O ONTEM E O HOJE
DIA 25 DE MAIO FOI O DIA DE AFRICA, o atraso da publicação deve-se a razões de ordem física. Faço-o hoje com os dois primeiros textos publicados neste blog, ainda que tenham sido escritos uns anos antes.
COMO HOJE QUASE TUDO MUDOU, AGORA SÃO OS EUROPEUS A PROCURAR A MÃE AFRICA PARA NELA ENCONTRAREM ABRIGO E SUSTENTO E, NESSA ATITUDE, DAREM ASO À SUA REALIZAÇÃO PROFISSIONAL.
HOJE DEVIDO À IMPLEMENTAÇÃO DAS DITAS "PRIMAVERAS", TENDO EM VISTA A AQUISIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS (MAIS EM CONTA) FOGEM DA LÍBIA MILHARES DE CIDADÃOS E MORREM ÀS CENTENAS NO "MARE NOSTRUM".
25 de
Maio: Dia de África
Comemora-se a 25 de Maio, o Dia de África, a data foi instituída pela
“Organização da Unidade Africana” em 1963. Em Julho de 2002, esta organização
foi substituída pela “União Africana”. A União Africana (UA) foi fundada em
2002 e é a organização que sucedeu a Organização da Unidade Africana. Baseada
no modelo da União Europeia (mas atualmente com atuação mais próxima à da
Comunidade das Nações), ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e
desenvolvimento na África, especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa “Nova Parceria para o Desenvolvimento da
África”. Seu primeiro presidente foi o presidente sul-africano Thabo Mbeki.
Objetivos da
União Africana
A União Africana tem como objetivos a
unidade e a solidariedade africana. Defende a soberania dos Estados africanos e
a sua integração económica, além da cooperação política e cultural no
continente.
A divisão territorial do
continente africano e as independências ou dependências
A destruição ou desagregação cultural de um povo pela força é como que uma agressão à natureza e pode causar danos e desequilíbrios tais, que produzirão, a médio e longo prazo, efeitos devastadores.
O Homo-Sapiens nasceu em África , partiu para a Ásia e, de lá, para o resto do mundo.
A partir do momento em que, por causas naturais, se formou a barreira arenosa do deserto, tudo se alterou. Ficaram a Norte a civilização dita mediterrânica, a Leste os nilotas (egípcios, sudaneses e etíopes) e a Sul os subsaarianos.
Os “brancos” do Norte e os “pretos” do Sul de África fizeram a sua História, com estruturas sociais, politicas e económicas próprias, factos que nos foram e vão sendo dados a conhecer através dos contextos etnográficos e de estudos científicos nas áreas da Antropologia e Arqueologia.
Na Europa, pouco se sabia de África até ao século XV. Navegadores portugueses iam explorando a costa Atlântica e os Emissários que viajaram até à Etiópia e provavelmente até às costas de Índico, deram, então, conta da existência de estados organizados, como o da Etiópia e do velho império de Kanem, com o Mali e o Songay, a maior de todas as concentrações do velho Sudão, que tinha um estrutura proto-feudal, governada por doze príncipes, que dominaram esses vastos territórios, durante várias gerações.
Na costa ocidental, estabelecem-se relações amistosas com o grande reino do Congo, sendo, até, um dos seus súbditos nomeado Bispo pela Santa Sé. O primeiro Bispo da Africa Negra.
E o que dizer das prósperas cidades da costa oriental – Quelimane, Mombaça, Kilwua, Zulu e Brava – que comercializavam com todo o oriente – mundo árabe, Índia e China – ou das muralhas e torreões do grande Zimbabwé e do Império Monopotapa.
África, a sul do Saara, tinha estruturas e hierarquias próprias, provavelmente ainda sem fronteiras definidas, mas também a Europa só no século passado o conseguiu. No Sec. XV quantos europeus conheciam a escrita?
No século XIX, cerca de oitenta por cento dos europeus eram analfabetos.
A destruição de cidades, a procura desenfreada de escravos, com destino às Américas e Ásia, tal como as investidas dos europeus, ainda que até a algumas dezenas de quilómetros da costa, levaram esses povos a deslocarem-se, cada vez mais, para o interior e a combater entre si, na procura de territórios onde se pudessem fixar, o que terá sido o princípio do desmoronamento das estruturas sociais e políticas, ainda numa fase embrionária.
