“À MULHER”
Decidi, no dia da MULHER, lembrar BLIMUNDA. JOSÉ SARAMAGO trata as personagens
femininas de forma especial, numa critica criativa aos seus diferentes
comportamentos. BLIMUNDA, a MULHER nascida do seu imaginário, em “Memorial do
Convento”, estaria (hoje) com toda a certeza a comemorar o:
“8 de Março Dia Internacional da Mulher”
- Factos da história: -
No dia 8 de Março do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova
Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de
um horário de mais de 16 horas para as 10 horas diárias. Estas operárias
recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica
onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram
queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na
Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março
como "Dia Internacional da Mulher". Em 1977, as Nações Unidas
proclamam o dia 8 de Março como o:- Dia Internacional dos Direitos da Mulher e
da Paz.
LEMBRANDO O “MEMORIAL”:
BLIMUNDA e a sua capacidade extraordinária de “VÊR” o “mundo” que a rodeia,
numa sociedade em que a riqueza faustosa de poucos, contrastava com a miséria
de muitos.
A rainha Maria Ana, uma mulher triste, insatisfeita, vivendo uma espécie de
casamento intermitente, alimentando o ego de fantasias sonhadas com o seu
cunhado, redimindo-se dessas fraquezas através da oração, no papel de mulher
submissa ao homem seu dono e aos padrões religiosos repressivos que lhe eram
impostos.
A BLIMUNDA, não, é forte, inteligente, sensual, verdadeira e sem subterfúgios,
genes que herdou de sua MÃE Sebastiana que, por ser uma mulher de alma forte e
impoluta, foi banida para Angola.
BLIMUNDA vive liberta, não aceita regras que a escravizem enquanto SER
(mulher). Pobre no TER e rica no SER, a ela e dado o direito ao AMOR, à
LIBERDADE, à plenitude dos seus direitos. Vê o homem como um igual.
BLIMUNDA tem os poderes que todas as mulheres deveriam ter, os de exigir das
sociedades de que fazem parte, o direito à igualdade de género.
BLIMUNDA está à frente no seu tempo e ensina-nos a ver o mundo sem máscaras nem
hipocrisias e que é preciso sensibilidade e conhecimento para saber ver (os
olhos não chegam para tudo ver).
Deixaria a todas as mulheres este recado: - “ É preciso vencer a cegueira
vivendo intensamente. Não se submetam passivamente aos comportamentos sociais
que vos são impostos. Exijam o lugar de direito que têm no MUNDO, na igualdade
de género, nos direitos e deveres.
ARFER
Lembro, também, JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS, neste
soneto dedicado à MULHER:
MULHER
MAIO
Bom dia, minha amiga, digo em Maio
És uma rosa à beira de um trator
Neste campo de Abril onde não caio
A nossa sementeira já deu flor.
Bom dia, minha amiga, eu sou um gaio,
Um pássaro liberto pela dor;
Tu és a companheira donde saio
Mais limpo de mim próprio, mais amor.
Bom dia, meu amor, estamos primeiro
Neste tempo de Maio a tempo inteiro,
Contra o tempo do ódio e do terror.
Se tu és camponesa, eu sou mineiro.
Se carregas no ventre um pioneiro,
Dentro de ti, eu fui trabalhador.
JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS