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domingo, 28 de junho de 2020

BARREIRO - DIA DA CIDADE


       “A CIDADE E A IDENTIDADE – BARREIRO”
A cidade não é apenas uma estrutura física, ela é um produto da evolução histórica um signo de vivências, um conjunto estruturado de bairros e ruas com vida própria, produto de um conjunto de vivências de cidadãos que ao longo do tempo a criaram e a transformaram é por isso um museu vivo, retrato da Memória Colectiva que transmite um sentimento de pertença cultural, onde cada rua e cada bairro tem a sua história.

Georg Simmel em “A Metrópole e o Espírito da Vida” (1903) retrata a cidade grande e o constante fluxo migratório de pessoas vindas do interior para a cidade, para tentar uma vida melhor. Para Henry Lefevre, filosofo marxista e sociólogo francês e um do dos fundadores da teoria urbana no seu texto “O Direito à Cidade” (1901), Lefevre parte da ideia de que o capitalismo produziu novas formas urbanas, uma cidade capitalizada e controlada.

O Barreiro durante décadas foi, também, uma cidade supostamente controlada, primeiro pela exploração capitalista emergente da revolução industrial e depois através da politica repressiva da ditadura.
A cidade em si não gera contradições sociais, ou seja, elas existem reflexo dos interesses individuais ou colectivos. Mas foi no seio das cidades que se processaram as grandes transformações sociais do século XX.
A história recente, do Barreiro, é plena de episódios e factos de cabal importância, quer para a história local, quer para a história de Portugal. Sendo a cidade que me acolheu, pela vivência e convivência continuada, posso afirmar que o Barreiro é exemplo de grandes transformações sociais, no associativismo, na cultura e no desenvolvimento.
A cidade foi criando a sua identidade, fundamentada na interculturalidade, de diferentes histórias de vida de gentes vindas de muitos sítios, num quotidiano, ainda que marcado pelas diferenças, mas com um objectivo comum, marcado pela vontade de construir uma terra de todos e para todos.
Esta postura, esta marca de identidade que ainda hoje prevalece, surgiu em grande parte com a implantação do Caminho de Ferro que redesenhou a antiga vila ribeirinha com os traços característicos dos operários e respectivas famílias, oriundos, sobretudo, do Sul do país. Foram ficando e deixando os exemplos do seu trabalho e da sua cultura, hoje tão vincadamente marcantes na sua postura social. Assim o Barreiro cresceu por dentro e para fora.
Com o Caminho de Ferro, reassumiu o seu papel na História de Portugal, anteriormente (sec. XV) referenciado põe Álvaro Velho do Barreiro, cronista da viagem que levou Vasco da Gama à Índia
O Comboio está na génese da transformação de uma pequena Vila (Carta de Foral de 16/01/1512 – D. Manuel I) de pescadores e salineiros, numa cidade ligada à revolução industrial que se processou em finais do século XIX. A chegada do Caminho de Ferro, em 1859, veio potenciar o seu crescimento urbano e demográfico.
Ainda que, oficialmente, a inauguração da linha do Sul tenha acontecido no ano de 1861, a relação do Barreiro com o Comboio e a certeza de que essa importante via de comunicação viria a ser o ponto de partida para a grande transformação da pequena Vila na Cidade industrial que, durante um século, foi um dos pólos produtivos mais importantes do país, aconteceu de facto em 1859, no dia dois de Fevereiro, quando Sua Majestade o Rei D. Pedro V, acompanhado de sua família e altas figuras da Nação foram recebidos festivamente no Barreiro. O objecto dessa visita foi a semente que deu origem à cidade industrial, que viria a ser. Foi a primeira viagem de comboio, oficialmente designada e noticiada, com partida do Barreiro e chegada a Vendas Novas.
Em 1875 instalaram-se as primeiras fábricas, ligadas à indústria de transformação de cortiça, vinda do Alentejo e com a cortiça vieram os homens e mulheres, na busca de uma vida melhor.
Mais tarde, em 1908, a Companhia União Fabril começa a instalar o seu núcleo central de fábricas e, à volta destas, vão-se construindo novos bairros, necessários ao alojamento dos imigrantes vindos de todo o país, sendo na sua maioria do Alentejo e Algarve, que ali procuravam o seu sustento.
De tal modo se desenvolveu o Barreiro que, em 28 de Junho de 1984, foi elevado à categoria de Cidade, exactamente num período em que, demográficamente, apresentava sintomas de estagnação, em grande parte devido ao encerramento da maioria das unidades produtivas. Em consequência disso , adveio o desemprego, a procura de trabalho noutros lugares e assim, em termos quantitativos, aumentaram as migrações pendulares e muitos residentes emigraram para outras paragens. Hoje, a cidade que foi signo de progresso material, pelas suas características de cidade industrial, inserida principal área metropolitana do país, o seu património material e museológico é rico quanto a arqueologia industrial e guarda, fundamentalmente, uma Memória Colectiva muito rica.
O Barreiro é cidade há um quarto de século, já passou por crises piores do que esta, sabe o é repressão e como resistir e é com os homens e mulheres que amam a sua cidade que, paulatinamente, vai desbravando os caminhos para um futuro melhor.

