quarta-feira, 7 de julho de 2010
UTOPIA ???? FRUTO DO SONHO?? OU NÂO?
UTOPIA ???
O poema surge do nada, passo a passo
Como planta que desponta da semente
E com a esgrima das palavras me enlaço,
Neste sentir, forte, suave e coerente
Cresce o caule, surge a folha, nasce a flor
O fruto, esse, é o que se sente
Seja de revolta, mágoa ou de dor,
Este enleio com a vida é permanente.
A vida que é sonho, luta, amor ardente
Desígnio que partilho em paridade
Com todos os que são a minha gente
Que caminham almejando a LIBERDADE.
Que o Mundo seja do SER e não do TER
Onde frutifique a AMIZADE
Que rejeite as várias formas de PODER
Nesta TERRA que é de todos, na VERDADE !!
ARFER
quarta-feira, 30 de junho de 2010
BIBLIOTECA - UMA JANELA DE HOJE PARA O PASSADO E O FUTURO
HOJE UM DE JULHO É 0 DIA DAS BIBLIOTECAS
Porque há dias escrevi:
"MAS LOUVE-SE O LIVRO E A MAGIA QUE ELE CONTÉM, A PALAVRA QUE ELE NOS TRAZ, AQUELE SENTIMENTO DE PARTILHA E CUMPLICIDADE QUE NOS TRANSMITE QUANDO O FOLHEAMOS. TRANSMITIR ÀS NOVAS GERAÇÕES O VALOR DO LIVRO É UMA RESPONSABILIDADE QUE NOS CABE.
VIVA O LIVRO, O LEITOR E O AUTOR, GÉNIO CRIADOR DE ESCRITOS QUE NOS TRANSMITEM CONHECIMENTO, NOS FAZEM SONHAR E POR VEZES VOAR NUM INFINITO MÁGICO.”
Encontrei a BIBLIOTECA e perguntei:
- QUEM ÉS TU BIBLIOTECA??
- Eu sou a guardiã do passado, do presente e do futuro …
Tenho no meu seio, as Memórias dos Homens, o seu imaginário criador da esgrima da palavra, em prosa e poesia.
Guardo dicionários de todas as línguas, enciclopédias e livros temáticos das ciências e artes.
Sou um elo da transmissão do SABER e da CULTURA, alimento regenerador e formador de gerações. O meu conteúdo é o “adubo” que fortalece o HOMEM face aos “ditadores de vão de escada” e de todos aqueles que fomentam a ignorância , tendo em vista a dominação e usurpação da LIBERDADE dos povos.
A CULTURA E O SABER SÃO SINÓNIMO DE LIBERDADE.
- Sabes, disse-me a BIBLIOTECA, agora tenho a minha irmã digital que chega a todos os cantos do MUNDO e me tem ajudado neste “trabalho” incessante, de séculos, que vai resistindo aos que aqui e ali, em diferentes épocas mandaram destruir algumas “células” do meu corpo.
Mas nós resistiremos e em cada canto do PLANETA AZUL HÁ E HAVERÁ SEMPRE UMA BIBLIOTECA QUE ESPERA POR TI !!!
ARFER
Porque há dias escrevi:
"MAS LOUVE-SE O LIVRO E A MAGIA QUE ELE CONTÉM, A PALAVRA QUE ELE NOS TRAZ, AQUELE SENTIMENTO DE PARTILHA E CUMPLICIDADE QUE NOS TRANSMITE QUANDO O FOLHEAMOS. TRANSMITIR ÀS NOVAS GERAÇÕES O VALOR DO LIVRO É UMA RESPONSABILIDADE QUE NOS CABE.
VIVA O LIVRO, O LEITOR E O AUTOR, GÉNIO CRIADOR DE ESCRITOS QUE NOS TRANSMITEM CONHECIMENTO, NOS FAZEM SONHAR E POR VEZES VOAR NUM INFINITO MÁGICO.”
Encontrei a BIBLIOTECA e perguntei:
- QUEM ÉS TU BIBLIOTECA??
- Eu sou a guardiã do passado, do presente e do futuro …
Tenho no meu seio, as Memórias dos Homens, o seu imaginário criador da esgrima da palavra, em prosa e poesia.
Guardo dicionários de todas as línguas, enciclopédias e livros temáticos das ciências e artes.
Sou um elo da transmissão do SABER e da CULTURA, alimento regenerador e formador de gerações. O meu conteúdo é o “adubo” que fortalece o HOMEM face aos “ditadores de vão de escada” e de todos aqueles que fomentam a ignorância , tendo em vista a dominação e usurpação da LIBERDADE dos povos.
A CULTURA E O SABER SÃO SINÓNIMO DE LIBERDADE.
- Sabes, disse-me a BIBLIOTECA, agora tenho a minha irmã digital que chega a todos os cantos do MUNDO e me tem ajudado neste “trabalho” incessante, de séculos, que vai resistindo aos que aqui e ali, em diferentes épocas mandaram destruir algumas “células” do meu corpo.
Mas nós resistiremos e em cada canto do PLANETA AZUL HÁ E HAVERÁ SEMPRE UMA BIBLIOTECA QUE ESPERA POR TI !!!
ARFER
terça-feira, 22 de junho de 2010
UM ABRAÇO SOLIDÁRIO AOS "LEVANTADOS DO CHÃO"

Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.
Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada.
Há um nascer do sol no sítio exacto,
À hora que mais conta duma vida,
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um ansiar de sede inextinguida.
Há um retrato de água e de quebranto
Que do fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.
JOSÉ SARAMAGO
"De "POEMAS POSSÍVEIS", Editorial CAMINHO, 1981.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
JOSÉ SARAMAGO, O HOMEM, O ESCRITOR....
MORREU JOSÉ SARAMAGO
Mas ficará sempre entre nós
O comunista convicto, HOMEM do POVO
Que desde sempre lutou
Para ver o seu Portugal, um país novo.
Gostava de CAMÕES e dos poetas da Liberdade,
Amado por muitos, ostracizado por alguns
Nunca baixou a guarda na defesa da Verdade.
Aqueles que desdenharam o seu valor, apresentam, hoje, sentidos pêsames vazios de sentimento.
O HOMEM DA “Jangada de Pedra” que uniu os povos das margens do grande Oceano, respirou hoje pela última vez e, decerto, a sua última vontade foi a de seguirmos o seu ideal.