Mas é no século XIX que é dado o golpe de misericórdia.
Com a denominada Revolução Industrial em curso, os europeus viram África como potencial reservatório das matérias-primas de que necessitavam e em função dos seus interesses económicos decidiram retalhar o continente africano, a seu belo prazer.
Não tiveram em conta as raízes culturais, as fronteiras e as estruturas políticas e sociais dos povos de África. Sete decénios depois concederam-lhe uma falsa independência, carregada de dependências e geradora de conflitos permanentes, em geral alimentados pelas potências interessadas nas suas riquezas. De colonizadores passaram a “Clientes” e “Fornecedores” privilegiados, num crescendo aumento da exploração, a custos reduzidos.
Até que o mapa de África seja redesenhado, as hierarquias se recoloquem, porque as culturas estão lá, a situação de instabilidade mantém-se. Provavelmente será trabalho de mais de uma geração. Uma tarefa ciclópica para um povo debilitado pelas guerras, pela fome, pela SIDA, a Malária e outras maleitas.
Com elites políticas, cada vez mais ricas, profundas desigualdades sociais, cada vez mais dependente de ajudas humanitárias e outras, provenientes de entidades e países que dispensam uma pequena parte dos seus lucros vindos exactamente da exploração dos estados africanos”independentes”. Mas, de facto, cada vez mais DEPENDENTE.
A destruição ou desagregação cultural de um povo pela força é como que uma agressão à natureza e pode causar danos e desequilíbrios tais, que produzirão, a médio e longo prazo, efeitos devastadores.
O Homo-Sapiens nasceu em África , partiu para a Ásia e, de lá, para o resto do mundo.
A partir do momento em que, por causas naturais, se formou a barreira arenosa do deserto, tudo se alterou. Ficaram a Norte a civilização dita mediterrânica, a Leste os nilotas (egípcios, sudaneses e etíopes) e a Sul os subsaarianos.
Os “brancos” do Norte e os “pretos” do Sul de África fizeram a sua História, com estruturas sociais, politicas e económicas próprias, factos que nos foram e vão sendo dados a conhecer através dos contextos etnográficos e de estudos científicos nas áreas da Antropologia e Arqueologia.
Na Europa, pouco se sabia de África até ao século XV. Navegadores portugueses iam explorando a costa Atlântica e os Emissários que viajaram até à Etiópia e provavelmente até às costas de Índico, deram, então, conta da existência de estados organizados, como o da Etiópia e do velho império de Kanem, com o Mali e o Songay, a maior de todas as concentrações do velho Sudão, que tinha um estrutura proto-feudal, governada por doze príncipes, que dominaram esses vastos territórios, durante várias gerações.
Na costa ocidental, estabelecem-se relações amistosas com o grande reino do Congo, sendo, até, um dos seus súbditos nomeado Bispo pela Santa Sé. O primeiro Bispo da Africa Negra.
E o que dizer das prósperas cidades da costa oriental – Quelimane, Mombaça, Kilwua, Zulu e Brava – que comercializavam com todo o oriente – mundo árabe, Índia e China – ou das muralhas e torreões do grande Zimbabwé e do Império Monopotapa.
África, a sul do Saara, tinha estruturas e hierarquias próprias, provavelmente ainda sem fronteiras definidas, mas também a Europa só no século passado o conseguiu. No Sec. XV quantos europeus conheciam a escrita?
No século XIX, cerca de oitenta por cento dos europeus eram analfabetos.
A destruição de cidades, a procura desenfreada de escravos, com destino às Américas e Ásia, tal como as investidas dos europeus, ainda que até a algumas dezenas de quilómetros da costa, levaram esses povos a deslocarem-se, cada vez mais, para o interior e a combater entre si, na procura de territórios onde se pudessem fixar, o que terá sido o princípio do desmoronamento das estruturas sociais e políticas, ainda numa fase embrionária.
Mas é no século XIX que é dado o golpe de misericórdia.
Com a denominada Revolução Industrial em curso, os europeus viram África como potencial reservatório das matérias-primas de que necessitavam e em função dos seus interesses económicos decidiram retalhar o continente africano, a seu belo prazer.
Não tiveram em conta as raízes culturais, as fronteiras e as estruturas políticas e sociais dos povos de África. Sete decénios depois concederam-lhe uma falsa independência, carregada de dependências e geradora de conflitos permanentes, em geral alimentados pelas potências interessadas nas suas riquezas. De colonizadores passaram a “Clientes” e “Fornecedores” privilegiados, num crescendo aumento da exploração, a custos reduzidos.
Até que o mapa de África seja redesenhado, as hierarquias se recoloquem, porque as culturas estão lá, a situação de instabilidade mantém-se. Provavelmente será trabalho de mais de uma geração. Uma tarefa ciclópica para um povo debilitado pelas guerras, pela fome, pela SIDA, a Malária e outras maleitas.
Com elites políticas, cada vez mais ricas, profundas desigualdades sociais, cada vez mais dependente de ajudas humanitárias e outras, provenientes de entidades e países que dispensam uma pequena parte dos seus lucros vindos exactamente da exploração dos estados africanos”independentes”. Mas, de facto, cada vez mais DEPENDENTE.
Várias etapas nas
relações políticas e económicas com ex-colonizadores e outros.
Em dezoito anos, desde a independência do Gana em 1957, à queda do império colonial português de 1974/1975, configuraram-se os mapas de quase todos os estados negros-africanos, com a excepção do Zimbabwé, em 1980, e a Namíbia, em 1990. Neste curto período de tempo sucederam vários golpes de estado, sempre quase induzidos pelas antigas potências colonizadoras. Grã-Bretanha e França com o apoio dos E.U.A, interessados no domínio económico e estratégico, nunca disfarçaram os seus actos de ingerência na política e na economia das ex-colónias. É bem visível que para estas potências colonizadoras em África o objectivo foi outorgar a independência política para confirmar e controlar melhor, eliminadas as pressões internacionais e silenciados os movimentos independentistas, sem que alguma vez tenha sido sua intenção conceder a soberania política às suas colónias africanas para que os novos estados viessem a poder usar livremente os recursos económicos, em seu (deles) benefício.
Independizar tratou-se, evidentemente, de legalizar a submissão aos interesses do ex-colonizador, para uma exploração continuada, a custos reduzidos e proveitos a sobredimensionar..
Se antes os jovens estudantes, licenciados e doutorados nativos, se fixavam nas colónias a expensas do colonizador, hoje os estados independentes pagam essa formação e exportam essa mais-valia sem qualquer proveito. Há centenas de milhar de africanos de diversas origens e profissões, licenciados e doutorados, médicos, enfermeiros, veterinários a trabalhar fora de África.
Excluindo os países africanos de expressão portuguesa os sistemas políticos, na História da África Negra independente, passaram por quatro etapas, por vezes com os mesmos personagens, agindo de forma diversa. Na primeira geração de dirigentes políticos eleitos democraticamente, destacam-se Kwane Nkrumah, Houphouet-Boigny, Sekou-Touré, Julis Nyerere, Mobido Keita, Joseph Kasavubu, e Leopold Sengor, dirigentes respeitados.
Alguns destes dirigentes prosseguem na segunda etapa, mas juntam-se-lhes chefe militares que tomam o poder pela via do golpe de estado, tais como Mobuto Seze-Seko, Jean Bedel Bokassa, na República Centro Africana, Idi Amim Dada, no Uganda, Joseph Ankrah, no Gana.Todos têm princípios que são comuns. Assumem-se chefes de estado, fundam um partido único, proíbem a existência de todos os partidos ou organizações politicas, eliminam ou anulam os potenciais adversários.
Só o Gana, Botswana e o Senegal mantiveram os partidos políticos e a realização de eleições democráticas, ficando pela 1ª etapa.
Na terceira etapa, de pouca duração, surgem alguns militares, que embora assumam o poder em sequência de um golpe de estado mostram-se dispostos a governar com honestidade e respeito pelos princípios humanos, como Jerry Rawlings, Thomas Sankara e Samud Doe.
A mais recente, ou seja a quarta etapa, a actual, surge na sequência do fim da denominada guerra-fria.
O pluripartidarismo torna-se moda, com ou sem convicção, com verdade ou sem ela, o ditador torna-se democrata. É a hora dos convertidos e distinguem-se Kennett Kuanda, Omar Bongo, Mathieu Werekou, Teodoro Obiang, Sassou-Nguesso e Paul Biya.O caminho não tem obstáculos.