ARFER
QUARTA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO DE 2009
A POLÍTICA E “O MANTO DIÁFANO DA FANTASIA QUE ESCONDE A NUDEZ FORTE DA VERDADE”
Ouve-se muitas vezes o cidadão comum parafrasear: - “Eu não sou político ou, simplesmente, nada tenho a ver com a política…” e ainda “..Os políticos são todos iguais…”. Puro engano, nem todos defendem os mesmos objectivos, uns servem politicamente, com honestidade o povo que os elegeu (servem a política) outros defendem interesses instalados, apoiados por grandes grupos económicos e financeiros (servem-se da política).
Nas opções, nas atitudes ou actos que praticamos, na nossa vida activa, familiar ou de âmbito social, a política está presente. Política de Educação quando se trata dos nossos filhos ou da relação que temos com os estabelecimentos de ensino e de aprendizagem. Política de Trabalho ou segurança social, quando nas empresas, nos sindicatos e até na rua nos manifestamos em defesa dos nossos direitos. Política económica e financeira, enquanto consumidores e na gestão dos parcos (ou não) rendimentos que temos ao nosso dispor. TODOS SOMOS UMA PEÇA NO XADREZ DA POLÌTICA.
Essa ideia de afastar o cidadão da prática de cidadania, quanto à sua participação na vida política activa na Sociedade em que está inserido, vem dos tempos da ditadura. Se bem nos lembramos (é bom que não caia no esquecimento), nesse tempo a informação era escassa, censurada e o analfabetismo era um mal que atingia mais pessoas que, algum dia a GRIPE A (vírus H1N1) venha a afectar.
Hoje todos têm escola e a informação ainda que, por vezes distorcida, eivada de meias verdades, a dita sem contradita ou plena da presença de políticos e comentadores que são hábeis na utilização do tal “Manto diáfano que esconde a verdade”.
A observação atenta é fundamental para que, na hora de decidir em que votar, a cruzinha seja colocada no quadradinho certo, com a consciência de que o fazemos pensando que, ao fazê-lo, optámos pelo bem da sociedade de que fazemos parte, tendo em conta o presente e o futuro.
O VOTO não é a arma do Povo, como nos tentam fazer crer. A participação na prática da cidadania, o conhecimento, o sentimento e a memória é que são de facto as armas mais eficazes.
O voto não é para ser usado como se de um campeonato ou de um concurso se trate. É comum ouvirmos as palavras ou frases: - “Vencemos” “Queremos o 1º lugar…), “O 3º lugar já era uma vitória…” etc. , pois bem, esta é também uma forma de iludir e exaltar de forma errónea, mas calculada, a decisão do cidadão comum.
Como se tem verificado, os debates políticos em que participam os representantes dos partidos políticos, passíveis de serem Governo da Nação, são mornos, pouca informação nos trazem e revelam, quanto a políticas de fundo, tais como Sociais, Fiscais, Laborais e quanto à relação com os poderes económico e financeiro, que por serem tão iguais, usam de forma implacável o tal “Manto Diáfano da Fantasia que cobre a Nudez Forte da Verdade”..(Dedicatória do monumento sito no Largo Barão de Quintela, ao Chiado).
Na perspectiva de continuarem a ser “Os ÚNICOS” insistem em conotar as eleições como se de um jogo se tratasse e o objectivo fosse a classificação final, com a taça e o prémio de participação na final a ser entregue com pompa e circunstância. Ser 1º ou 2º é o objectivo primário, ter em conta o país real é objecto secundário. Para isso contam com o apoio de “Grandes Famílias Grandes Empresas” (Edições D. Quixote), e como se de um jogo de Xadrez se trate, basta-lhes mudar umas pedras no tabuleiro do poder, manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são limitadas nas acções que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, jogam no pressuposto da memória curta e dos MEDOS da sujeição à Lei da Oferta e da Procura em que os peões são vistos e tratados como mercadoria negociável e descartável. Se muito protestarem, sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder, com pequenas cedências aqui e ali. Receita é conhecida.