O MUNDO FICOU MAIS POBRE.
Em vez de ADEUS, um ATÉ JÁ !!!
ARFER
segunda-feira, 14 de junho de 2010
PARA TI O QUE É A CULTURA ?
As respostas foram vagas
E cada uma diferente.
Afinal cultura é tudo.
Ela faz parte da gente.
De uns versos de António Aleixo (poeta popular)
“ …. Sou simplesmente um produto
Do meio em que fui criado …”
Então penso que:
Se os “produtos” são diferentes,
As culturas também são
Pela soma das diferenças
Se processa a evolução.
E é da troca de saberes
Do ler, ouvir e contar
Que o homem fica mais culto
E propenso para criar.
crenças, conceitos e hábitos
simbologia e tradição
São dinâmicos e não estáticos.
ARFERPara incentivo à vossa opinião, transcrevo, um pequeno extracto de um texto meu, quanto ao conceito de cultura:
“Todos os povos ou grupos étnicos representam culturas próprias identificadoras da sua existência, sendo a língua o elo fundamental dessa unidade cultural.
Não há Cultura o civilização superior, há sim diversidade cultural, sendo imperativos iguais direitos para culturas diferentes.
A identidade cultural de um povo é reflexo da sua relação com o Mundo, a Natureza, o seu passado, a sua relação com outros povos e outras culturas e do acumular conhecimento, ao longo da sua história. Não ignorando as suas raízes, a interculturalidade no seu relacionamento com outras realidades culturais, promotoras do desenvolvimento e criadoras da sua riqueza patrimonial.
As Crenças, os Saberes, os hábitos e estilos, as Artes, os conceitos de natureza, sociedade e humanidade e até artes e ofícios, são definidores do conceito de Cultura, como modo de vida.
… O direito à diferença e a materialização, individual ou colectiva, de expressões culturais é elemento fundamental de promoção de uma Cultura de PAZ, daí que reconhecer e valorizar as diferenças culturais é abrir caminho para a coexistência harmoniosa da Humanidade.
Cultura é tradição mas também evolução, evolução que tende a eliminar as más práticas tradicionais. Não há Culturas superiores ou inferiores, são simplesmente diferentes que, com o tempo se vão adoptando, permutando e reajustando às novas realidades.
A LIBERDADE é sinónimo de criatividade cultural e potenciadora da divulgação do SABER e do conhecimento, o que torna um POVO mais atento à defesa do seu património cultural, material ou imaterial.
Tal como as relações humanas, pela sua complexidade, definir Cultura, sendo um tema aparentemente fácil, torna-se difícil, porque Ela é vida, são sentimentos, modo de estar do HOMEM como criador e produtor cultural.
ARFER
domingo, 6 de junho de 2010
MARCHAS DITAS POPULARES
FOLCLORE REINVENTADO, A SABER.
MARCHAS POPULARES OU INVENÇÃO DO FOLCLORE CITADINO
Todos os anos faço lembrar que:
As Festas Populares eram manifestações culturais que espelhavam a identidade de quem as produzia.
Os Arraiais eram comuns nas aldeias, vilas ou bairros da cidade, estavam associados ao SOLSTÍCIO de Verão, de origem Pagã. Era tradição queimar as coisas velhas, e daí a origem das fogueiras juninas.
Nos casos específicos dos bairros da cidade de LISBOA, as festividades populares não fogem à regra e têm, nas mais variadas representações, a sua identidade, no FADO, nas CEGADAS (representações teatrais de rua), nas rodas e cantares à volta da fogueira, 0nde, também, a simbologia do bairro estava presente.
A partir de fins do Sec. XVIII surge o culto do Santo António, que o Clero e o governo da cidade elegeram como patrono popular, passando S. Vicente a mero símbolo da cidade.
Apesar do contacto e interligação com outras culturas e outros hábitos, as “marcas” bairristas vão sendo representadas nas festas tradicionais da cidade onde o culto de Santo António prevaleceu. As marchas “ditas”populares que sucederam às marchas “Aux Flambeaux”, popularmente chamadas de “Fulambó”que percorriam as ruas do bairro e dos bairros adjacentes, em grandes filas, acompanhadas das bandas filarmónicas do bairro ou das designadas “troupes”( estas sim, as marcadamente de raiz popular).
Assim, as marchas populares, deixaram de o ser, ainda que aparentemente o sejam. A partir do Mês de Junho de 1932 passaram a ser um produto de folclore urbano, com obediência a regras e princípios, devidamente regulamentados e com a encenação adequada aos propósitos regimentais, como que um complemento da “CASA PORTUGUESA” de Raul Lino, é mais uma peça do puzle inserida no projecto de folclorização do Estado Novo Português.
É na sequência das comemorações do 28 de Maio, em 1932, que o “Notícias Ilustrado”no seu número especial sobre a efeméride, anuncia o 1º concurso das marchas. Um espectáculo capaz de mobilizar a atenção dos Lisboetas. No dia 12 de Junho de 1932 a sala do “Capitólio”enchia. Um êxito popular, segundo a imprensa da época.
O director do “Noticias Ilustrado”era, nem mais nem menos, José Leitão de Barros, também realizador de cinema, promotor cultural e muito ligado a ANTÓNIO FERRO o responsável pela política de PROPAGANDA do Regime, criador do Secretariado da Propaganda Nacional. A “ideia-proposta”de Leitão de Barros vai no sentido de satisfazer a vontade de Campos Figueira, director do Parque Mayer, no sentido de criar em Junho desse ano (1932) um espectáculo capaz de mobilizar a atenção dos lisboetas, pensado, dito e feito, caiu como sopa no mel. Foram convidadas a participar as colectividades de cada bairro, sendo que a produção estaria a cargo do Parque Mayer .
A propaganda de promoção foi intensa e a mobilização popular aconteceu.
Este projecto, apresentado como que fazendo parte da tradição, era o ideal, numa altura em que bem mais importante que veicular ideias, importava, isso sim, distrair o POVO, em cumprimento da Cartilha Cultural de ANTÓNIO FERRO.
Pouco importará se as marchas que se apresentaram no palco do “Capitólio”, em 12 de Junho, foram as do Alto do Pina, de Campo de Ourique, Bairro Alto ou Alfama, o que conta foi o sucesso popular que teve e principalmente porque foi um veículo de apoio à propaganda do regime Salazarista.
O concurso das marchas populares regressou, em força, no ano de 1934, concorreram então 12 Bairros. O Município de Lisboa chamou a si a organização e integrou-as no que designou por Festas da Cidade.
Se em 1934 as marchas celebraram o 10 de Junho (como Dia da Raça); em 1940 assinalaram os Descobrimentos Portugueses; de 1941 a 1946 não desfilaram, foi o tempo da 2ª Guerra Mundial; em 1947 comemorou-se a conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques e em 1973 o tema foi o Grande Desfile Popular do Mundo Lusíada.
A cidade acabou por se apropriar das marchas como símbolo de uma identidade perdida, entre o rural (Ex. m. de Benfica) mas quanto à celebração das festas e dos santos populares constitui uma novidade, acabando até por potenciar a tradição dos arraiais e dos bailes populares
.As CEGADAS, essas, foram politicamente extintas e a representação transferida para os palcos, onde o controle da censura era mais eficaz.
Desta forma, tento fazer lembrar que as “Marchas (ditas) Populares”foram uma encenação criada com objectivos concretos, tal como muito do folclore rural que foi criado (a partir dos anos 30) e que hoje representam um espectáculo que, conjuntamente com outros, fazem parte do programa das festas da cidade. Não são uma tradição cultural, mas um espectáculo em que através de simbologia própria manifesta o propósito de nos mostrar algo que tem a ver com o Bairro que representam.
ARFER 2002
sexta-feira, 4 de junho de 2010
quarta-feira, 2 de junho de 2010
TODOS OS DIAS SÃO O DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
Em 1946 nasceu a UNICEF e, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mullheres propôs, na ONU, que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o Mundo.
Este dia foi comemorado pela 1ª vez em 1 de Junho de 1950.
Então os estados membros da ONU, reconheceram às crianças de todo o Mundo, os seguintes direitos: - Afecto, Compreensão, Amor e Alimentação adequada;
- Cuidados Médicos e Educação Gratuita;
- Protecção contra todas as formas de exploração;
- Crescer num Clima de Paz e Fraternidade Universal.
Estes direitos só passaram a documento escrito e aprovado em 1959. Em 20 de Novembro desse ano a Assembleia Geral da ONU aprova a “Declaração dos Direitos da Criança”, que a serem cumpridos, todos os meninos e meninas deste Planeta Azul, seriam felizes.
Porque a “Declaração” não bastasse para se fazer cumprir, na ONU foi, em 1989, aprovada a “Convenção sobre os Direitos da Criança”, documento com um conjunto de Leis para protecção daqueles que serão os homens e mulheres de amanhã.
ESTA CONVENÇÃO TORNOU-SE LEI INTERNACIONAL EM 1990 !!!!!
Agora saiamos do cor de rosa e tentemos saber quantas crianças estão fora desta LEI, dita Internacional.
Mas acautelem-se, porque a LEI INTERNACIONAL DA HIPOCRISIA ESTÁ EM VIGOR, COM CARÁCTER PERMANENTE
ARFER
HÁ !!!!
Há meninos, sem pai nem mãe, ao abandono.
Produtos da Guerra, da Fome e da Hipocrisia.
Tratados como cães rafeiros, sem um dono,
São a triste realidade e não fruto da minha fantasia.
Há meninos vendidos, comprados e usados.
Há meninos que nunca brincaram ou foram à escola.
Há meninos que trabalham, são explorados e pedem esmola.
Mas em cada menino haverá sempre uma criança,
Que se tornará Homem “Cavaleiro da Esperança”
Mensageiro de Amor, de Paz e de Luta.
Que acabará de vez com os filhos da TAL.
ARFER
sexta-feira, 28 de maio de 2010
DE LISBOA; ONDE NASCI.
1ª PARTE -DOS 0 AOS 26 - EXTRACTO DE UMA VIDA.
Na Graça, na prenhe mãe, em alto morro,
Crescendo em seu útero, nunca foi dor.
O rebento foi nascer lá para o Socorro
E hoje escreve e canta, espalha Amor.
Passaram tantos Sóis, desde esse dia,
Na Lisboa qual jardim em que medraste
Cheio de sonhos, de esperança e fantasia,
No canteiro, que era o bairro em que moraste.
Da janela da casa vias o Rio,
As fragatas e as luzes do Barreiro
Ouvias as sirenes do navio,
Nos dias em que havia nevoeiro.
Cresceste e na escola onde andaste
Encontraste o teu primeiro amor
Rosa era o seu nome e nela achaste
O perfume inebriante de uma flor.
O tempo passou e em tal jardim,
Cheiraste o perfume de outras flores,
Belas, lindas, mas mesmo assim
Foste procurando outros amores.
Porem, à tua volta, vias também
Um Mundo pleno de desigualdade,
Mas, onde sempre havia alguém
Que pugnava pela vida em Liberdade.
Se a Liberdade é Vida, tu seguiste
Aqueles que lutavam pelo futuro.
E aí, foi quando decidiste
Trilhar pelo caminho que era mais duro.
Veio a tropa, havia guerra e resistência
Mas ficaste cá, peça de um puzle anónimo,
Que afincadamente combatia, com veemência
Pela Liberdade, na quinta do António.
Amores, foram, vieram tal qual o vento
Amaste, sentindo o seu perfume, foste feliz.
Delas cuidaste, sendo sempre teu intento
Nunca arrancar nenhuma pela raiz.
E ainda hoje guardamos amizade,
Pois sempre convivemos com a verdade.
ARFER
segunda-feira, 24 de maio de 2010
O DIREITO À CIDADANIA É UMA CONSTRUÇÃO
O REGRESSO DO MOSTRENGO
"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar."
FERNANDO PESSOA, Mensagem
O mostrengo não está no fim do mar.
Ocupa as ruas, bate à nossa porta,
vomita chamas na cidade morta,
escreve garatujas no luar.
Ei-lo que espreita em cada patamar
pronto a saltar-nos à garganta. Importa
lançar brados de alerta à malta absorta
que se deixou nos ventos embalar.
De pé! O monstro volta! Unir fileiras!
Deixemos as diferenças das bandeiras:
É preciso avançar em marcha unida.
A nossa força é sermos um só povo
e uma só terra a defender de novo.
A morte do mostrengo é a nossa vida!
Carlos Domingos
___________________________________________________
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A POESIA É ISTO
A POESIA É ISTO. É SÍNTESE, É RELATO, É OPINIÃO, É SENTIMENTO. MESMO QUE DISTANCIADA TEMPORALMENTE, É SEMPRE ACTUAL.
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo grandes tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
Dificuldade de Governar
1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é didícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chancheler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher podia ficar grávida.Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se-ia a nascer o sol
Sem autorização do Führer?
Não é provável e, se o fosse,
Nasceria por certo fora do lugar.
2.
É também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas enchiam-se de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do
industrial aos camponeses: quem,
Senão ele, lhes poderia falar da existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o lavrador?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.
3.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidde de patrões nem de proprietários.
É só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.
4.
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?
BERTOLD BRECHT
QUADRAS SOLTAS DE “ESTE LIVRO QUE VOS DEIXO”
À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.
Depois de tanta desordem,
Depois de tam dura prova,
Deve vir a nova ordem,
Se vier a ordem nova
Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.
Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.
Os novos que se envaidecem
P’lo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.
ANTÓNIO ALEIXO
TEXTO E POEMA DE CARLOS DOMINGOS
Decorreu hoje o 56º aniversário do bárbaro assassinato de Catarina Eufémia.
Trabalhadora rural de Baleizão (Baixo Alentejo), participou activamente nas lutas por melhores jornas, contra o desemprego, pela paz e pela liberdade. Organizou as mulheres da sua terra, de forma que elas foram, a partir daí, quem mais activou essas lutas, suplantando os próprios homens.
No dia 19 de Maio de 1954, à frente dum grupo de mulheres que exigiam trabalho, enfrentando um pelotão da G.N.R. comandado pelo famigerado tenente Carrajola, Catarina Eufémia, com um filho ao colo e outro no ventre, gritou: «Nós só queremos pão, trabalho e paz!». O tenente Carrajola disparou então a sua pistola-metralhadora e, com vários tiros, assassinou a jovem Catarina, que logo ali caiu, esvaída em sangue.
Catarina Eufémia ficou como símbolo da mulher trabalhadora na luta contra o fascismo a troco da sua própria vida.
Vários poetas cantaram a heroína nos seus versos. Podemos citar os poemas de Papiniano Carlos, José Prudêncio, Ary dos Santos, o cantor José Afonso, Carlos Domingos e muitos, muitos outros.
CATARINA
Com três balas ceifaram o teu grito.
Com três balas roubaram o teu pão.
Com três balas lavraram o teu chão
que se enquistou em espasmos de granito.
Com três balas ficou o teu nome escrito
no coração da terra – coração
que rebentou em fúrias de vulcão,
memória aberta sobre o infinito.
Brotam canções da terra ensanguentada.
Catarina é bandeira, raiva hasteada
desta revolta vinda à superfície.
E os lobos tremem mal ecoam passos,
mal sopram vozes, mal se agitam braços
ou o vento se levanta na planície.
CARLOS DOMINGOS
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo grandes tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
Dificuldade de Governar
1.
Todos os dias os ministros dizem ao povo
Como é didícil governar. Sem os ministros
O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.
Nem um pedaço de carvão sairia das minas
Se o chancheler não fosse tão inteligente. Sem o ministro da Propaganda
Mais nenhuma mulher podia ficar grávida.Sem o ministro da Guerra
Nunca mais haveria guerra. E atrever-se-ia a nascer o sol
Sem autorização do Führer?
Não é provável e, se o fosse,
Nasceria por certo fora do lugar.
2.
É também difícil, ao que nos é dito,
Dirigir uma fábrica. Sem o patrão
As paredes cairiam e as máquinas enchiam-se de ferrugem.
Se algures fizessem um arado
Ele nunca chegaria ao campo sem
As palavras avisadas do
industrial aos camponeses: quem,
Senão ele, lhes poderia falar da existência de arados? E que
Seria da propriedade rural sem o lavrador?
Não há dúvida nenhuma que se semearia centeio onde já havia batatas.
3.
Se governar fosse fácil
Não havia necessidade de espíritos tão esclarecidos como o Führer.
Se o operário soubesse usar a sua máquina
E se o camponês soubesse distinguir um campo de uma forma para tortas
Não haveria necessidde de patrões nem de proprietários.
É só porque toda a gente é tão estúpida
Que há necessidade de alguns tão inteligentes.
4.
Ou será que
Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira
São coisas que custam a aprender?
BERTOLD BRECHT
QUADRAS SOLTAS DE “ESTE LIVRO QUE VOS DEIXO”
À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.
Depois de tanta desordem,
Depois de tam dura prova,
Deve vir a nova ordem,
Se vier a ordem nova
Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.
Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.
Os novos que se envaidecem
P’lo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.
ANTÓNIO ALEIXO
TEXTO E POEMA DE CARLOS DOMINGOS
Decorreu hoje o 56º aniversário do bárbaro assassinato de Catarina Eufémia.
Trabalhadora rural de Baleizão (Baixo Alentejo), participou activamente nas lutas por melhores jornas, contra o desemprego, pela paz e pela liberdade. Organizou as mulheres da sua terra, de forma que elas foram, a partir daí, quem mais activou essas lutas, suplantando os próprios homens.
No dia 19 de Maio de 1954, à frente dum grupo de mulheres que exigiam trabalho, enfrentando um pelotão da G.N.R. comandado pelo famigerado tenente Carrajola, Catarina Eufémia, com um filho ao colo e outro no ventre, gritou: «Nós só queremos pão, trabalho e paz!». O tenente Carrajola disparou então a sua pistola-metralhadora e, com vários tiros, assassinou a jovem Catarina, que logo ali caiu, esvaída em sangue.
Catarina Eufémia ficou como símbolo da mulher trabalhadora na luta contra o fascismo a troco da sua própria vida.
Vários poetas cantaram a heroína nos seus versos. Podemos citar os poemas de Papiniano Carlos, José Prudêncio, Ary dos Santos, o cantor José Afonso, Carlos Domingos e muitos, muitos outros.
CATARINA
Com três balas ceifaram o teu grito.
Com três balas roubaram o teu pão.
Com três balas lavraram o teu chão
que se enquistou em espasmos de granito.
Com três balas ficou o teu nome escrito
no coração da terra – coração
que rebentou em fúrias de vulcão,
memória aberta sobre o infinito.
Brotam canções da terra ensanguentada.
Catarina é bandeira, raiva hasteada
desta revolta vinda à superfície.
E os lobos tremem mal ecoam passos,
mal sopram vozes, mal se agitam braços
ou o vento se levanta na planície.
CARLOS DOMINGOS
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O MARQUÊS DE POMBAL
O Conde, O Marquês, O Sebastião ___________________________________________________________
1.Filiação
Nasceu em Lisboa, no dia 13 de Maio de 1699 (ainda a senhora de Fátima estava em hibernação) uma linda e rosada criança, que seria baptizada, a 6 de Junho do mesmo ano, na freguesia da Mercês. Ser-lhe-ia dado o nome pomposo de Sebastião José e de apelido, Carvalho do pai (capitão de cavalaria e fidalgo da casa real - Manuel de Carvalho Ataíde e Melo da sua mãe Dona Teresa Luísa de Mendonça e Melo, filha do Senhor João de Almeida Melo, dono dos Morgados dos Olivais e Souto Rei.
2. Infância e Juventude
O menino cresceu, estudioso mas rebelde.
Criança forte de físico e de mente.
Acabou por ser aluno na Universidade de Coimbra, onde frequentou o 1º ano jurídico, mas o seu espírito rebelde de quem gosta de decidir e ao estar sujeito, largou a “Escola” e optou pela vida militar, assentou praça como cadete.
Porém, mais uma vez, porque inteligente e senhor de seu nariz, ser mandado por quem (carenciado de inteligência e inovação) não era com ele, pediu a demissão e para alem de se dedicar ao Estudo da Historia, da Política, e da Legislação, entregou-se à vida ociosa da capital, das tertúlias, das farras e dos namoros breves e escaldantes. É liquido que era figura no grupo dos Capotes Brancos, bando da fidalgos aventureiros que perturbavam as noites suaves, tranquilas e amenas da capital do Império (uma espécie de Tedy Boys da época).
Enérgico, Belo e decidido (um Pão) era requerido pelas damas (não seria o sedativo come tudo, mas o Sebastião o desejado).
3. Os Amores
E assim uma dama da corte, componente do séquito da Rainha D. Maria Ana de Áustria, de nome D. Teresa de Noronha e Bourbon, senhora bela e linda, viúva, dez anos mais velha do que ele, que tinha sido casada com um primo de nome António Mendonça Furtado (pelo curto período de quatro anos 1714-1718), apaixonou-se por ele, de forma que aconteceu o inevitável, contrariando a família.
Os pais (da grande nobreza, ociosa e rica) só a pedido da rainha aceitaram conceder a mão os pés e o resto, ao futuro Marquês, e assim, aquela paixão deu em casamento. Em segundas núpcias a D. Teresa casou-se com o Sebastião em 16 de Janeiro de 1723, ela com 34 anos e ele com 24, foram viver para uma quinta, que o ainda não Marquês, possuía em Soure, onde continuou os seus estudos.
Uma “cunha” do Cardeal Mota, ministro e valido de D. João V (o Barrasco), vale a Sebastião José a nomeação de sócio da Academia real da Historia Portuguesa, isto em 1733, tendo este a incumbência de escrever a história de alguns dos reis, deste pais onde imperava a ignorância e o analfabetismo.
Nunca acabou este trabalho, que para ele provavelmente seria redutor, como mais tarde veio a provar.
Saltando no tempo, a 27.03.1739, dezasseis anos depois de ter casado, morreu o seu primeiro grande amor - D. Teresa de Noronha, estava em Londres (falarei adiante da sua prestação como embaixador ). Grande desgosto sofreu com a morte da sua querida esposa, que lhe legou todos os seus bens.
Já em Viena, apaixonou-se de novo por uma linda, doce e rica dama, a condessa de Daun, Dona Leonor Ernestina Eva Wolfganga Josefa com quem se casou em 18 de Dezembro de 1745.
Também este casamento foi difícil. Sebastião homem apaixonado e lutador, sempre teve de “lutar” contra as vontades dos progenitores das suas amadas.
De facto a condessa de Daun, filha do Conde de Daun do Sacro-Romano Império (marechal- general) Henrique Ricardo Lourenço e de Dona Violante Josefa condessa de Bromond, em Peyersperg(dama de honor da imperatriz Leonor Madalena), não queriam de forma alguma que um rico homem casasse com a filha, preferiam um homem rico, independentemente ou não de ser vazio de saber.
Porém e mais uma vez, D. Maria Ana de Áustria, Rainha de Portugal, intercedeu e o seu querido Sebastião lá se casou de novo.
O futuro Marquês, mais uma vez se deu nota de que amores, fáceis no sentir mas difíceis no conseguir era com ele.
As bodas realizaram-se no ano de 1745 e pouco tempo depois, a conselho do seu famoso médico Van Swietem regressa à Pátria amada, trazendo a sua querida.
4. O Político / O Governante / A Nobreza e a Igreja Caducas
Em 1739 é enviado para Londres como ministro plenipotenciário (uma espécie de embaixador com plenos poderes), e aí sim, a sua invulgar capacidade e prodigiosa inteligência, era revelação que tal D. Sebastião “o desejado” não sairia da Bruma, mas tinha nascido na freguesia das Mercês em Lisboa.
Começa por “arrancar” do Duque de Lencastre, o reconhecimento da reciprocidade de direitos para os negociantes portugueses, o direito de premir os capitães de navios ingleses que em terra e águas portuguesas cometessem excessos.
A pedido de D. João V, enviou para Portugal uma preciosa colecção de Bíblias Hebraicas, e tudo quanto se havia escrito sobre leis, ritos, costumes e politica em quantas línguas havia, que chegariam a Lisboa em 1743.
A inteligência, argúcia e modo hábil como conduziu as negociações para que fora mandatado, levou a que fosse nomeado para a hercúlea tarefa de mediador na discórdia
entre as cortes de Viena de Áustria e de Roma e mais uma vez saiu coroado de êxito. O imperador Francisco I e o Papa Bento XIV a apertaram as imperiais e “santas” mãos.
Voltou para Lisboa, ainda antes do desfalecimento e posterior falecimento de D. João V, em 31 de Julho de 1750.
Subiu ao trono de D. José I (e único) e logo a rainha sua mãe, agora muito amiga da condessa de Daunn (sua Dama de Honor), aconselhou o seu filho-rei, a nomear Sebastião "o Salvador” Secretário de Estado da Guerra e Estrangeiros.
Passado pouco tempo (10 de gosto de 1750 - ardia o Hospital de Todos os Santos (obra de outro grande da História Portuguesa, D. Joao II ). Não sendo um pretexto, mas uma realidade, de novo a energia e a capacidade de Sebastião José se manifesta, no reerguer do Hospital. Não tardou que a sua inteligência superior se tornasse tão manifesta, quanto a sua capacidade de iniciativa e audácia.
Tornou-se o mais forte e influente, ministro do reino.
Era um reformador, era fã de Richilieu, como ele queria consolidar o poder do rei e consolidar o regime do Estado, com o objectivo de colocar Portugal no topo da civilização europeia, ainda que para isso fosse necessário usar quaisquer meios, incluindo o direito repressivo, de forma a ultrapassar as barreiras que lhe seriam, decerto, impostas pela nobreza ociosa e caduca e a Igreja retrógrada, aliada desta.
Entre 1751 e 1755, tudo fez para regular as actividades económicas. Apesar de “aliada” Inglaterra protestar contra as medidas de Sebastião, este manteve-as chegando a mandar prender oficiais ingleses que levavam ouro amoedado a bordo, que também foi apreendido.
Fundava por decreto a (Companhia do Grão Pará e Maranhão, privilegiada no comércio com o Brasil, reagiu de tal forma enérgicamente aos que se lhe opunham, que muitos dos que o enfrentavam, nesta medida, foram presos.
Estava Sebastião Carvalho empenhado em transformar Portugal, quando pela 9.00h da manhã do dia de todos os Santos (sendo sempre Todos os Santos, primeiro o Hospital agora o Dia), um violento Terramoto atinge todo o Sul da Península Ibérica, seguido de um Maremoto, que inunda os destroços da Baixa da Cidade. Nas zonas mais altas lavram incêndios. Lisboa fica em ruínas.
A 2 de Novembro de 1755- Já o enérgico alfacinha, nado e baptizado na freguesia das Mercês , mobiliza o exército e a polícia, manda tratar da saúde dos que pilhavam e trata de iniciar o processo de reconstrução de Lisboa. Eugénio dos Santos e Manuel da Maia, a seu mando, traçam a planta da nova cidade.
Alguns historiadores sugerem que a raiz do grande poder de Sebastião de Carvalho foi o Terramoto, não fosse ele o “o Desejado” que da bruma não saiu. O homem capaz, sobredotado e fiel a quem lhe concedia o poder, decerto que lhe não era dispensada a cega confiança de D. José. Para ele era insuportável uma casta de nobres agindo por conta própria e ainda pior do que isto, uma Ordem religiosa “omnipotente” como a Companhia de Jesus, vivendo e agindo à margem da autoridade do Estado.
O rei seguia todos os conselhos do Ministro, o ódio e inveja da nobreza caduca acentuava-se.
Em 1756 eram fundadas: a Aula de Comércio, A Companhia de Pesca da Baleia nas costas do Brasil, a do Atum nas costas do Algarve e a Companhia do Alto Douro, contrariando o livre comércio e os interesses dos ingleses e de grandes proprietários, o que viria a gerar um motim em 23 de Fevereiro de 1757. Sebastião considerou-o uma rebelião contra o poder de El Rei seu amo.
Nomeou então o Desembargador D. José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Melo, para jugar os rebeldes. Foram condenados à morte 21 homens e 9 mulheres e a várias penas 155 homens e 33 mulheres.
Quebrou, com este exemplo, todas as resistências municipais ao seu projecto de modernização e enérgica administração.
Visava e (tal como D. João II), também, reprimiu o orgulho da Nobreza exploradora e ociosa, como mais tarde se empenhou em liquidar o “Polvo” (Máfia nobre ou burguesa) que se acoitava na super poderosa sombra da Companhia de Jesus, que acabou por ser expulsa do reino em barcos da Marinha Real.
A tentativa de assassinato do Rei, em 13 de Setembro de 1768, quando este voltava ao Palácio da Ajuda, provavelmente de uma ronda amorosa. O ataque deu-se com tiros de bacamarte perto da Quinta do Melo. O rei safou-se, não por milagre da nossa Senhora de Fátima, mas porque um dos bacamartes se encravou e o cocheiro voltou para trás em vez de seguir para o paço real.
O Rei não deixou de ficar com algumas feridas que apesar de não haver antibióticos, não chegaram a infectar.
Na sequência deste acto, Sebastião cuidou do rei, e “encontrou” de imediato os principais suspeitos. O duque de Aveiro, inimigo fidagal dele próprio de seu Amo, e seus sequazes; Os Távoras, inimigos declarados, ainda porque a mulher do Marquês Luís Bernardo era uma querida, devota e favorita de El Rei D. José.
Procurados, presos e interrogados os inimigos e seus aliados, (Duque de Aveiro, Alornas, Autoguias e Távoras), de hóspedes dos Fortes à Beira Tejo, são condenados os mais responsáveis com pena de morte executados em 13 de Janeiro de 1759.
Agora a 2ª parte. Os Jesuítas, que através da confissão reinavam as consciências, controlando a educação e o ensino como travão da perpétua imobilidade e um permanente obstáculo a todas as tentativas de reforma, regeneração e modernização.
Em todos os países se sentia a forte influência da Companhia de Jesus, mas nas colónias de Portugal, principalmente no Brasil estes seguidores de Inácio de Loiola, eram na sua totalidade uma praga doentia. Já nos primórdios do governo de Sebastião José, os tinha mandado combater, a Sul do Brasil, sob o comando do governador do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade e no Amazonas Francisco Xavier de Mendonça. Irritado, mandou o Marquês que os governadores-gerais das colónias inquirissem e lhe dessem a saber os costumes e actos dos jesuítas.
O resultado do inquérito foi pior do que imaginara.
Os vícios a relaxação dos costumes, foi a sardinha que fez cair o burro, já demasiado carregado com:
-A influência perniciosa e retrógrada na educação, contrariando o progresso que se pretendia;
-A mãozinha Jesuítica que aprovou a revolta do Porto e apoiou a resistência à fundação da Companhia de Grão-Pará.
-E ainda, segundo os relatórios dos governadores a profunda corrupção existente na Companhia que defendia interesses próprios.
- Não contando com as “afirmações” Jesuíticas de que o Terramoto tinha sido castigo divino, face à governação do Marquês.
