2016 -ABRIL EM PORTUGAL
15340 dias DEPOIS - LIBERDADE?!
Parece que foi “ontem” que aquela
madrugada aconteceu e nos deu a conhecer o sabor da palavra LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias,
Aljube ou Peniche, na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas,
nas coletividades, cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a
intimidação e a repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de
guerra colonial, pela emigração clandestina de centenas de milhar de
portugueses e por uma taxa de analfabetismo não comparável à de qualquer outro
país europeu.
A esperança que crescia
com a Liberdade marcou o início de uma viragem histórica que, hoje, mais do que
uma recordação, é uma luta que persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir.
Muito do que foi jurado em 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição
da República Portuguesa, não se cumpriu.
A esta distância não
deixa de ser curioso e significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974
todo, ou quase todo o Portugal, era democrata e revolucionário, o que
significaria, à priori, que o fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a
repressão, só faria parte do imaginário de alguns. Esta será a primeira das
lições a tirar de como não cumprir a Constituição, por todos votada (com o não
do CDS de Freitas do Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje devoto democrata.
Ainda assim (repito), a
ténue esperança que o governo do meu
país me trouxe, faz com que acredite, que valeu a pena, que vale a pena
continuar a "lutar".
A observação atenta é
fundamental (que a memória não seja curta). Com toda a desinformação,
restrições dos "ditos Mercados" , ditames de "Bruxelas", o
voto será mesmo um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos
portugueses?
Como prenda de ABRIL
(que foi) corresponde a um direito que anteriormente não tínhamos,
significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas não é a arma do
Povo, como nos tentam fazer crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a
cidadania for um ato real de participação quotidiana na vida coletiva, quando
soubermos compreender o mundo em que vivemos e formos capazes de construir um
futuro melhor para todos. Nesta cruzada o conhecimento, a memória e o amor são
de facto armas eficazes.
ARFER
A MÁQUINA DO FUTURO
Os
Donos disto Tudo
(os
verdadeiros, que nem sequer conheces)
tinham
inventado,
construído
e exportado
em
direcção ao sul,
uma máquina
sofisticada
muito bem
oleada,
embalada a
primor com laços e uma flor
mas que
desembrulhada
e posta em
movimento
mais
parecia um cilindro
ou
rolo-compressor.
Mas os
seus mandatários
fizeram
uma festa e um grande foguetório
a dizer
que era este o transporte ideal
para um
povo simplório.
E o
cilindro lá foi comprimindo
A vida e
os sonhos dos povos do sul.
Onde o sol
brilha mais e o mar é azul.
Eis que de
repente
esta nossa
gente de tão comprimida
achou que
era tempo de mudar de vida.
Parou o
cilindro, despediu capatazes
e pôs-se a
construir o melhor transporte
que formos
capazes.
Pode não
estar pronto, que o futuro demora,
Mas é mais
bonito por dentro e por fora.
Para o
amesquinhar,” amigos da onça”
Dizem que
o seu nome é a “geringonça”.
Mas há
tanta gente que precisa dela
Que a
sonha ver pronta p’ra seguir com ela.
Não sendo
perfeita, vai-se melhorando
porque
este projecto, sendo original,
é feito
por nós, é artesanal,
pois é com
trabalho que a coisa se faz
e tem um
cartaz: “MADE IN PORTUGAL!”
A questão
maior que faz afligir os senhores do Norte
é o medo
enorme de que a gente a exporte.
Para eles,
pode ser muito duro
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