Podem pensar ou dizer, ele (EU) repete-se, mas as repetições activam a memória.
É nas palavras não ditas que escondem as intenções, alternando com a afirmação do alter-ego quanto a curriculum académico, revelam algumas diferenças quanto ao Investimento estrutural e necessário ao desenvolvimento e ao Futuro, mas que penso ter a ver com uma simples questão temporal, tendo em vista a captação de uns votozitos de quem não entende o país como um todo e naqueles que vêem na vizinha Espanha o inimigo secular. Porém o dito investimento tem de ser feito e os acordos cumpridos, resta só saber quem vai assinar a adjudicação.
A Exma. Senhora Doutora, Professora catedrática, era assim que gostaria de ser tratada, afirmou e reafirmou que a Ponte Chelas-Barreiro, Aeroporto de Lisboa e TGV, implicavam gravíssimos problemas estruturais e endividamento eterno para as gerações vindouras, já que o País ficaria empenhado cerca de 49 anos. Ora afirmações deste tipo não me parecem eivadas de verdade ou razão, mais uma vez o tal “Manto diáfano” acoberta as intenções guardadas, porque sendo assim só no ano de 2060 se fariam tais investimentos e se a situação económica, nessa altura, o permitisse. Inviável tal propósito, Portugal ficaria e continuaria como está, mais só, no extremo ocidental da “Jangada de Pedra”, ainda que já não haja qualquer hipótese de voltarmos ao tempo dos “Homens que nunca foram meninos”.
Há quem diga que não, mas há semelhanças na história. O “Velho do Restelo” vociferou, mas as viagens à Índia fizeram-se e quando o “Príncipe Perfeito” , D. João que seria o Segundo, disse, ao ser designado Rei de Portugal e dos Algarves, “… O meu pai só me deixou as estradas e caminhos de Portugal para governar….”, via o futuro nesse presente menos bom e, no pouco tempo da sua governação (13 anos) tornou grande este pequeno país e abriu-lhe as portas do futuro.
O tema já vai longo, porém não quero deixar de fazer lembrar a um político e autarca da nossa praça, pessoa de bem, que a dinamização do Centro do Barreiro, com a construção do FORUM BARREIRO e a reconstrução/reabilitação do MERCADO 1º de MAIO, foram e são geradores de mais emprego e qualidade de vida para os Barreirense. Bem como para os que passam parte do dia na nossa cidade. Não esquecendo que O FORUM BARREIRO numa colaboração ampla, séria e profícua tem apoiado iniciativas várias de índole sócio - cultural e o concelho na comparticipação de custos de instalação de infra-estruturas necessárias à construção de um Barreiro melhor. 
O J. S. afinal viu e entendeu. Ahhh…quanto ao Barreiro dito Velho, diria Barreiro Antigo, ou pólo de partida da pequena Vila que se tornou cidade, é na Assembleia da República (Legislativa) para que se vão eleger deputados, na eleição que se aproxima, que cabe decidir e adequar as Leis, quanto a espaços urbanos e rurais, adequadas à actualidade e em consonância com o que se passa na maior parte dos países da Europa de que fazemos parte.
Por agora fica um BEM HAJA para aqueles que, independentemente da camisola que vestem, trabalham para a construção de um BARREIRO melhor, digno dos pergaminhos reveladores da sua identidade solidária e multicultural. Obrigado Senhor Presidente da Autarquia pela forma empenhada que tem dedicado na defesa dos interesses da cidade que o viu nascer e tanto ama, bem como da área metropolitana envolvente do estuário do Tejo que, no SEC. XVI, teve de cognome “A PORTA DO MUNDO” e foi ponto de encontro de muitas culturas, povos e civilizações.
UM BEM HAJA para todos – 
Viva o Barreiro
ARFER