A “guerra” de surda, passou a guerra aberta.
Sebastião José consegue do Papa Bento XIV a nomeação de um visitador, que recaiu no Cardeal Patriarca de Lisboa. Consegue também a suspensão dos jesuítas nos actos de pregação e confissão em todas as dioceses portuguesas, expulsando até do Paço, todos os confessores Jesuítas que ali havia.
Morreu Bento XIV e a Ordem dos Capas Negras reage ao ataque do Marquês e dirigem ao Novo Papa Clemente XIII reclamando da acção do Cardeal visitador nomeado (eram eles que jesuíticamente puxavam os cordelinhos das marionetas e agora estavam a tirar-lhes os fios.).
O Conde contra atacou, pediu ao Papa licença para processar todos os que colaboraram na tentativa de assassinato do rei e em outros actos de lesa majestade. O Papa concedeu, mas solicitou ao Rei que não expulsasse os jesuítas dos seus domínios. O Conde esqueceu-se de tal pedido e por decreto de 3 de Setembro de 1759, o brigue “S.Nicolau” saiu com o carregamento de Jesuítas para Itália.
O já Conde de Oeiras (dec.de 15 de Julho de 1759), não suporta o comportamento do núncio apostólico representante do papado em Lisboa e manda-o embora de Portugal, fazendo regressar a Lisboa o embaixador em Roma, Francisco de Almada.
Confrontação com o Papa, era manifesto que a sua inteligência superior não ligava com mentes redutoras.
O Conde de Oeiras acreditava convictamente que era a Jesuinisteca que transmitia um espírito de fanatismo e que a subserviência às vontades de Roma tinham conduzido Portugal a um Estado Decadente. Se o Beatério continuasse a snifar, metendo o nariz na politica por influências beatas e manipulando os devotos em varias áreas de interesse social, o reino continuaria “ metendo água”, até se afundar.
Voltando à expulsão do Núncio Cardeal Acciaioli, foi acompanhado até a fronteira de Espanha por 30 dragões (o FCP não existia).
Quanto à Inquisição (a data santa) o Conde de Oeiras ainda lhes concedeu o prazer da execução de um Auto de Fé, a vitima foi, o Padre Malagrida e pouco tempo depois o Inquisidor geral (o irmão bastardo do Rei ) juntamente com ou um seu irmão (menino de Palhavã), vão a banhos desterrados para as matas do Buçaco e por lá ficaram até que deles se esquecessem.
A nobreza e o clero ficaram definitivamente subjugados pelo poder real.
Seguindo o exemplo de Portugal, a França, a Espanha e Nápoles expulsaram, também, os Jesuítas e Clemente XIII morreu aterrado (o que vem a ser isto? E pimba caiu de lado) .
De novo saiu fumo branco e sucedeu-lhe Clemente XIV e em 1773 este recém eleito aceitou a medida proposta, pelo Marquês de pombal (por decreto de 16.09.1769). Os Jesuítas foram definitivamente expulsos do reino, que significou a renovação moral que se ia deixando embalar na letargia e no fatalismo do castigo divino.
Por estes factos o Marquês tornar-se-ia admirado e figura de grande influência em toda a Europa.
Confrontou-se com a Espanha e a França quando o queriam obrigar a sair da neutralidade, na guerra dos sete anos, com os ingleses.
Se queriam guerra, não hesitou, mandou vir o Conde de Lipe um dos mais conceituados oficiais de Frederico da Prússia e encarregou-o da organização do exército e regulamentar a disciplina.
A construção de novos navios que fortaleceram a nossa marinha, mercante e militar.
O favorecimento e apoio ao comércio e à agricultura.
Porém é a Industria que lhes merece maiores cuidados e como prova disso, a protecção que dá à Fabrica das Sedas, em Lisboa, às fábricas de Lanifícios da Covilhã, Fundão e Portalegre ou à Industria Vidreira da Marinha Grande.
Aboliu a distinção entre cristãos velhos e novos, suprimiu a escravatura em Portugal Continental.
Mas censurado, vejam só por mandar prender no forte da Junqueira o Bispo de Coimbra, um pobre velhote de nome D. Frei Miguel da Anunciação que era um dos chefes do partido reaccionário que protegia uma seita de fanáticos religiosos. Um velhinho não devia ser tratado assim.
Mas, talvez uma das maiores obras do Marquês foi o impulso que deu à instrução popular. O decreto de 6 de Novembro de 1772 organizava a instrução primária do modo mais completo para o seu tempo. Estabelecia o princípio do concurso, apoiava o ensino particular. Criava o Ensino Secundário (origem dos actuais liceus), convidava as ordens religiosas a abrir escolas nos seus conventos (mas nada de Jesuitices). Favoreceu o ensino superior criando o Colégio dos Nobres e tratou de reformar a Universidade de Coimbra, reforma que delegou no reitor nomeado por si, Bispo de Coimbra D. Francisco Lemos.
Deu-se uma verdadeira revolução no ensino universitário, para o lixo, foram os legados jesuíticos, e pôs em prática os processos mais audaciosos da nova ciência. Foram nomeados sábios, alguns deles estrangeiros de nomeada.
Para alem das Escolas e Universidades nasceu também um Observatório Astronómico, um Jardim Botânico, um laboratório de Física e Química, um dispensário Farmacêutico, um Teatro Anatómico e um Museu de História Natural. Promoveu a 1ª Exposição Industrial, em Oeiras (talvez a 1ª da Europa e do Mundo). Elevou Aveiro à categoria de cidade, que deixara de ser no reinado do funesto rei D. João III.
De tal modo foi reconhecida a acção do Marquês que o dia 23 de Outubro de 1772.
A cerimónia de abertura da Universidade, foi a maior homenagem que lhe prestaram.
Viam-no como mais como soberano do que como ministro, de quem tinha a consciência de ter prestado ao país e à civilização o mais elevado e importante de todos os serviços.
A fundação da Imprensa Nacional completa a obra do Marquês no que se relaciona com o movimento intelectual. Pela sua acção Portugal tinha saído das trevas da ignorância e do atraso em que mergulhara.
Antes de 1755 Lisboa era das cidade mais beatas que se conhecia. Missas por tudo quanto era caso e todas pagas antecipadamente. Contra a ditadura clerical da Igreja que influenciava ricos e pobres, só a dita dura do Marquês que fez crescer o país. A frase “enterrar os mortos e cuidar dos vivos” é reveladora da sua energia e sentido prático.
