História Prensadíssima:
Quando
ainda esta terra não tinha nome, andaram por cá homens sem nome, nos tempos do Auchelense (período pré-histórico do paleolítico
superior), cujo traje seriam as peles de animais e as suas armas e ferramentas
feitas de pedra, que deixaram vestígios da sua existência em gravuras rupestres
gravadas nas rochas e nas pedras por eles trabalhadas. Foi a pré-história de um
país ainda sem nome.
Muito mais
tarde, milhares de anos depois, os Iberos (oriundos da região mediterrânica), os
Ligures (vindos da Córsega) e mais tarde os Celtas –povo guerreiro e violento,
que da região dos Alpes chegaram até cá. Fundiram-se os povos, cruzamento a
cruzamento, foi o tempo dos Celtiberos.
Fenícios,
Gregos e Cartagineses por cá passaram e cá estiveram uns bons tempos, impondo a
sua presença principalmente na região litoral, até que chegaram os Romanos à
península e encontraram feroz resistência dos indígenas, chamados, então, de
Lusitanos, tal como tinha acontecido com os Fenícios e Cartagineses.
Porém o
poderoso Império Romano não desistiu dos seus intentos, estava na fase
expansionista do seu Império, e instalou a sua base para a conquista no alto das
colinas da margem norte do RIO, a que os Fenícios tinham dado o nome de “Allis
Ubo” (enseada amena).
Apesar do
grande chefe Lusitano Viriato ter sido assassinado, segundo dizem, por um
traidor a soldo dos Romanos, Sertório (um general romano desertor) tomou o seu
lugar e venceu os romanos. Fixou residência em Évora (Liberalitas Júlia), que
mandou fortificar, lá estabeleceu a sua residência e organizou a Lusitânia à
maneira Romana.
O Romanos
não desistiram e após oito décadas e muitas batalhas, ganharam a guerra e
consolidaram a conquista da Península (59 AC). Fixaram a capital em “Emérita
Augusta” (Mérida) e como segunda cidade “Olisipo” “Felicitas Júlia”, aquela que
tinha sido a base principal para o ataque final à Lusitânia, e a cujos habitantes deram direito de cidadania
e durante cerca de 450 anos assim continuaram.
Com a
queda do Império Romano do ocidente, vieram as invasões (chamadas) bárbaras e
assim a partir se 409 DC e até 453 DC Alanos, Vândalos e Suevos por cá andaram.
Porém em 453DC chegaram os Visigodos comandados pelo Rei Leovigildo e fixaram-se por cá durante 3 séculos. Decidiram que
a “Bracara Augusta” (dos Romanos) seria a capital do reino e seriam eles, Visigodos,
que “trataram” da semente e das raízes da Cristandade na Península, que 0s
Romanos tinham implantado. na Lusitânia – região com fronteiras mal definidas,
mas na qual se encontra este “retângulo, à beira-mar plantado” que se chama “hoje”
Portugal, cujo nome se pensa ter origem num chefe lendário chamado LUSO.
Em 711DC
chegaram os Árabes, invadiram a península, que passados oito anos estava quase
toda conquistada, excepto as franjas a norte, região montanhosa, onde os
peninsulares resistiram e formaram vários reinos (Leão, Astúrias, Navarra,
Aragão….) . Durante 430 anos, mais coisa menos coisa, vivemos sob a égide
muçulmana, apesar das constantes
incursões (avanços e recuos) dos cristãos do norte. Com os muçulmanos, povo
mais culto e sábio, conhecedor da ciência e das artes, com quem, muito
aprenderam os peninsulares.
Passados
esses 4 séculos de conquistas e reconquistas começou a despontar um “fruto”que
inicialmente se chamou condado Portucalense, nome derivado de Portucale
(localidade a norte da foz do Douro) e foi assim:- Para combater os Mouros, D. Afonso VI , rei de Leão, pediu ajuda, através da
Ordem Benedictina, a uns cavaleiros gauleses. dos quais, dois se destacaram e
que, devido aos seus feitos em peleja, foram “premiados”. Assim a D. Raimundo e
D. Henrique (os tais dois) ambos de Borgonha, foram dadas em casamento as
filhas, do que seria avô do primeiro rei deste canto à beira mar plantado, que
se chamaria Portugal e que é hoje a nação mais antiga do Mundo, com fronteiras
definidas (há já 769 anos, após a conquista de Silves, no reinado de D. Afonso
III ).
