2016 -ABRIL EM PORTUGAL
15340 dias DEPOIS - LIBERDADE?!
Parece que foi “ontem” que aquela
madrugada aconteceu e nos deu a conhecer o sabor da palavra LIBERDADE, particularmente, aos que nas prisões de Caxias,
Aljube ou Peniche, na clandestinidade, nos campos, nas fábricas, nas escolas,
nas coletividades, cooperativas e sindicatos sempre resistiram, enfrentando a
intimidação e a repressão de um regime fascista, responsável por 13 anos de
guerra colonial, pela emigração clandestina de centenas de milhar de
portugueses e por uma taxa de analfabetismo não comparável à de qualquer outro
país europeu.
A esperança que crescia
com a Liberdade marcou o início de uma viragem histórica que, hoje, mais do que
uma recordação, é uma luta que persiste, um caminho que, ainda, falta cumprir.
Muito do que foi jurado em 2 de Abril de 1976, com a aprovação da Constituição
da República Portuguesa, não se cumpriu.
A esta distância não
deixa de ser curioso e significativo pensar que no dia 26 de Abril de 1974
todo, ou quase todo o Portugal, era democrata e revolucionário, o que
significaria, à priori, que o fascismo, o colonialismo, analfabetismo e a
repressão, só faria parte do imaginário de alguns. Esta será a primeira das
lições a tirar de como não cumprir a Constituição, por todos votada (com o não
do CDS de Freitas do Amaral, delfim de Marcelo Caetano, hoje devoto democrata.
Se antes a ANP ou União
Nacional representava o poder constitucional e legislativo, até 5 de Outubro de
2015 eram os partidos do “arco da governação” detentores desse poder, que,
ainda, falam em “EXAME PRÉVIO” a ações a praticar pelos órgãos de informação,
como prenúncio da entrada ao serviço da COMISSÃO DE CENSURA extinta,
exactamente, há 41 anos.
Com a nomeação do
actual executivo, produto das eleições Outubro de 2015 ainda que contra a
vontade e os desígnios do anterior presidente da República, respira-se o aroma
(ainda que ténue) da esperança de um futuro com futuro.
Ainda assim, a segunda
lição reflete-se na forma como nos acomodámos a uma democracia representativa e
nos esquecemos de estar atentos e lutar, no uso do direito que a Lei
Fundamental nos confere, em cada momento crucial para o cumprimento dos
Direitos e as Liberdades garantes de uma vida melhor e mais justa para todos.
Com os desgovernos dos
que representam os mandantes do regresso ao passado, aguardamos que seja dado
fim às filas de cidadãos, que até à poucos meses, estavam à espera de uma
sopa. Devido aos desmandos e mandos dos "mercados" ainda hoje,
cerca de 100 estudantes por dia desistem dos seus cursos universitários, por
não terem como pagá-los. Receio que neste HOJE voltemos a ter “homens que nunca
foram meninos”, em que o volume de gente no desemprego cresce dia a dia,
tal como a fome e medo.
Ainda assim (repito), a
ténue esperança que o governo do meu
país me trouxe, faz com que acredite, que valeu a pena, que vale a pena
continuar a "lutar".
O nosso quotidiano é
gerido por uma informação distorcida e eivada de inverdades ( deturpação ou
omissão da verdade), onde há dita sem contradita e a presença de políticos e
comentadores, hábeis na utilização do tal “Manto diáfano”, que esconde a
verdade, é predominantemente usado, porque o mais importante, para eles, é que
todos tenhamos a certeza de que a realidade por que passamos, embora injusta é
necessária, ou seja temos que aceitar ser, mais uma vez explorados, convictos
de que não há outras alternativas.
A observação atenta é
fundamental (que a memória não seja curta). Com toda a desinformação,
restrições dos "ditos Mercados" , ditames de "Bruxelas", o
voto será mesmo um exercício de liberdade, neste contexto de manipulação dos
portugueses?
Como prenda de ABRIL
(que foi) corresponde a um direito que anteriormente não tínhamos,
significando, deste modo uma conquista da Liberdade, mas não é a arma do
Povo, como nos tentam fazer crer, e só poderá ser uma arma do Povo, quando a
cidadania for um ato real de participação quotidiana na vida coletiva, quando
soubermos compreender o mundo em que vivemos e formos capazes de construir um
futuro melhor para todos. Nesta cruzada o conhecimento, a memória e o amor são
de facto armas eficazes.
Mas lembro que quem nos tem desgovernado nas quatro décadas pós - ABRIL, contam
com o apoio do poder financeiro que, por sua vez, tem sido duplamente
recompensado, à custa dos contribuintes e das carências sociais . Poder
financeiro que descapitalizou o país (em benefício de alguns) lesando
gravemente a grande maioria dos portugueses. Governam como se de um jogo
de Xadrez se trate, basta que mudem umas pedras no tabuleiro do poder. Manter o
Rei, a Rainha e os Bispos, porque as Torres da resistência estão e são
limitadas nas ações que o jogo de interesses impõe e, quanto aos Peões, eles
jogam no pressuposto da memória curta,
dos MEDOS que lhe são incutidos e
os levam à sujeição da Lei da Oferta e da Procura em que os peões são vistos
como números e tratados como mercadoria negociável e descartável.
Se muito protestarem,
sacodem-se umas migalhas da toalha da abastança do Poder, com pequenas
cedências aqui e ali, a receita é conhecida. A política de benesses e comendas,
da cunha institucionalizada, do compadrio e silêncios cúmplices, produtora de
ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres, que tornam este
canteiro à beira mar plantado (ora sujeito à ingerência externa – autoridade
que o povo não lhe conferiu) no país europeu onde as desigualdades sociais são
mais evidentes e se acentuam passo a passo.
42 Anos depois onde está a Liberdade?
Está, pelo menos, na possibilidade de fazer o que neste momento faço, Escrever
dizendo o que penso, e "abraçar" causas sem o receio de enfrentar um
plenário.
O conhecimento e o empenho coletivo são
as armas mais eficazes para combater o obscurantismo, as ditaduras camufladas
que levam às desigualdades sociais, tenham o nome que tiverem.
Recordar e Viver o ABRIL que floresceu
em MAIO, é ter esperança num futuro mais justo, mais fraterno e mais igual. É
CONTINUAR A LUTAR PELA LIBERDADE.
Mas tomai ATENÇÃO, o meu amigo FERNANDO lembrou-se de me lembrar
(e muito bem) da existência da "MÁQUINA DO FUTURO", a dita
"geringonça", de que os Ex, ora na oposição parlamentar, tanto falam.
ARFER
A MÁQUINA DO FUTURO
Os
Donos disto Tudo
(os
verdadeiros, que nem sequer conheces)
tinham
inventado,
construído
e exportado
em
direcção ao sul,
uma máquina
sofisticada
muito bem
oleada,
embalada a
primor com laços e uma flor
mas que
desembrulhada
e posta em
movimento
mais
parecia um cilindro
ou
rolo-compressor.
Mas os
seus mandatários
fizeram
uma festa e um grande foguetório
a dizer
que era este o transporte ideal
para um
povo simplório.
E o
cilindro lá foi comprimindo
A vida e
os sonhos dos povos do sul.
Onde o sol
brilha mais e o mar é azul.
Eis que de
repente
esta nossa
gente de tão comprimida
achou que
era tempo de mudar de vida.
Parou o
cilindro, despediu capatazes
e pôs-se a
construir o melhor transporte
que formos
capazes.
Pode não
estar pronto, que o futuro demora,
Mas é mais
bonito por dentro e por fora.
Para o
amesquinhar,” amigos da onça”
Dizem que
o seu nome é a “geringonça”.
Mas há
tanta gente que precisa dela
Que a
sonha ver pronta p’ra seguir com ela.
Não sendo
perfeita, vai-se melhorando
porque
este projecto, sendo original,
é feito
por nós, é artesanal,
pois é com
trabalho que a coisa se faz
e tem um
cartaz: “MADE IN PORTUGAL!”
A questão
maior que faz afligir os senhores do Norte
é o medo
enorme de que a gente a exporte.
Para eles,
pode ser muito duro
mas a “geringonça” tem
mesmo futuro!
FERNANDO
TAVARES MARQUES
E TOMAI ATENÇÃO, AOS "LEAKS" e às "PRIMAVERAS" prometidas. BEM HAJA!