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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A POLÍTICA E “O MANTO DIÁFANO DA FANTASIA QUE ESCONDE A NUDEZ FORTE DA VERDADE”
Ouve-se muitas vezes o cidadão comum parafrasear: - “Eu não sou político ou, simplesmente, nada tenho a ver com a política…” e ainda “..Os políticos são todos iguais…”. Puro engano, nem todos defendem os mesmos objectivos, uns servem politicamente, com honestidade o povo que os elegeu (servem a política) outros defendem interesses instalados, apoiados por grandes grupos económicos e financeiros (servem-se da política).
Nas opções, nas atitudes ou actos que praticamos, na nossa vida activa, familiar ou de âmbito social, a política está presente. Política de Educação quando se trata dos nossos filhos ou da relação que temos com os estabelecimentos de ensino e de aprendizagem. Política de Trabalho ou segurança social, quando nas empresas, nos sindicatos e até na rua nos manifestamos em defesa dos nossos direitos. Política económica e financeira, enquanto consumidores e na gestão dos parcos (ou não) rendimentos que temos ao nosso dispor. TODOS SOMOS UMA PEÇA NO XADREZ DA POLÌTICA.
Essa ideia de afastar o cidadão da prática de cidadania, quanto à sua participação na vida política activa na Sociedade em que está inserido, vem dos tempos da ditadura. Se bem nos lembramos (é bom que não caia no esquecimento), nesse tempo a informação era escassa, censurada e o analfabetismo era um mal que atingia mais pessoas que, algum dia a GRIPE A (vírus H1N1) venha a afectar.
Hoje todos têm escola e a informação ainda que, por vezes distorcida, eivada de meias verdades, a dita sem contradita ou plena da presença de políticos e comentadores que são hábeis na utilização do tal “Manto diáfano que esconde a verdade”.
A observação atenta é fundamental para que, na hora de decidir em que votar, a cruzinha seja colocada no quadradinho certo, com a consciência de que o fazemos pensando que, ao fazê-lo, optámos pelo bem da sociedade de que fazemos parte, tendo em conta o presente e o futuro.
O VOTO não é a arma do Povo, como nos tentam fazer crer. A participação na prática da cidadania, o conhecimento, o sentimento e a memória é que são de facto as armas mais eficazes.
O voto não é para ser usado como se de um campeonato ou de um concurso se trate. É comum ouvirmos as palavras ou frases: - “Vencemos” “Queremos o 1º lugar…), “O 3º lugar já era uma vitória…” etc. , pois bem, esta é também uma forma de iludir e exaltar de forma errónea, mas calculada, a decisão do cidadão comum.
Como se tem verificado, os debates políticos em que participam os representantes dos partidos políticos, passíveis de serem Governo da Nação, são mornos, pouca informação nos trazem e revelam, quanto a políticas de fundo, tais como Sociais, Fiscais, Laborais e quanto à relação com os poderes económico e financeiro, que por serem tão iguais, usam de forma implacável o tal “Manto Diáfano da Fantasia que cobre a Nudez Forte da Verdade”..(Dedicatória do monumento sito no Largo Barão de Quintela, ao Chiado).
Na perspectiva de continuarem a ser “Os ÚNICOS” insistem em conotar as eleições como se de um jogo se tratasse e o objectivo fosse a classificação final, com a taça e o prémio de participação na final a ser entregue com pompa e circunstância. Ser 1º ou 2º é o objectivo primário, ter em conta o país real é objecto secundário. Para isso contam com o apoio de “Grandes Famílias Grandes Empresas” (Edições D. Quixote), e como se de um jogo de Xadrez se trate, basta-lhes mudar umas pedras no tabuleiro do poder, manter o Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são limitadas nas acções que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, jogam no pressuposto da memória curta e dos MEDOS da sujeição à Lei da Oferta e da Procura em que os peões são vistos e tratados como mercadoria negociável e descartável. Se muito protestarem, sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder, com pequenas cedências aqui e ali. Receita é conhecida.
