será mesmo
um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos portugueses? Como
prenda de ABRIL (que foi) corresponde a um direito que anteriormente não
tínhamos, significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas não é a arma do Povo, como nos tentam fazer
crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a cidadania for um ato real de
participação quotidiana na vida coletiva, quando soubermos compreender o mundo
em que vivemos e formos capazes de construir um futuro melhor para todos. Nesta
cruzada o conhecimento, a memória e o amor são de facto armas eficazes.
Os que nos têm
desgovernado nas quatro décadas pós - ABRIL, contam com o apoio do poder
financeiro que, por sua vez, tem sido
duplamente recompensado. Porem nos últimos anos de crise programada, esse poder
financeiro descapitalizou o país (em benefício de alguns) lesando gravemente a
grande maioria dos portugueses. Governam como se de um
jogo de Xadrez se trate, basta-lhes mudar umas pedras no tabuleiro do poder.
Manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são
limitadas nas ações que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, eles
jogam no pressuposto da memória curta, das crises criadas por eles próprios e
dos MEDOS que levam à sujeição da Lei da Oferta e da Procura em que os peões
são vistos como números e tratados como mercadoria negociável e descartável.
Se muito protestarem, sacodem-se umas migalhas
da toalha da abastança do Poder, com pequenas cedências aqui e ali, a receita é
conhecida. A política de benesses e comendas, da cunha institucionalizada, do
compadrio e silêncios cúmplices, produtora de ricos cada vez mais ricos e
pobres cada vez mais pobres, que tornam este canteiro à beira mar plantado (ora
sujeito à ingerência externa – autoridade que o povo não lhe conferiu) no país
europeu onde as desigualdades sociais são mais evidentes e se acentuam passo a
passo.
Como se não bastasse fazem um ataque sem
precedentes ao Poder Local, uma das conquistas mais significativas de ABRIL.
HÁ QUE DIZER BASTA!...(ã mentira,
arrogância e prepotência) - 41 Anos depois onde está a Liberdade?
O conhecimento e o empenho coletivo são as armas
mais eficazes para combater o obscurantismo, as ditaduras camufladas que levam
às desigualdades sociais, tenham o nome que tiverem.
Recordar e Viver o ABRIL que floresceu
em MAIO, é ter esperança num futuro mais justo, mais fraterno e mais igual. É
CONTINUAR A LUTAR PELA LIBERDADE.
ARFER
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar