O APREGOAR DA CIDADE
Palavras ditas em 1975
Na Lisboa de outro tempo
Ecoavam os pregões
Eram sons com sentimento
Que
eram como poemas
Transmitidos
em canções.
Vendedeiras,
vendedores
Calcorreando
a Cidade,
Lembrados
em tantos Fados.
Que
recordo com saudade.
O
cauteleiro, a varina,
Leiteira,
padeiro à porta,
A
vendedeira dos figos,
da
“rica amora da horta”,
A
mulher da fava-rica,
O
“petrolino” cantor
E
o toque do amolador.
No
beco, na rua ou na praça
Iam
deixando os seus cantos
De
Alfama até à Graça.
Era
o homem das castanhas
Que
perfumava a cidade
No
Outono, ao fim da tarde.
E
um POVO que sonhava
Apregoar
LIBERDADE.
A
LIBERDADE que um dia
O
mês de Abril viu chegar
Aquela
que o POVO queria
E
que tanto o fez sonhar
E
que em MAIO no primeiro dia
O
trouxe à rua a CANTAR.
ARFER