África tem petróleo, é um grande depósito de matérias-primas, um mercado
especial a explorar e é principalmente um grande cliente de excedentes bélicos
da poderosa indústria de guerra e na área dos serviços, na concentração de
mercenários e conselheiros políticos e militares.
É na sequência dessa aura de democracia pluripartidária, de ventos de liberdade, que nesta quarta etapa se produz um novo fenómeno – a era do hiperbanditismo e das milícias armadas, das origens mais diversas. África torna-se um “mundo” armado e armadilhado. O tráfico de armas e a criação de pequenos e grandes exércitos torna-se comum. A criança soldado é uma circunstância comum, tal qual o são os pequenos e grandes massacres.
Quem lucra?
O Fundo Monetário Internacional, as multinacionais, os pequenos e médios ditadores e, principalmente, o país que lidera o projecto utópico do mundo global.
É um facto que os golpes de estado vão rareando, porém é evidente que o pluripartidarismo não está a ser solução. É parte do problema. As autonomias culturais e étnicas, no real sentido do seu significado, talvez sejam parte da solução.
O que acontece de facto é que há um fosso em crescendo entre o poder e as populações.
Perdeu-se a fé nos dirigentes, capazes de resolverem os seus “problemas”, mas incapazes de satisfazer as necessidades de um povo descrente.
As relações actuais, com os ex-colonizadores e os Outros ( 0s novos colonizadores”, os africanos, estão num plano de subalternidade e, nalguns casos, de quase absoluta dependência. O endividamento externo cresce ao ritmo da miséria das populações. Muitos deles encontram a solução “fugindo” em embarcações e jangadas na procura do “el-dorado” europeu e, conforme os relatos que nos vão chegando, em muitos casos encontram a morte no caminho.
Mas, tudo tem solução, os africanos encontrarão um dia o seu caminho. E, tal como grandes impérios, por mais poderosos que foram ou são, tiveram ou terão o seu fim de ciclo.África também chegará ao fim do seu pesadelo.
É na sequência dessa aura de democracia pluripartidária, de ventos de liberdade, que nesta quarta etapa se produz um novo fenómeno – a era do hiperbanditismo e das milícias armadas, das origens mais diversas. África torna-se um “mundo” armado e armadilhado. O tráfico de armas e a criação de pequenos e grandes exércitos torna-se comum. A criança soldado é uma circunstância comum, tal qual o são os pequenos e grandes massacres.
Quem lucra?
O Fundo Monetário Internacional, as multinacionais, os pequenos e médios ditadores e, principalmente, o país que lidera o projecto utópico do mundo global.
É um facto que os golpes de estado vão rareando, porém é evidente que o pluripartidarismo não está a ser solução. É parte do problema. As autonomias culturais e étnicas, no real sentido do seu significado, talvez sejam parte da solução.
O que acontece de facto é que há um fosso em crescendo entre o poder e as populações.
Perdeu-se a fé nos dirigentes, capazes de resolverem os seus “problemas”, mas incapazes de satisfazer as necessidades de um povo descrente.
As relações actuais, com os ex-colonizadores e os Outros ( 0s novos colonizadores”, os africanos, estão num plano de subalternidade e, nalguns casos, de quase absoluta dependência. O endividamento externo cresce ao ritmo da miséria das populações. Muitos deles encontram a solução “fugindo” em embarcações e jangadas na procura do “el-dorado” europeu e, conforme os relatos que nos vão chegando, em muitos casos encontram a morte no caminho.
Mas, tudo tem solução, os africanos encontrarão um dia o seu caminho. E, tal como grandes impérios, por mais poderosos que foram ou são, tiveram ou terão o seu fim de ciclo.África também chegará ao fim do seu pesadelo.
ARFER 2005
Portugal em África / Moçambique
A colonização africana, levada a cabo pelos
portugueses, foi um processo relativamente lento. Depois das campanhas do Norte
de África, em meados do séc. XV, dão-se início às viagens exploratórias da
Costa Ocidental Africana. Assim vão-se estabelecendo feitorias ao longo da orla
marítima da Costa Ocidental de Africa e construindo algumas fortificações
militares, como o Castelo da mina no Golfo da Guiné, que mais tarde serviria
como bases de apoio ao “ caminho marítimo para a Índia”, cujo objectivo se
atingiu em 1498.
