CONTOS
DE MENINO – AS ESCOLAS DO LARANJAL, DAS ROSAS E DOS CRAVOS
Os meninos Zézinho e Pedrinho eram alunos da Escola do LARANJAL. Era para esta escola que iam todos os meninos, filhos dos que tinham sido capatazes, guardas, encarregados e homens de confiança da Quinta do Senhor António que morreu (coitado) depois de ter caído de uma cadeira.
Havia, também, ESCOLA DOS CRAVOS, onde estavam os filhos dos trabalhadores da quinta, dos encarregados e de outras profissões que não concordavam com os mandos e desmandos do senhor António e, mais tarde, dos seu herdeiros: O senhor Marcelo e o senhor Silva.
Diziam “cobras e lagartos” dos meninos da Escola dos CRAVOS: – Que eram irreverentes, mal comportados, que protestavam por tudo e por nada, que só faziam malfeitorias e até falavam que os pais deles comiam criancinhas …Vejam só!
Os anos passaram, o Zézinho fez-se José e o Pedrinho fez-se Pedro. O padrinho do José, o senhor Mário, amigo do Frank (lembram-se?) levou-o para “trabalhar” com ele. O mesmo fez o senhor Silva padrinho do Pedro, com o afilhado, que para além de lhe ensinar uns truques o levou para “trabalhar” com ele, na esperança de, no futuro, quando governasse a quinta, os “meninos do LARANJAL”, já crescidos , tomassem, com ele, conta da quinta toda ( até já tinham criando um Banco e tudo).
Numa outra escola, que era a das ROSAS, cujo diretor e gerente era o senhor Mário, que castigava expulsava quem “brincasse” ou “alinhasse” com os meninos da escola dos CRAVOS, e lhes garantia que quando, já preparados (ou não), saíssem teriam bons empregos e eram industriados para, no futuro, conjuntamente com os ex-meninos da escola do LARANJAL tomarem conta dos negócios da ex-Quinta do senhor António, alternando periodicamente a sua gerência. Se o senhor Mário não queria nada com os “meninos “ da escola dos CRAVOS ( porque quando era menino andou lá e não o deixaram ser chefe de turma), o senhor Silva tinha um sonho, ser chefe com um administrador seu discípulo da escola do LARANJAL.
Os meninos da escola dos CRAVOS, já crescidos, seguiram o caminho dos seus pais, protestando, exigindo liberdades, direitos e deveres iguais para todos. Por isso os pais deles, alunos no tempo em que a quinta era do senhor António, foram presos, deportados e espancados, mas como agora isso pareceria mal aos donos das grandes quintas em redor, não podem fazer o mesmo que fizeram aos pais deles. Assim os ex-meninos das escolas do Laranjal e das Rosas não podendo mandar prender quem protesta, vingam-se (são vingativos pela surra) distribuem entre si os empregos mais bem pagos e como são donos dos Bancos os outros ex-meninos têm juros mais altos a pagar, aumentam-lhes os impostos, mandam-nos para o desemprego e até lhes tiram as casas e as empresas. Protesta-se, mas eles vão sonhando com os tempos Antoniensis.
A realização do sonho do senhor Silva, foi toda tramada pela “surra” ENTRE O José o Pedro e os padrinhos. Quando o José era o gerente da quinta (com o apoio do senhor Mário) sabendo da vontade do administrador (o chefe) e lembrando-se dos tempos em que eram colegas no LARANJAL decidiu-se, chamou Pedro e disse-lhe: – … Vais continuar a fingir que estás contra mim e Pedro, agora é que vamos realizar o sonho do nosso chefe (senhor Silva), ser ele o patrão e tu o gerente. E assim foi, o José, com o apoio dos apoiantes do Pedro, fingiu que a quinta ia à falência, pediu dinheiro emprestado a uns usurários (tipo penhoristas), acordou com eles fazer tudo o que eles mandassem e disse ao Pedro: .”…Toma conta da quinta mais o senhor Silva, continua a fingir que não és meu amigo e quando protestarem contra as malfeitorias que tiveres de fazer, dizes que a culpa foi e é toda minha, que tem de cumprir o que eu prometi, para o bem e a honra do nome da nossa QUINTA.
Assim foi, mas isto não fica por aqui, a saga dos contos de menino continuará.
ARFER - 2010
EM 2011
ACONTECE A TAL CONVERSA HAVIDA NA PRAÇA "1º DE MAIO".