quinta-feira, 18 de junho de 2020

JOSÉ SARAMAGO - O HOMEM, O NOBEL DA LITERATURA PORTUGUESA!!!


PARA QUE AS MEMÓRIAS FLORESÇAM

         O HOMEM E A PALAVRA - DEZ ANOS DEPOIS

                  Palavras ditas em 18 de JUNHO de 2010

 MORREU JOSÉ SARAMAGO Mas ficará sempre entre nós, HOMEM do POVO Que tudo fez e desde sempre lutou Para ver o seu Portugal, um país novo. Gostava de CAMÕES e dos poetas da Liberdade, Amado por muitos, ostracizado por alguns Nunca baixou a guarda na defesa da Verdade. Aqueles que desdenharam o seu valor, apresentam, hoje, sentidos pêsames vazios de sentimento. O HOMEM DA “Jangada de Pedra” que uniu os povos das margens do grande Oceano, respirou hoje pela última vez e, decerto, a sua última vontade foi a de seguirmos o seu ideal. O MUNDO FICOU MAIS POBRE. Em vez de ADEUS, um ATÉ JÁ !!! ARFER

 PALAVRAS DITAS (Moita -2012)  Numa evocação à sua memória.

A DANÇA É VIDA
Neste palco do MUNDO
Em que todos somos atores.
Na dança dos sonhos
Só se erguem HOMENS de sonho,           
Na lucidez da sua cegueira,
Na dureza do seu caráter,
Nas palavras do seu Evangelho.
E na corrente da limpidez da sua PALAVRA
Carregada de sabedoria                                
Levar-nos-ia na “Jangada de Pedra”
Comandada por bom timoneiro
Ao encontro da “Ilha dos Sonhos”
Onde todos os homens e mulheres
Seriam livres e “Levantados do Chão”.       
Nessa sua “Ilha desconhecida”
Em que múltiplas gentes
De todos os continentes,
Numa sinfonia multicultural,
Fariam dela a sua PÁTRIA.                       
  
Nela honrariam a língua que os unia
Numa dança e num canto de louvor à LIBERDADE.
Por ela derramariam o seu “sangue”,
Pela igualdade no direito e no dever.
No sonho que nele habita                          
    
Dessa tal “Ilha encantada«
Em que o SER dignifica
E o TER não lhe diz nada

ARFER - 2010

E o HOMEM disse:-                                                        (Palavras de JOSÉ SARAMAGO)
“ Negar a minha Pátria é como rejeitar o meu próprio sangue…”
E o HOMEM interroga:
“ Como é que se pode não pertencer á língua que se aprendeu, a língua com que se comunica, neste caso a língua com que se escreve?? …”

 "Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens".  "Livro das Evidências" in "Todos os Nomes"

 MEMÓRIAS: 8 DE OUTUBRO DE 1998

 José Saramago recebeu, em Estocolmo (Suécia), o Nobel da Literatura, tornando-se o primeiro escritor de língua portuguesa a ser distinguido com este PRÉMIO.

 Discursou em português na Academia Sueca. José Saramago fê-lo na língua do seu país o que não acontece com outros galardoados que o costumam fazer em inglês.
arfer

segunda-feira, 8 de junho de 2020

LISBOA - FESTAS DA CIDADE!!!



       MARCHAS DITAS POPULARES DE LISBOA …                    A BANDA PASSA …QUEM LEMBRA A DESGRAÇA?
        VAMOS VER SE DÁ EM GRAÇA!