Podem pensar ou dizer, ele (EU) repete-se, mas as repetições activam a memória.
É nas palavras não ditas que escondem as intenções, alternando com a afirmação do alter-ego quanto a curriculum académico, revelam algumas diferenças quanto ao Investimento estrutural e necessário ao desenvolvimento e ao Futuro, mas que penso ter a ver com uma simples questão temporal, tendo em vista a captação de uns votozitos de quem não entende o país como um todo e naqueles que vêem na vizinha Espanha o inimigo secular. Porém o dito investimento tem de ser feito e os acordos cumpridos, resta só saber quem vai assinar a adjudicação.
A Exma. Senhora Doutora, Professora catedrática, era assim que gostaria de ser tratada, afirmou e reafirmou que a Ponte Chelas-Barreiro, Aeroporto de Lisboa e TGV, implicavam gravíssimos problemas estruturais e endividamento eterno para as gerações vindouras, já que o País ficaria empenhado cerca de 49 anos. Ora afirmações deste tipo não me parecem eivadas de verdade ou razão, mais uma vez o tal “Manto diáfano” acoberta as intenções guardadas, porque sendo assim só no ano de 2060 se fariam tais investimentos e se a situação económica, nessa altura, o permitisse. Inviável tal propósito, Portugal ficaria e continuaria como está, mais só, no extremo ocidental da “Jangada de Pedra”, ainda que já não haja qualquer hipótese de voltarmos ao tempo dos “Homens que nunca foram meninos”.
Há quem diga que não, mas há semelhanças na história. O “Velho do Restelo” vociferou, mas as viagens à Índia fizeram-se e quando o “Príncipe Perfeito” , D. João que seria o Segundo, disse, ao ser designado Rei de Portugal e dos Algarves, “… O meu pai só me deixou as estradas e caminhos de Portugal para governar….”, via o futuro nesse presente menos bom e, no pouco tempo da sua governação (13 anos) tornou grande este pequeno país e abriu-lhe as portas do futuro.
O tema já vai longo, porém não quero deixar de fazer lembrar a um político e autarca da nossa praça, pessoa de bem, que a dinamização do Centro do Barreiro, com a construção do FORUM BARREIRO e a reconstrução/reabilitação do MERCADO 1º de MAIO, foram e são geradores de mais emprego e qualidade de vida para os Barreirense. Bem como para os que passam parte do dia na nossa cidade. Não esquecendo que O FORUM BARREIRO numa colaboração ampla, séria e profícua tem apoiado iniciativas várias de índole sócio - cultural e o concelho na comparticipação de custos de instalação de infra-estruturas necessárias à construção de um Barreiro melhor. O J. S. afinal viu e entendeu. Ahhh…quanto ao Barreiro dito Velho, diria Barreiro Antigo, ou pólo de partida da pequena Vila que se tornou cidade, é na Assembleia da República (Legislativa) para que se vão eleger deputados, na eleição que se aproxima, que cabe decidir e adequar as Leis, quanto a espaços urbanos e rurais, adequadas à actualidade e em consonância com o que se passa na maior parte dos países da Europa de que fazemos parte.
Por agora fica um BEM HAJA para aqueles que, independentemente da camisola que vestem, trabalham para a construção de um BARREIRO melhor, digno dos pergaminhos reveladores da sua identidade solidária e multicultural. Obrigado Senhor Presidente da Autarquia pela forma empenhada que tem dedicado na defesa dos interesses da cidade que o viu nascer e tanto ama, bem como da área metropolitana envolvente do estuário do Tejo que, no SEC. XVI, teve de cognome “A PORTA DO MUNDO” e foi ponto de encontro de muitas culturas, povos e civilizações.
UM BEM HAJA para todos – Viva o Barreiro

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Portugal em África / Moçambique

A colonização africana, levada a cabo pelos portugueses, foi um processo relativamente lento. Depois das campanhas do Norte de África, em meados do séc. XV, dão-se início às viagens exploratórias da Costa Ocidental Africana. Assim vão-se estabelecendo feitorias ao longo da orla marítima da Costa Ocidental de Africa e construindo algumas fortificações militares, como o Castelo da mina no Golfo da Guiné, que mais tarde serviria como bases de apoio ao “ caminho marítimo para a Índia”, cujo objectivo se atingiu em 1498.

Durante séculos a relação com esses povos africanos, baseava-se no comércio e na evangelização, umas vezes de forma pacífica e outras de forma violenta.

Com a colonização das Américas, houve incursões ao interior, principalmente na Costa Ocidental, tendo em vista o recrutamento de braços de trabalho baratos, ou ainda a captura de indígenas com destino ao comércio de escravos, na maior parte das vezes fornecidos por chefes tribais, a troco de quase nada.

Porém, na costa Leste, a do Indico, que vou contextualizar neste trabalho, onde a perniciosa influência dos Europeus, se fez sentir, nos povos que lá viviam, no limiar do séc. XVI, quando a 2ª Armada Portuguesa, a caminho da Índia, por lá passou.

Antes, porém, sempre houve contactos com outros povos, árabes, africanos e asiáticos, principalmente chineses.

Escritos árabes do Sec. X, confirmam a existência de contactos comerciais com os povos do extremo sul do canal de Moçambique, designado por “Bilad as Sofala”.

Segundo relatos árabes e chineses, armadas constituídas de grandes barcos vindos do Império Chinês faziam comércio regular com as prósperas cidades da Costa Oriental de Africa. É, contudo, no período MING que atingem maior intensidade, em fins do Sec. XIV e durante quase todo o Sec. XV. Só três séculos depois os europeus construiriam navios de tal tamanho.

Por razões que são do foro da história chinesa e não da história africana, em fins do Sec.XV o então imperador chinês ordenou o encerramento de todos os estaleiros e a destruição de todos os barcos, mandando prender todos os marinheiros que neles navegassem.

Daí que a presença dos quatro pequenos navios, num porto que devia ter sido Quelimane, não causassem espanto, já que navios bem maiores os tinham visitado. O que acharam notável, foi terem vindo do Sul.

Passaram Kilwa e Mombaça, cidade grande e rica, de casas brancas, tão grande quanto Lisboa. De Kilwa escreve Duarte Barbosa em 1501 “ Kilwa é uma cidade mourisca com muitas e belas casas de pedra e cal, com muitas janelas à nossa moda, muito bem ordenadas as ruas.” Três séculos depois um poeta Swahili escrevia “ os nichos onde se ostentavam porcelanas, criam agora uns filhotes, as aves bravias.”

Depois destas visitas, Vasco da Gama encontra em Melinde um piloto que levará os portugueses até à Índia (Calecute).

Na 2ª viagem (1502), Vasco da Gama, desta vez com uma esquadra de mais de 20 navios, impõem que seja pago um tributo anual, em oiro, ao Rei de Portugal e obediência futura. Não vendo cumprida a sua ordem e encontrado resistência, ataca Kilwa, Mombaça, Zeila e Brava. Conta Duarte Barbosa:-“ Os portugueses destruíram tudo, chacinando grande parte da população e levando alguns cativos..”. Noutro documento, uma carta do Rei de Mombaça ao Rei de Melinde , ao voltar à cidade..”Nem uma coisa viva, homem ou mulher, velho ou novo, nem sequer uma criança por mais pequena. Todos os que não tinham conseguido fugir a tempo, tinham sido mortos ou queimados.”

Duzentos anos passados, nos Séculos XVII a XIX, a Europa tinha evoluído na Indústria, no Comércio e na Ciência, a Africa não só não evoluiu em paralelo, como voltou atrás no tempo.

O tráfico de escravos atingiu uma escala tal, que se tornou degradante. Era necessário propagandear que o escravo preto era sub-humano, selvagem e desenraizado. Os estuários do Limpopo, do Rovuma e do Zambeze passaram a ser porto de embarque de escravos, com destinos vários, em vez de bens de uso e consumo. Moçambique passou a ser território fornecedor de escravos para as colónias inglesas, francesas e para o Brasil, em menor escala.

Até que, em fins do Sec. XIX, a Europa industrializada decidiu retalhar o Continente Africano, segundo os seus interesses. A Portugal coube o território (com fronteiras definidas) que é hoje Moçambique.
AUTARQUIAS DO DISTRITO DE SETÚBAL – POLITICAS CULTURAIS.

As Autarquias do Distrito de Setúbal, têm optado pela via da “Democracia Cultural”, estimulando o aprofundamento das actividades culturais, numa interacção permanente entre os pólos de produção e divulgação cultural e as populações, dedicando especial importância à Memória Colectiva e à História Local, reavivando as tradições (para os eruditos a chamada cultura menor) que são factores de coesão identitária.