Assim D.
Raimundo casou com Dona Urraca (a filha legítima) e D. Henrique “o Borgonhês”
casou com Dona Teresa (filha bastarda) e ainda, no que ao caso interessa, ao 2º
casal foi ofertado como prenda de casamento o Condado Portucalense, região
limitada entre os rios Douro e Minho, a sul estavam os Mouros.
Nasceria,
algum tempo depois, um rebento que se chamaria AFONSO (tal como o avô) que na
puberdade foi entregue aos cuidados de uma família abastada (família Mendes) e
teve como Aio um tal Egas Moniz, que o educou e protegeu. Porém Dona Teresa sua
“santa” mãe influenciada por um fidalgo galego – Fernão Peres de Trava – antes
e depois da morte do “Borgonhês”, estava a levar o condado à perda da
independência, pelo que D. Afonso (o infante) decidiu, pôr a mãe fora de casa
e, como único herdeiro, tomar as rédeas do condado. Assim resolveu em 1128, nos
arredores de Guimarães, colocar a mãe em seu sítio e deu-se a batalha de S.
Mamede, o que irritou o avô. Para evitar desacatos o Aio e fiel servidor do
infante, pessoa respeitável e influente, acalmou D. Afonso VI rei de Leão e D.
Afonso Henriques (por ser filho de Henrique) decidiu auto-denominar-se Rei de
Portugal. Apesar de algumas negativas da Santa Sé e algumas escaramuças com o
avô, lá conseguiu a sua “legalização”. Seria o “Conquistador” e decidiu avançar
para sul, com ajudas aqui e ali, ora de cruzados (Lisboa) ora da populaça
(Évora), lá foi atingindo os seus objectivos. Dando umas benesses, por exemplo:
a região de Tomar aos “Templários”, a de Alcobaça aos monges de Cister, Évora a
Giraldo…etc., lá foi alargando o território e consolidando a independência, que
só foi atingida na sua globalidade, com as fronteiras que hoje temos, quatro
reinados depois por D. Afonso III em 1249.
Até à
definição das fronteiras do país que hoje somos foi preciso um Século para lá
chegar e o tempo de cinco reinados:- D. Afonso I, D. Sancho I, D. Afonso II, D.
Sancho II e finalmente D. Afonso III, o que decidiu, também, fixar a capital do reino em “Lix Bona”.
O reino
entrou em fase de paz, à parte de pequenas escaramuças, e dedicou-se às
questões políticas, económicas e sociais. D. Dinis
foi feito rei e tomou decisões evoluídas para o seu tempo, consagrou-se à área
do saber e criou uma Universidade em Lix Bona que seria transferida para
Coimbra (cidade de mais sossego e no centro do reino), isto em 1308. Foi
protector da agricultura, daí o cognome de “Lavrador”, e mandou plantar o
pinhal de Leiria tendo em vista suster o avanço das areias da orla marítima.
Mais tarde a madeira desses pinheiros foi um valor acrescentado e deu grande
contributo para a construção naval (não havia eucaliptos, que só um pouco mais
de 2 séculos chegariam à Europa).
Rebaptizou
os “Templários” em “Ordem de Cristo”e colocou-os no seu lugar.
Teve como
digna e virtuosa esposa a senhora do “milagre das rosas”. A rainha Santa
Isabel.
Sucedeu-lhe
o filho D. Afonso IV “o Bravo” que casou com Dona Beatriz de Castela e teve 7
filhos. Dotado de um carácter irascível e violento ocasionando confrontações
com vários familiares. Declarou guerra a Castela até que teve que se unir com
esta para combater os Mouros (batalha do Salado).