 O espetáculo JUNINO, mas não genuíno, repete-se cada vez mais sofisticado. OITENTA e OITO anos depois, marchantes, padrinhos, arcos e balões DESFILARIAM (em liberdade) na AVENIDA da LIBERDADE.  ESTE ANO NÃO HÁ, DEVIDO AO EFEITO COVIDÁRIO E  A  D.G.S. assim determina. O grande desfile, em 12 de junho de 2019 teve o seguinte alinhamento:

1ª - Marcha Infantil "A Voz do Operário"

2ª - Marcha do Bairro da Boavista

3ª - Marcha da Bica

4ª - Marcha de Marvila

5ª - Marcha de Alfama

6ª - Marcha da Baixa

7ª - Marcha de S. Vicente

8ª - Marcha da Graça

 9ª- Marcha dos Mercados 

10ª- Marcha da Mouraria

11ª - Marcha da Bela Flor-Campolide

12ª - Marcha de Carnide

13ª - Marcha do Alto do Pina

15ª - Marcha de Alcântara

16ª - Marcha da Madragoa

17ª- Marcha dos Olivais

 18ª - Marcha Santa Casa 

19ª - Marcha do Parque das Nações

20ª - Marcha do Castelo

21ª - Marcha da Penha da França

22ª - Marcha do Beato 

23ª - Marcha do Bairro Alto

24ª - Marcha da Ajuda

Destes bairros apresentados a concurso, um deles será o grande vencedor.  Este ano, não há vencedor.
EM 2018 a grande vencedora foi a MARCHA DE ALFAMA!!!
Mas para que não falhe a memória, cá vai um pouco de história.
MARCHAS POPULARES  OU FOLCLORE CITADINO

As Festas Populares eram manifestações culturais que espelhavam a identidade de quem as produzia.

Os Arraiais eram comuns nas aldeias, vilas ou bairros da cidade e estavam associados ao SOLSTÍCIO de Verão, de origem Pagã. Era tradição queimar as coisas velhas, e daí a origem das fogueiras juninas.

Nos casos específicos dos bairros da cidade de LISBOA, as festividades populares não fogem à regra e têm, nas mais variadas representações, a sua identidade, no FADO, nas CEGADAS (representações teatrais de rua), nas rodas e cantares à volta da fogueira, 0nde, também, a simbologia do bairro estava presente.

A partir de fins do Sec. XVIII surge o culto do Santo António, que o Clero e o governo da cidade elegeram como patrono popular, passando S. Vicente a mero símbolo da cidade.

Apesar do contacto e interligação com outras culturas e outros hábitos, as “marcas” bairristas vão sendo representadas nas festas tradicionais da cidade onde o culto de Santo António prevaleceu. As marchas “ditas” populares que sucederam às marchas “Aux Flambeaux”, popularmente chamadas de “Fulambó” que percorriam as ruas do bairro e dos bairros adjacentes, em grandes filas, acompanhadas das bandas filarmónicas do bairro ou das designadas “troupes”( estas sim, as marcadamente de raiz popular).

Assim, as marchas populares, deixaram de o ser, ainda que aparentemente o sejam. A partir do Mês de Junho de 1932 passaram a ser um produto de folclore urbano, com obediência a regras e princípios, devidamente regulamentados e com a encenação adequada aos propósitos regimentais, como que um complemento da “CASA PORTUGUESA” de Raul Lino, é mais uma peça do puzle inserida no projecto de folclorização do Estado Novo Português.

É na sequência das comemorações do 28 de Maio, em 1932, que o “Notícias Ilustrado” no seu número especial sobre a efeméride, anuncia o 1º concurso das marchas. Um espetáculo capaz de mobilizar a atenção dos Lisboetas. No dia 12 de Junho de 1932 a sala do “Capitólio” enchia. Um êxito popular, segundo a imprensa da época.

O director do “Noticias Ilustrado” era, nem mais nem menos, José Leitão de Barros, também realizador de cinema, promotor cultural e muito ligado a ANTÓNIO FERRO (  “inventor” do GALO DE BARCELOS, como símbolo nacional) o responsável pela política de PROPAGANDA do Regime, criador do Secretariado da Propaganda Nacional. A “ideia-proposta” de Leitão de Barros vai no sentido de satisfazer a vontade de Campos Figueira, diretor do Parque Mayer, no sentido de criar em Junho desse ano (1932) um espetáculo capaz de mobilizar a atenção dos lisboetas, pensado, dito e feito, caiu como sopa no mel. Foram convidadas a participar as colectividades de cada bairro, sendo que a produção estaria a cargo do Parque Mayer.

A propaganda de promoção foi intensa e a mobilização popular aconteceu.

Este projecto, apresentado como que fazendo parte da tradição, era o ideal, numa altura em que bem mais importante que veicular ideias, importava, isso sim, distrair o POVO, em cumprimento da Cartilha Cultural de ANTÓNIO FERRO.