De toda a Europa “chovem” elogios. Era causa de admiração, quem, neste pequeno reino à beira mar, conseguiu “plantar” 837 Escolas primárias e secundárias e reformar o Ensino, colocando-o ao nível do que melhor havia no Mundo.
Foi de facto um ditador despótico para a nobreza ociosa e caduca, para “religiosos” retrógados, para burgueses e gente do povo amigos do obscurantismo. A dita dura de Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal (por mérito), é daquelas que preparam o futuro e abrem as portas ao conhecimento e à liberdade. Porém ENGANOU-SE.
DESPEDIMENTO SEM JUSTA CAUSA:
D. JOSÉ morre a 24 de Fevereiro de 1777.
Dona Maria, sua filha, herdeira do trono, para quem o Marquês era um inimigo, manipulada pela nobreza invejosa e mesquinha, os seus confessores, que há muito preparavam a vingança sórdida, decidiu como que numa peça em 3 Actos, despedir SEM JUSTA CAUSA, quem tantos e bons serviços prestara a Sua Majestade seu pai.
- 1º Acto, manda avisar o Marquês de que não se ocupasse do funeral de El Rei;
- 2º Acto, manda libertar todos os presos que tinham sido oposição ao seu pai;
-3º Acto, Sem alegar justa causa, sem qualquer nota de culpa (a não ser o "ódio" que lhe movia as intenções) e sem permitir contraditório ou recurso, demite o Marquês das suas funções, retirando-lhe todos os privilégios e sómente lhe concede o direito de receber o ordenado de 1º ministro e a renda de uma comenda.
Final – Manda retirar o medalhão da estátua equestre de seu pai e no seu lugar coloca o Brasão de Lisboa (um navio de velas cheias) o que fazia o marquês, no seu retiro de Pombal, para onde tinha sido degredado e seus amigos :- “Agora é que Portugal vai à vela”
A MORTE
Depois de vexames, acusações falsas, ofensas várias, interrogatórios vis e humilhantes e recursos, teve o perdão real.
Condená-lo não podia, porque ao fazê-lo puniria tambem a memória de seu pai e REI D. JOSÈ I.
Desgostoso e humilhado o MARQUÊS (D. Sebastião “o Salvador”) morre na noite de 11 de Maio de 1782.
As exéquias solenes foram celebradas na Igreja do Convento de Santo António, em Pombal, pelo Bispo de Coimbra D. Francisco de Lemos, seu amigo fiel. Foi o monge Benedictino Frei Joaquim de Santa Clara (notável orador) que rezou a oração fúnebre.
A REABILITAÇÂO
Num acto de justiça, por decreto de 1833, a imagem de bronze do Grande Estadista, Marquês de Pombal, foi recolocada no pedestal da estátua do Rei D, José I.
No preâmbulo do decreto constava..”..Que o Marquês de Pombal fora o português que mais honrou a sua Nação no século passado……que homens por capricho…com ingratidão incrível fizeram desaparecer a sua imagem do centro da cidade que ele reergueu das cinzas e a transformou numa das mais belas capitais do mundo.”
Este decreto foi rubricado pelo Ministro Cândido José Xavier.
ARFER – Dezembro de 2005
Bibliografias :
“Romance Histórico” de António de Campos Júnior;
O Marquez de Pombal” de Teófilo Braga;
Textos de Pinheiro Chagas.
terça-feira, 11 de maio de 2010


CONVERSAS DA PRAÇA 1º DE MAIO
Estavam dois homens falando
Na esquina daquela praça
Completamente alheados
Da gente que por lá passa.
Provavelmente falavam
De casos das suas vidas
Mas quando passei por eles
No espaço de um segundo,
Escutei…não foi por mal
Que a conversa afinal
Que eu pensava ser banal
Tinha um interesse profundo.
Falavam de indignidade,
Da fome que hà no Mundo.
Parei disfarçadamente
Um pouco distanciado.
Ouvi então um dizer:
“Aprovou-se o “Orçamento”
Discute-se agora o PEC
Eu penso a cada momento
Que é preciso outro PREC.
E disse o outro:
Estas crises financeiras
Maquinadas à distância
Não são mais que roubalheiras
Fruto de muita ganância
Dos donos do Capital.
Os pobres ficam mais pobres
E o desemprego aumenta
Se isto continua assim
A gente não aguenta.
Então disfarçadamente
Passo a passo dali saio.
E recordei aquele ABRIL (74)
E os cravos do mês de Maio.
ARFER
quinta-feira, 6 de maio de 2010
COISAS DE MAIO
COISAS DE MAIO – O MÊS DAS FLORES
COMENTARIO AO MOTE DE UM POEMA LIDO.
O mote:
“Como é que gente tão socialista
Desiste de fazer o socialismo
É querer fazer arroz de cabidela
Sem frango, nem arroz, nem a panela. “
COMENTÁRIO:
O fundador da “TASCA” , “cozinheiro com tempero,
Já na gaveta tinha metido o socialismo.
Este novo “artista”, por agora, com esmero,
Seguindo-lhe o caminho do sem ISMO.
Não consegue cozinhar sem tal tempero
E em vez de sócia – vem a súcia … e agora cismo.
ARFER
E quanto a poesia, desta vez não fui à gaveta e faço-o de improviso. A
Poesia brota do nada e traz tudo
Não se constrói, nem se arquitecta.
Para a criar, não é preciso ter“canudo”
É do sentir de cada um, não se projecta.
É como semente que se torna raiz.
Tronco ou folhagem
E o fruto é cada verso, com ou sem rima.
É o sentir que a palavra tem e o que nos diz.
É a teia que o poeta tece e que assina.
Uns poemas trazem mensagem, outros não.
Outros falam de lutas, vidas e amor.
Outros, ainda, de mitos, dor ou ilusão
De sonhos, liberdade, campos em flor.
Dos cravos, das rosas, das papoilas
De tanta coisa falam, mas também
Das formas belas e suaves das moçoilas
Que nos “levam” nos sonhos para o além.
Ainda que alguns, sejam plenos de fantasias,
Trazem-nos a esperança nas palavras e
Doses imensas de alegrias.
ARFER
sábado, 1 de maio de 2010
1º DE MAIO DE 2010
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