O que o
torna mais conhecido, nas estórias da história foi o facto de ter mandado matar,
Dona Inês de Castro, dama de companhia da princesa (Dona Constança de
Castela) que tinha sido indigitada para
esposa do filho varão D. Pedro, que viria a ser o “justiceiro”. A culpa de Dª Inês foi, tão somente, a de ser
bela e formosa e essa beleza conquistou D. Pedro. D. Afonso achando perigosa
essa relação, devido á influência que ela e sua família exerciam sobre o
herdeiro do trono e a antipatia gerada em torno desse amor que viria a ser
causa nacional, mandou-a matar por degolação (diz-se que o local do acto foi a
fonte dos Amores em Coimbra). Dona
Constança adoeceu de desgosto e acabou por morrer no parto do terceiro filho.
No
entanto, D. Afonso IV à parte do seu carácter violento, tomou medidas acertadas
durante o seu reinado em áreas como a justiça, a cultura, agricultura, saúde,
comércio e navegação.
D.
Pedro I sucede ao pai, e como
primeira medida manda matar os algozes de Inês a sua amada (daí o cognome de
“Justiceiro”), com quem, declarou ter casado secretamente e que desse amor
teria nascido um filho bastardo.
Devido ao
facto de ter introduzido como lei o beneplácito régio pelo qual todas as bulas
da Santa Sé careciam de visto real, o que lhe veio a garantir a inimizade do
clero.
Os restos
mortais de Pedro e Inês estão, em dois dos mais belos túmulos já vistos, no
mosteiro de Alcobaça.
Sucede-lhe
D. Fernando “o Formoso”, que viria a casar com Dona Leonor Teles que lhe daria
uma filha-Dona Beatriz, que viria a casar-se com o rei de Castela).
Entretanto,
para além da lei das sesmarias decidiu aliançar-se com Eduardo III de
Inglaterra, aliança Luso-Inglesa, que mais tarde viria a servir o interesse
destes.
Morto D.
Fernando, Leonor Teles tornou-se a regente do reino e a filha (Dona Beatriz)
casada com o rei de Castela viria a reclamar o trono (aliás as mulheres foram a
causa principal dos grandes conflitos entre Portugal e Castela). Perante a
hipótese de perda da independência, o povo de Lisboa auto elegeu, como seu Rei
D. João I, Mestre de Aviz, filho bastardo de El rei D. Pedro ao qual se aliaria
outro jovem, ele também filho bastardo, D. Nuno Alvares Pereira.
Depois da
“eleição” popular em Lisboa e da morte do Conde de Andeiro amigo “influente” da
regente Dona Leonor Teles e da entrega, por ordem desta, da alcáçova (castelo
de S. Jorge) ao infante D. João (O eleito pelo povão), os castelhanos cercaram Lisboa,
mas retiraram vencidos pela resistência e derrotados pela peste. Mais tarde em
1385 nas Côrtes reunidas em Coimbra, João das Regras fez a proclamação,
legitimando o eleito e declarando D. João I rei de Portugal.
O rei de
Castela não gostou da decisão e invadiu Portugal com um poderoso exército e
mais uma vez o azar bateu à porta das hostes castelhanas. Para além da estória
da padeira que matou sete castelhanos à pazada, o seu poderoso exército foi
amplamente derrotado na Batalha de Aljubarrota*, pelas tropas lusas comandadas
pelo condestável do reino D. Nuno Alvares Pereira. Outras pequenas batalhas se
sucederam, mas lá se deram por vencidos definitivamente. Voltaram à carga, como
veremos mais tarde (1580) e sempre por via das ligações conjugais.
Iniciou-se
uma nova etapa (2ª Dinastia). Com o reinado de D. João
I, firmaram-se as raízes da expansão portuguesa que acabaria por chegar
a todos os cantos do Mundo (conhecido e desconhecido). Primeiro as campanhas
contra os mouros do Norte de África, que de quando em vez atacavam e pirateavam
as costas do Algarve. A primeira grande campanha foi a conquista de Ceuta,
comandada pelo próprio rei, onde armou cavaleiros os seu filhos Duarte, Pedro e
Henrique o que viria a ser o “pai” dos Descobrimentos.