NO DISTRITO DE SETÚBAL:

É comum em cada um dos Concelhos haver colectividades com projectos culturais de interesse público que, por falta de espaço adequado ao evento, não conseguem pô-los em prática. Por outro lado há clubes e Associações que têm espaços vocacionados para tal e não estão a ser aproveitados.

Daí a necessidade de, nalguns Concelhos, as Autarquias juntamente com o Movimento Associativo, em parceria, poderem dinamizar esses espaços e ao mesmo tempo implementar, dinamizar, interagir e promover uma interacção programada dessas actividades. Muitas Associações têm os seus próprios programas, mas não há o intercâmbio desejável, não há um ponto centralizado, uma espécie de agenda do movimento associativo, que até poderia estar integrado num outro tipo de agenda cultural, para consultar tudo o que o movimento associativo, na sua globalidade, tem disponível para, no fundo, se saber qual é a carteira de iniciativas no Concelho e levá-las a mais do que uma Associação. Pelo menos leva-los até àquelas que até têm espaço mas que não estão a dinamiza-lo, com custos muito reduzidos.

Isto não é uma crítica, é uma constatação, o que acontece muitas vezes nos grandes equipamentos e que têm óptima qualidade, é que existe um certo elitismo.

O que se nota é que as crianças e as pessoas de uma faixa etária mais avançada, ou outras que pela sua profissão e habilitações literárias não assistem a determinados espectáculos ou eventos, mas, muito provavelmente, seriam capazes de ir se essas iniciativas fossem projectadas numa Associação do Bairro.

As Associações têm um papel importante perto das populações, para as despertar e as levar a contrair certos hábitos culturais, pois só se gosta daquilo que se conhece


NO BARREIRO:

O Associativismo no Barreiro tem sido ao longo de décadas, um suporte activo na formação de gerações, nas áreas da cultura, do desporto, do saber e , também, em tempos de Partido único, teve um papel de reconhecida importância no apoio a todos os que clandestinamente auguravam por uma sociedade mais justa, fraterna e livre, sem guerra, opressão ou tortura. Em cada Associação ou Colectividade, os livros proibidos passavam de mão em mão, faziam-se encontros e reuniões à socapa, a informação sindical ou política então clandestina era distribuída.
O saber e a cultura são o obstáculo maior à arrogância e aos grandes e pequenos poderes eivados de autoritarismo bacoco, disfarçado mas sempre à espera de uma oportunidade, que normalmente lhe é proporcionada por crises geradas pelo poder financeiro.
O Barreiro tem sido uma base de resistência às crises ou ditas crises, parciais ou globais (a dos anos 80 foi bem pior), e a forte sentido colectivo dos barreirenses cimentado no seu movimento associativo, como espaço de cultura e cidadania, foi fundamental para as ultrapassar.
A política cultural da Autarquia, ainda que paulatinamente face aos meios disponíveis, tem gerado incentivos na agilização de processos que visam a salvaguarda do património (excelente o trabalho do pessoal do Arquivo Municipal, dos Museus e reserva museológica),bem como apoiando activamente as acções culturais promovidas pelas Associações e Cooperativas numa relação próxima, tanto quanto possível, com a comunidade escolar.
Com muito pouco se faz muito. O capital humano é o mais importante.
BEM HAJA
ARFER

segunda-feira, 25 de maio de 2009

DIA DE AFRICA - 2º TEMA

Várias etapas nas relações políticas e económicas com ex-colonizadores e outros

Em dezoito anos, desde a independência do Gana em 1957, à queda do império colonial português de 1974/1975, configuraram-se os mapas de quase todos os estados negros-africanos, com a excepção do Zimbabwé, em 1980, e a Namíbia, em 1990. Neste curto período de tempo sucederam vários golpes de estado, sempre quase induzidos pelas antigas potências colonizadoras. Grã-Bretanha e França com o apoio dos E.U.A, interessados no domínio económico e estratégico, nunca disfarçaram os seus actos de ingerência na política e na economia das ex-colónias. É bem visível que para estas potências colonizadoras em África o objectivo foi outorgar a independência política para confirmar e controlar melhor, eliminadas as pressões internacionais e silenciados os movimentos independentistas, sem que alguma vez tenha sido sua intenção conceder a soberania política às suas colónias africanas para que os novos estados viessem a poder usar livremente os recursos económicos, em seu (deles) benefício.