Durante séculos a relação com esses povos
africanos, baseava-se no comércio e na evangelização, umas vezes de forma
pacífica e outras de forma violenta.
Com a colonização das Américas, houve
incursões ao interior, principalmente na Costa Ocidental, tendo em vista o
recrutamento de braços de trabalho baratos, ou ainda a captura de indígenas com
destino ao comércio de escravos, na maior parte das vezes fornecidos por chefes
tribais, a troco de quase nada.
Porém, na costa Leste, a do Indico, que vou
contextualizar neste trabalho, onde a perniciosa influência dos Europeus, se
fez sentir, nos povos que lá viviam, no limiar do séc. XVI, quando a 2ª Armada Portuguesa,
a caminho da Índia, por lá passou.
Antes, porém, sempre houve contactos com
outros povos, árabes, africanos e asiáticos, principalmente chineses.
Escritos árabes do Sec. X, confirmam a
existência de contactos comerciais com os povos do extremo sul do canal de
Moçambique, designado por “Bilad as Sofala”.
Segundo relatos árabes e chineses, armadas
constituídas de grandes barcos vindos do Império Chinês faziam comércio regular
com as prósperas cidades da Costa Oriental de Africa. É, contudo, no período
MING que atingem maior intensidade, em fins do Sec. XIV e durante quase todo o
Sec. XV. Só três séculos depois os europeus construiriam navios de tal tamanho.
Por razões que são do foro da história
chinesa e não da história africana, em fins do Sec.XV o então imperador chinês
ordenou o encerramento de todos os estaleiros e a destruição de todos os barcos,
mandando prender todos os marinheiros que neles navegassem.
Daí que a presença dos quatro pequenos
navios, num porto que devia ter sido Quelimane, não causassem espanto, já que
navios bem maiores os tinham visitado. O que acharam notável, foi terem vindo
do Sul.
Passaram Kilwa e Mombaça, cidade grande e
rica, de casas brancas, tão grande quanto Lisboa. De Kilwa escreve Duarte Barbosa
em 1501 “ Kilwa é uma cidade mourisca com
muitas e belas casas de pedra e cal, com muitas janelas à nossa moda, muito bem
ordenadas as ruas.” Três séculos depois um poeta Swahili escrevia “ os nichos onde se ostentavam porcelanas,
criam agora uns filhotes, as aves bravias.”
Depois destas visitas, Vasco da Gama
encontra em Melinde um piloto que levará os portugueses até à Índia (Calecute).
Na 2ª viagem (1502), Vasco da Gama, desta
vez com uma esquadra de mais de 20 navios, impõem que seja pago um tributo
anual, em oiro, ao Rei de Portugal e obediência futura. Não vendo cumprida a
sua ordem e encontrado resistência, ataca Kilwa, Mombaça, Zeila e Brava. Conta Duarte
Barbosa:-“ Os portugueses destruíram
tudo, chacinando grande parte da população e levando alguns cativos..”.
Noutro documento, uma carta do Rei de Mombaça ao Rei de Melinde , ao voltar à
cidade..”Nem uma coisa viva, homem ou
mulher, velho ou novo, nem sequer uma criança por mais pequena. Todos os que
não tinham conseguido fugir a tempo, tinham sido mortos ou queimados.”
Duzentos anos passados, nos Séculos XVII a
XIX, a Europa tinha evoluído na Indústria, no Comércio e na Ciência, a Africa
não só não evoluiu em paralelo, como voltou atrás no tempo.
O tráfico de escravos atingiu uma escala
tal, que se tornou degradante. Era necessário propagandear que o escravo preto
era sub-humano, selvagem e desenraizado. Os estuários do Limpopo, do Rovuma e
do Zambeze passaram a ser porto de embarque de escravos, com destinos vários,
em vez de bens de uso e consumo. Moçambique passou a ser território fornecedor
de escravos para as colónias inglesas,
francesas e para o Brasil, em menor escala.
Até que,
em fins do Sec. XIX, a Europa industrializada decidiu retalhar o
Continente Africano, segundo os seus interesses. A Portugal coube o território
(com fronteiras definidas) que é hoje Moçambique.
ARFER / 2005
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