Então
deu-se início a um dos mais extraordinários feitos da história da humanidade,
Portugal liderou a descoberta do Mundo desconhecido até então.
Depois de
Ceuta, D. Henrique fundou a Escola de Sagres, centro de estudos navais,
rodeando-se dos melhores geógrafos, matemáticos e cartógrafos daquela época.
Estudaram novos modelos de embarcações, adequadas a grandes viagens, das quais
a Caravela e a Nau foram os expoentes para a época e as lendas do mar
invencível esfumaram-se.
* O mosteiro da Batalha (Aljubarrota) foi mandado construir em
honra dessa vitória.
D. João, o
primeiro, morreu e um dos seus filhos, Dom Duarte, subiu ao trono e a epopeia
marítima continuou. Seguiram-se-lhe D. Afonso V “o Africano” que também seguiu
pelo mesmo caminho e as descobertas ao longo da costa africana foram-se
sucedendo, os ventos e as correntes do Atlântico foram sendo familiares.
Sucede-lhe
D. João II “Príncipe Perfeito” que seguindo a mesma directiva, lhe dá a maior
dimensão histórica. Portugal tornar-se-á o centro do Mundo e Lisboa sua porta.
Estabelecem-se feitorias ao longo da costa africana. O forte de Mina é construído
como base militar de apoio. Diogo Cão chega à foz do Zaire e conhece a costa
ocidental, de seguida Bartolomeu Dias
chega à foz do Zaire e conhece as “terras” que hoje são o maior pais de língua
portuguesa em Africa (Angola). De seguida Bartolomeu Dias a mando de El Rei D.
João II , “vence” o “Adamastor” e dobra o Cabo das Tormentas, baptizado de Cabo
da Boa Esperança. Estava descoberta a passagem do Atlântico para o Indico e Pacífico,
franqueada a “porta” do caminho marítimo para a Índia, o encontro amistoso com
o Império Chinês e todos povos das terras banhadas pelo Oceano Pacífico.
D. João
II, também, já conhecedor do continente americano e da geografia do Atlântico
rejeita os serviços de Colombo, casado com a filha de Bartolomeu Perestrelo e
no Tratado de Tordesilhas, manda Duarte Pacheco Pereira em sua representação
negociar o afastamento da Linha divisória acordada (traçado em Alcáçovas) para
mais 270 milhas marítimas a ocidente, razão porque “acidentalmente” Alvares
Cabral de desviou da rota da Índia e foi dar a Porto Seguro, “fazendo” com que
hoje mais de 200 milhões de pessoas falem português.
D. João II
acolheu os Judeus expulsos de Espanha e deu-lhes protecção a troco de um
tributo e dos quais se destacou Abraão Zacuto seu colaborador como astrónomo,
médico e matemático. Enfrentou a Igreja retrógrada e fundamentalista e também,
como é natural e devido ao seu carácter, a nobreza caduca (anti progresso). Nomeia
corregedores e faz justiça. D. Fernando duque de Bragança que comandava os ideais
dessa nobreza é decapitado na Praça do Giraldo em Évora, após julgamento no
Palácio das 5 quinas. Tendo em vista a grandeza de Portugal, semeou muitos
inimigos.
Ao fim de
13 anos de reinado o visionário, diplomata, guerreiro, homem alto e forte
fisicamente morre a vomitar sangue em Alvor (diz-se que envenenado) e tendo o
seu filho Afonso, exímio cavaleiro, morrido também, por queda “acidental” de
cavalo. O REI que herdou de seu pai as estradas e caminhos para governar e
almejava deixar a seu filho o reino da Ibéria, não tinha sucessor.