Independizar tratou-se, evidentemente, de legalizar a submissão aos interesses do ex-colonizador, para uma exploração continuada, a custos reduzidos e proveitos a sobredimensionar..

Se antes os jovens estudantes, licenciados e doutorados nativos, se fixavam nas colónias a expensas do colonizador, hoje os estados independentes pagam essa formação e exportam essa mais-valia sem qualquer proveito. Há centenas de milhar de africanos de diversas origens e profissões, licenciados e doutorados, médicos, enfermeiros, veterinários a trabalhar fora de África.

Excluindo os países africanos de expressão portuguesa os sistemas políticos, na História da África Negra independente, passaram por quatro etapas, por vezes com os mesmos personagens, agindo de forma diversa. Na primeira geração de dirigentes políticos eleitos democraticamente, destacam-se Kwane Nkrumah, Houphouet-Boigny, Sekou-Touré, Julis Nyerere, Mobido Keita, Joseph Kasavubu, e Leopold Sengor, dirigentes respeitados.

Alguns destes dirigentes prosseguem na segunda etapa, mas juntam-se-lhes chefe militares que tomam o poder pela via do golpe de estado, tais como Mobuto Seze-Seko, Jean Bedel Bokassa, na República Centro Africana, Idi Amim Dada, no Uganda, Joseph Ankrah, no Gana.Todos têm princípios que são comuns. Assumem-se chefes de estado, fundam um partido único, proíbem a existência de todos os partidos ou organizações politicas, eliminam ou anulam os potenciais adversários.

Só o Gana, Botswana e o Senegal mantiveram os partidos políticos e a realização de eleições democráticas, ficando pela 1ª etapa.

Na terceira etapa, de pouca duração, surgem alguns militares, que embora assumam o poder em sequência de um golpe de estado mostram-se dispostos a governar com honestidade e respeito pelos princípios humanos, como Jerry Rawlings, Thomas Sankara e Samud Doe.

A mais recente, ou seja a quarta etapa, a actual, surge na sequência do fim da denominada guerra-fria.

O pluripartidarismo torna-se moda, com ou sem convicção, com verdade ou sem ela, o ditador torna-se democrata. É a hora dos convertidos e distinguem-se Kennett Kuanda, Omar Bongo, Mathieu Werekou, Teodoro Obiang, Sassou-Nguesso e Paul Biya.

O caminho não tem obstáculos.

África tem petróleo, é um grande depósito de matérias-primas, um mercado especial a explorar e é principalmente um grande cliente de excedentes bélicos da poderosa indústria de guerra e na área dos serviços, na concentração de mercenários e conselheiros políticos e militares.

É na sequência dessa aura de democracia pluripartidária, de ventos de liberdade, que nesta quarta etapa se produz um novo fenómeno – a era do hiperbanditismo e das milícias armadas, das origens mais diversas. África torna-se um “mundo” armado e armadilhado. O tráfico de armas e a criação de pequenos e grandes exércitos torna-se comum. A criança soldado é uma circunstância comum, tal qual o são os pequenos e grandes massacres.

Quem lucra?

O Fundo Monetário Internacional, as multinacionais, os pequenos e médios ditadores e, principalmente, o país que lidera o projecto utópico do mundo global.

É um facto que os golpes de estado vão rareando, porém é evidente que o pluripartidarismo não está a ser solução. É parte do problema. As autonomias culturais e étnicas, no real sentido do seu significado, talvez sejam parte da solução.

O que acontece de facto é que há um fosso em crescendo entre o poder e as populações.


Perdeu-se a fé nos dirigentes, capazes de resolverem os seus “problemas”, mas incapazes de satisfazer as necessidades de um povo descrente.

As relações actuais, com os ex-colonizadores e os Outros ( 0s novos colonizadores”, os africanos, estão num plano de subalternidade e, nalguns casos, de quase absoluta dependência. O endividamento externo cresce ao ritmo da miséria das populações. Muitos deles encontram a solução “fugindo” em embarcações e jangadas na procura do “el-dorado” europeu e, conforme os relatos que nos vão chegando, em muitos casos encontram a morte no caminho.