CONVERSAS DA PRAÇA " 1º DE MAIO"
Estavam dois homens falando
Na esquina daquela praça
Completamente alheados
Da gente que por lá passa.
Provavelmente falavam
De casos das suas vidas
Mas quando passei por eles
No espaço de um segundo,
Escutei…não foi por mal
Que a conversa afinal
Que eu pensava ser banal
Tinha um interesse profundo.
Falavam de indignidade,
Da fome que há no Mundo.
Parei disfarçadamente
Um pouco distanciado.
Ouvi então um dizer:
“Aprovou-se o “Orçamento”
Discute-se agora o PEC
Eu penso a cada momento
Que é preciso outro PREC.
E disse o outro:
Estas crises financeiras
Maquinadas à distância
Não são mais que roubalheiras
Fruto de muita ganância
Dos donos do Capital.
Os pobres ficam mais pobres
E o desemprego aumenta
Se isto continua assim
A gente não aguenta.
Então disfarçadamente
Passo a passo dali saio.
E recordei aquele ABRIL (74)
E os cravos do mês de Maio.
Na esquina daquela praça
Completamente alheados
Da gente que por lá passa.
Provavelmente falavam
De casos das suas vidas
Mas quando passei por eles
No espaço de um segundo,
Escutei…não foi por mal
Que a conversa afinal
Que eu pensava ser banal
Tinha um interesse profundo.
Falavam de indignidade,
Da fome que há no Mundo.
Parei disfarçadamente
Um pouco distanciado.
Ouvi então um dizer:
“Aprovou-se o “Orçamento”
Discute-se agora o PEC
Eu penso a cada momento
Que é preciso outro PREC.
E disse o outro:
Estas crises financeiras
Maquinadas à distância
Não são mais que roubalheiras
Fruto de muita ganância
Dos donos do Capital.
Os pobres ficam mais pobres
E o desemprego aumenta
Se isto continua assim
A gente não aguenta.
Então disfarçadamente
Passo a passo dali saio.
E recordei aquele ABRIL (74)
E os cravos do mês de Maio.
ARFER
ESCRITAS EM OUTUBRO DE 1985. A memória coletiva por vezes é curta, daí
a intenção de as publicar. Lembram-se? Quem foi eleito primeiro ministro e tomou
posse em Novembro desse ano? Quem se lembrar, faça o enquadramento. Para melhor
enquadrar (porque vêm aí as eleições) é quem, protegendo até aos limites da
inconstitucionalidade o atual governo, vê a sua “obra”, delineada em
pensamento, quase completa. Felizmente ainda não completa.
Evitei as 13, daí serem 14 as QUADRAS SOLTAS:
1.Tal como antigamente/os outros são todos maus/se eu não for presidente/o
país será um caos.
2.Já, também, o SALAZAR/e depois Marcelo Caetano/repetiam esta frase/cem
vezes em cada ano.
3.Assim tentam demonstrar/os “democratas” que são/os outros são todos
maus/nós é que temos razão.
4.Pois, que importa o desemprego?/A injustiça social?/São coisas sem
importância!/Tudo isso é natural.
5.Parem-se barcos e fábricas,/reduzam-se a produções./Nós pagamos
subsídios,/a CEE dá milhões.
6.Nós concedemos favores/desde que haja sossego/somos país de
“setoures”/que vão para o desemprego.
7.Aos reformados só basta,/na véspera das eleições,/oferecer-lhes umas
férias/e dar-lhes mais uns tostões.
8.Aos estudantes, é fácil./Prometer não custa nada./É manter-lhes por um
tempo/ a vida facilitada.
9.Também aos desempregados,/nós faremos referência./Falaremos da “retoma”/e
de empregos com urgência.
10.aos filiados da CAP,/agricultores e rendeiros,/no direito aos
subsídios/serão vocês os primeiros.
11.Este é o nosso programa,/com o PEDIP e o FEDER/construímos muita
estrada/e ficamos a dever.
12.E quando o dia chegar/de pagarmos, sem apelo,/cederemos o poder/e outros
virão faze-lo.
13.Nessa altura, então seremos/verdadeira oposição,/bastando que os acusemos/de
uma má governação.
14.E como é falha a memória,/só alguns se irão lembrar./Então, repete-se a
história/VOLTAMOS A GOVERNAR!
ARFER
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