Sobe ao trono
o seu primo D. Manuel “o Venturoso”(pudera, com
uma herança daquele calibre) que no Verão de 1497 envia uma pequena frota de 4
navios, comandada por Vasco da Gama (homem de confiança de D. João II) a
caminho da Índia, que dez meses depois de grandes privações lá chegara a
Calecute. Por sua vez Pedro Alvares Cabral em 1500 chega ao Brasil, que fruto
do acto político de D. João II que já conhecia a existência daquelas terras
(secretamente), as fez pertencer à coroa portuguesa.
O domínio
da rota da Índia abalou a supremacia árabe, o império Turco e Veneza, que até
aí dominavam as rotas comerciais com o Oriente.
Lisboa
tornou-se a “Porta do Mundo” e a enseada amena “Allis Ubo” enchia-se de velas e
levando o nome de Portugal a Toda a parte.
Ao palco
do Tejo chegam naus das mais variadas bandeiras, é o encontro com o Mundo
conhecido e desconhecido. Da aventura e do sonho nasce a realidade. Os novos
conhecimentos promovem o desenvolvimento das ciências e das artes. “Nasce” um
novo estilo arquitetónico (o “manuelino”) patenteado pelo mestre BOITACA e
outros… obras de que destaco o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.
Morre D.
Manuel e vem D. João III e com ele o principio da “queda”. Estava-se em tempo
de Reforma e em vez de Lutero ou próximos, instala-se a “Santa” Inquisição,
neste “reino à beira mar plantado”. Os Judeus e não crentes da Igreja de Roma
são expulsos, postos em fuga ou simplesmente na clandestinidade e os que o não
conseguem são queimados vivos e os seus bens tornam-se pertença da Santa Sé. O
primeiro Auto de Fé (macro churrasco) dá-se na Ribeira Velha (onde hoje se
situa a Casa dos Bicos). A companhia de Jesus de Inácio de Loyola cresce em
influência.
Abandonou
umas e reforçou outras (praças fortes da rota da Índia), incrementou o
povoamento do Brasil, mas o seu reinado foi o principio do declínio do Império.
Morre D.
João III e vem D. Sebastião “o Desejado”, ainda uma criança que sendo facilmente
manipulável foi enviado para a morte em
Alcácer Quibir, quem sabe se a mando da Corte castelhana e da nobreza lusa que
lhe era afecta.
Sem
sucessor o Cardeal D. Henrique, já de longa idade, toma a regência do reino do
“Desejado”, entretanto desaparecido e configurou-se o já previsto….o
“Assalto”de Felipe II de Espanha ao trono português.
Apesar da
resistência de alguns portugueses comandados por António Prior do Crato
enfrentaram o poder de parte da nobreza portuguesa e do Rei de Espanha, mas a
derrota definitiva aconteceu na batalha de Alcântara, perante um grande exército
espanhol comandado pelo Duque de Alba.
Em 1580
iniciava-se a era dos Filipes e foram três. Portugal perde a independência, as
terras de Além-Mar e o poderio naval que era seu, que a expensas de Espanha se
perdeu por afundamento, incluído na “Armada Invencível”. Holandeses e Ingleses
passaram a dominar os mares e com isso as rotas comerciais.
O
Sebastianismo não bastava para alimentar o ego dos portugueses e durante
sessenta anos fomos território castelhano e súbditos de Suas Majestades os Reis
de Espanha. Porem a identidade não se perdeu e no dia um de Dezembro de 1640
tocou-se a rebate. A Regente do reino, duquesa de Mântua, foi expulsa e o seu
secretário (ministro) atirado como lixo, da Janela para a rua.
Nascia uma
nova dinastia, a Casa de Bragança tomava o Poder. O eleito foi D. João IV e
deu-se início à reconquista das terras e dos bens perdidos.
Após
algumas batalhas e trabalho diplomático, Espanha desistiu dos seus intentos,
incapaz de vencer a resistência de um povo que queria ser ele próprio e da
pressão sentida nos mares por Holandeses e Ingleses.