Mas, tudo tem solução, os africanos encontrarão um dia o seu caminho. E, tal como grandes impérios, por mais poderosos que foram ou são, tiveram ou terão o seu fim de ciclo.África também chegará ao fim do seu pesadelo.

A. FERNANDES

25 DE MAIO - DIA DE AFRICA - 1º TEMA

A divisão territorial do continente africano e as independências ou dependências

A destruição ou desagregação cultural de um povo pela força é como que uma agressão à natureza e pode causar danos e desequilíbrios tais, que produzirão, a médio e longo prazo, efeitos devastadores.

O Homo-Sapiens nasceu em África , partiu para a Ásia e, de lá, para o resto do mundo.

A partir do momento em que, por causas naturais, se formou a barreira arenosa do deserto, tudo se alterou. Ficaram a Norte a civilização dita mediterrânica, a Leste os nilotas (egípcios, sudaneses e etíopes) e a Sul os subsaarianos.

Os “brancos” do Norte e os “pretos” do Sul de África fizeram a sua História, com estruturas sociais, politicas e económicas próprias, factos que nos foram e vão sendo dados a conhecer através dos contextos etnográficos e de estudos científicos nas áreas da Antropologia e Arqueologia.

Na Europa, pouco se sabia de África até ao século XV. Navegadores portugueses iam explorando a costa Atlântica e os Emissários que viajaram até à Etiópia e provavelmente até às costas de Índico, deram, então, conta da existência de estados organizados, como o da Etiópia e do velho império de Kanem, com o Mali e o Songay, a maior de todas as concentrações do velho Sudão, que tinha um estrutura proto-feudal, governada por doze príncipes, que dominaram esses vastos territórios, durante várias gerações.

Na costa ocidental, estabelecem-se relações amistosas com o grande reino do Congo, sendo, até, um dos seus súbditos nomeado Bispo pela Santa Sé. O primeiro Bispo da Africa Negra.

E o que dizer das prósperas cidades da costa oriental – Quelimane, Mombaça, Kilwua, Zulu e Brava – que comercializavam com todo o oriente – mundo árabe, Índia e China – ou das muralhas e torreões do grande Zimbabwé e do Império Monopotapa.

África, a sul do Saara, tinha estruturas e hierarquias próprias, provavelmente ainda sem fronteiras definidas, mas também a Europa só no século passado o conseguiu. No Sec. XV quantos europeus conheciam a escrita?

No século XIX, cerca de oitenta por cento dos europeus eram analfabetos.

A destruição de cidades, a procura desenfreada de escravos, com destino às Américas e Ásia, tal como as investidas dos europeus, ainda que até a algumas dezenas de quilómetros da costa, levaram esses povos a deslocarem-se, cada vez mais, para o interior e a combater entre si, na procura de territórios onde se pudessem fixar, o que terá sido o princípio do desmoronamento das estruturas sociais e políticas, ainda numa fase embrionária.

Mas é no século XIX que é dado o golpe de misericórdia.

Com a denominada Revolução Industrial em curso, os europeus viram África como potencial reservatório das matérias-primas de que necessitavam e em função dos seus interesses económicos decidiram retalhar o continente africano, a seu belo prazer.

Não tiveram em conta as raízes culturais, as fronteiras e as estruturas políticas e sociais dos povos de África. Sete decénios depois concederam-lhe uma falsa independência, carregada de dependências e geradora de conflitos permanentes, em geral alimentados pelas potências interessadas nas suas riquezas. De colonizadores passaram a “Clientes” e “Fornecedores” privilegiados, num crescendo aumento da exploração, a custos reduzidos.

Até que o mapa de África seja redesenhado, as hierarquias se recoloquem, porque as culturas estão lá, a situação de instabilidade mantém-se. Provavelmente será trabalho de mais de uma geração. Uma tarefa ciclópica para um povo debilitado pelas guerras, pela fome, pela SIDA, a Malária e outras maleitas.

Com elites políticas, cada vez mais ricas, profundas desigualdades sociais, cada vez mais dependente de ajudas humanitárias e outras, provenientes de entidades e países que dispensam uma pequena parte dos seus lucros vindos exactamente da exploração dos estados africanos”independentes”. Mas, de facto, cada vez mais DEPENDENTES,



A. Fernandes