Pouco importará se as marchas que se apresentaram no palco do “Capitólio”, em 12 de Junho, foram as do Alto do Pina, de Campo de Ourique, Bairro Alto ou Alfama, o que conta foi o sucesso popular que teve e principalmente porque foi um veículo de apoio à propaganda do regime Salazarista.

O concurso das marchas populares regressou, em força, no ano de 1934, concorreram então 12 Bairros. O Município de Lisboa chamou a si a organização e integrou-as no que designou por Festas da Cidade.

Se nos últimos anos são signo dos Santos Populares,  em 1934 as marchas celebraram o 10 de Junho (como Dia da Raça); em 1940 assinalaram os Descobrimentos Portugueses; de 1941 a 1946 não desfilaram, foi o tempo da 2ª Guerra Mundial; em 1947 comemorou-se a conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques e em 1973 o tema foi o Grande Desfile Popular do Mundo Lusíada.

A cidade acabou por se apropriar das marchas como símbolo de uma identidade perdida, entre o rural (Ex. m. de Benfica) mas quanto à celebração das festas e dos santos populares constitui uma novidade, acabando até por potenciar a tradição dos arraiais e dos bailes populares.

As CEGADAS, essas, foram politicamente extintas e a representação transferida para os palcos, onde o controle da censura era mais eficaz.

Desta forma, tento fazer lembrar que as “Marchas (ditas)  Populares” foram uma encenação criada com objetivos concretos, tal como muito do folclore rural que foi criado (a partir dos anos 30) e que hoje representam um espetáculo que, conjuntamente com outros, fazem parte do programa das festas da cidade. Não são uma tradição cultural, mas um espetáculo em que através de simbologia própria manifesta o propósito de nos mostrar algo que tem ou teve ou poderá ter a ver com o Bairro que representam.


ARFER

sexta-feira, 5 de junho de 2020

TRATADO DE TORDESILHAS


TRATADO DE TORDESILHAS

             526 ANOS DEPOIS
Será que El-Rei D. João II, ao firmar o Tratado de Tordesilhas, já sabia da existência de novas terras a Ocidente e a Sul do Equador? – A norte tinha a certeza. E como prova, as idas à Terra Nova dos portugueses na demanda do Bacalhau.
O Caminho da Índia era conhecido devido às informações trazidas por Diogo Cão e pelo seu espião de serviço (007) Pero da Covilhã.
Porque terá rejeitado os serviços que lhe foram propostos por Cristóvão Colombo?


Tudo leva a crer que a substituição do Tratado de Alcáçovas  pelo Tratado de Tordesilhas , em 7 de junho de 1494 foi preparado cuidadosamente e em segredo por D. JOÃO II.

Quando,  a 09/o3/1500, Pedro Álvares Cabral partiu do estuário do Tejo, comandando uma armada (bem armada) de 13 navios com cerca de doze centenas de homens a bordo (na rota da INDIA)  e da qual faziam parte  Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho o cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira, é a confirmação de que aquele “desvio” na rota, já conhecida e navegada, não foi casual.

Devido a este facto histórico, acontecido num 7 de junho , aconteceu  um  encontro de povos que viria a dar origem à grande amplitude e importância que a língua portuguesa tem, no Mundo.

A visão de um HOMEM (D. JOÃO II) que em 13 anos de reinado (acabou envenenado) e o rei que se lhe seguiu (D. MANUEL II  o “VENTUROSO”), com a herança que lhe foi confiada,  deu continuidade a epopeia épica de um povo que habitava num rectângulo, à beira-mar plantado, no extremo ocidental da “Jangada d Pedra”, que Luís Vaz de Camões bem descreve nos “LUSÍADAS” e séculos mais tarde, Gilberto Freyre justifica o porquê de tão poucos, conseguirem dar origem a esta amplitude do português falado: - “ …a mobilidade e a miscigenação…).


E como sempre a síntese:

A Ocidente o BRASIL, a Oriente Timor.
No meio Angola, Moçambique e Guiné.
Não me esqueci de Goa, Macau e S. Tomé
Nem de Cabo Verde, ponto de encontro no Mar.
Povos que têm em comum, o português no Falar.
ARFER