Reconquista-se
o Brasil, Angola e tudo o que ainda foi possível, com a ajuda dos naturais
(fruto da miscigenação). Posteriormente, em 1661, a Inglaterra com base na
Aliança firmada em 1373, compromete-se a ajudar na defesa militar de Portugal,
tendo em vista o seu inimigo principal e concorrencial, a Espanha.
Em 1706
sobe ao trono D. João V, uma espécie de rei sol, em plena época do Barroco e
com o ouro do Brasil e tudo o mais que vinha das colónias, para além de ofertar
riquezas imensas à Santa Sé em embaixadas luxuosas (ver alguns dos carros
sumptuosos que estão no Museu dos Coches), ainda mandou executar grandes obras
no reino, tais como: o Aqueduto das Aguas Livres, Convento de Mafra (e os
célebres carrilhões), a Igreja de S. Roque e a Biblioteca da Universidade de
Coimbra e outras.
Também, em
defesa do Papado, enviou poderosa Armada que venceu os Turcos na batalha de “Matapan”,
pelo que o Papa Clemente XI, lhe ficou muito grato (aliás a forte ligação entre
a casa de Bragança e o papado sempre foi muito íntima, o Marquês de Pombal que
testemunhe).
Morre D.
João V e vem D. José I com o súper ministro Sebastião José de Carvalho e Melo
que de grande embaixador passa a dirigir os destinos do país. Portugal volta de
novo a crescer e nem o Terramoto de 1755 foi impedimento para que tal
acontecesse. A frase “enterrem os mortos e tratem dos vivos” dá disso conta, é
o ponto de partida para a reconstrução e o desenvolvimento do País. Renasce dos
escombros uma Lisboa nova, de traçado rectilíneo, praças amplas e ruas largas.
Nesta
governação protege-se e apoia-se o desenvolvimento da indústria e do comércio,
demarcam-se as regiões vinícolas, trabalha-se tendo em vista o progresso e o
futuro. Porem, tal qual D. João II, resolve o Marquês, para bem do colectivo,
combater a nobreza arcaica e caduca e os seus direitos e poderes ilegítimos,
bem como a Companhia de Jesus (mais uma vez) que estava do lado destes e, mais
ainda, servia no Brasil os interesses de Espanha. Assim cria um lote de
poderosos inimigos que se aproveita da morte do Rei D. José e com a ascensão de
sua filha Dona Maria I promovem a sua “condenação” ao exílio.
Não sei se
por castigo ou devido às pressões internas ou externas, a Rainha acaba por
enlouquecer e sucede-lhe D. João VI, primeiro como regente, que não sendo já de
si um rei muito competente, ainda teve o azar de Napoleão decidir invadir
Portugal e assim a família real e a Corte em peso, embarcam e refugiam-se no
Brasil.
Durante
alguns anos, com mais combate e mais batalha os franceses batem em retirada,
depois do General Massena, o preferido de Napoleão, ter sido derrotado e as
suas tropas postas em debandada. No entanto o saque havido foi tal, que deixou
o país mais pobre.
D. João VI
regressa do Brasil e fica lá o filho D. Pedro, rastilho para que a grande
colónia se viesse a tornar independente. D.Pedro seria o primeiro Imperador
desse novo e grande país de língua portuguesa (1821).
Em
Portugal a situação estava difícil, D. João VI devido ao facto de não ser muito
competente assim o permitia e os desejosos do Absolutismo promovem e apoiam uma
revolta comandada por D. Miguel (seu filho), que inicialmente tem sucesso, mas
não obtém finalização e D. João VI ordena o exílio de seu filho em Viena. Porém
com a morte do rei o problema da sucessão coloca-se e D. Miguel volta à carga,
já que o herdeiro legítimo era o Imperador do Brasil.
D. Miguel
é eleito rei, pela nobreza que procura reaver o seu poder absoluto e pelo clero
conservador, porém D. Pedro que era um Liberal, renuncia à condição de
Imperador do Brasil e decide reclamar a coroa portuguesa que era sua por
direito. Desembarca na Ilha Terceira (1832), organiza as suas tropas, segue
para o Porto e daí se inicia o caminho da vitória. Em 1833 a reabilitação da
memória do Marquês de Pombal é decretada e em 1834 na convenção de Évora Monte
a vitória dos Liberais é assinalada. Reclama o trono para a sua filha Dona
Maria e morre pouco tempo depois, tuberculoso.
Dona Maria
II, sobe ao trono muito nova, assiste-se a algumas revoltas e convulsões,
sanadas com a reforma da Carta Constitucional de 1852. Casada com um príncipe
alemão – D. Fernando de Sax Coburgo -, homem culto e inteligente (e como na
sombra de uma grande mulher está um grande homem) governou com grande saber e o
seu reinado não sendo pacífico foi inteligente, com rigor e equilíbrio. Apoiaram-se as artes, “nasceu” a Casa Pia, a
Santa Casa da Misericórdia e manda construir o Palácio da Pena, em Sintra, que
seria a residência de Verão da família real. Morreu no parto do seu 11º filho.
Dona Maria
morre e sucede-lhe D. Pedro V (seu filho) ainda novo, mas espantosamente culto,
inteligente e generoso. O seu reinado foi curto, (6 anos apenas) ainda assim
pelas reformas efectuadas, de grande interesse para o povo, era um rei amado.
Acompanhou nos hospitais e nas ruas as vítimas das epidemias de cólera e febre
amarela (1855 e 1857), custeou a criação do Curso Superior de Letras, do
primeiro Observatório Astronómico, o Caminho de Ferro, adoptou o sistema
métrico, a construção de novas estradas. Morreu em 1861, um ano depois de Sua
mulher a Rainha dona Estefânia.
Sucede-lhe
o irmão D. Luís também virtuoso e de grande formação cultural e científica,
pretendia dar seguimento à linha política de seu irmão, porém no seu reinado,
que foi longo, enfrentou graves crises económicas, mas apesar disso
ampliaram-se as rede ferroviária e viária, iniciaram-se as obras nos portos de
Lisboa e de Leixões.
Aboliu em
definitivo a escravatura e intentou dar às colónias de África um maior
desenvolvimento. Morre em 1889 e D. Carlos I subiu ao trono numa época em que
as ideias republicanas germinavam e emergiam.
O reinado
de D. Carlos (também um rei culto) sofre um rude golpe em 1890, a humilhação
imposta pelo “Ultimatum” inglês (negando o acordado na Conferência de Berlim e
“rasgando” o Mapa Cor de Rosa, que definia as fronteiras coloniais) que exigia
por parte de Portugal o abandono de parte das suas colónias, provocou
indignação e revolta. A “Portuguesa*” cantou-se nas ruas, e em 1891 a revolta
do 31 de Janeiro deu em banho de sangue, nem a tentativa de ditadura imposta
pelo seu poderoso ministro João Franco salvou a monarquia.
No dia 1
de Fevereiro de 1908, vindo de Vila Viçosa, D. Carlos e o seu filho D. Filipe
são abatidos a tiro no Terreiro do Paço, escapando a Rainha Dona Amélia e o seu
filho mais novo D. Manuel II, que sucederia ao pai, mas por pouco tempo. Os
partidos Regenerador e Progressista não se entendiam, os Republicanos minavam a
Monarquia, a ditadura de João Franco tentava impor-se, o Parlamento não
funcionava. A tentativa de reformas sociais não chegou, os Republicanos ganham
força e em 5 de Outubro de 1910 era implantada a República. A família real
abandonou o país, em fuga, e embarcou na Ericeira, rumo a Inglaterra. O rei D.
Manuel II, não mais voltou, enquanto vivo a Portugal.
*”A Portuguesa” passou a ser o Hino Nacional,
após a implantação da República, poema de Lopes Mendonça e música de Alfredo
Keil.
(a) Quando D. Manuel II
morreu, o Governo de Salazar mandou transladar os seus restos mortais para
Lisboa.
*** Para
os meus alunos da UTIB …. Seguir-se-á a “História prensadíssima da República …
até ver.
ARFER - 28/4/2005