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quarta-feira, 31 de março de 2010



PÁSCOA
Era sexta-feira.
Mataram o Homem
porque os incomodava.
Nessa sexta-feira
mataram a vida
que não conseguiam entender.
Um gesto gerador
de tanta “mea-culpa”
que foi capaz de corroer a História
até hoje.
E quantos “matamos” nós
simplesmente porque os não entendemos?
A quantos “julgamentos”
Somos chamados a presidir,
apenas vestidos
Da nossa precária condição de seres humanos?
Saibamos assumir a justiça
da vida plena do outro,
antes que a solidão nos mate,
por falta de eco
no coração de alguém
a quem possamos dizer:
- ALELUIA!

De FERNANDO TAVARES MARQUES



SEIS LETRAS APENAS
Podemos ser o que quisermos.
Antes de mais, somos o que somos,
Seremos lembrados por tudo o que fizermos,
Com a certeza de que também erramos.
O princípio e o fim é o certo que nós temos.
A razão porque somos seres humanos.

Que o “P” de Páscoa signifique: - Pão, Paz e Paridade.
ARFER

sexta-feira, 19 de março de 2010





Morreu em 1984, mas está entre nós. Recordar JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS é, hoje e sempre, um acto de gratidão colectiva e de decência intelectual. Foi aliado dos sem emprego, dos sem casa, dos sem justiça, dos sem liberdade. Foi um POETA DE CORPO INTEIRO.
A sua obra é o seu bilhete de identidade, reveladora do seu carácter, do sentimento que tinha do povo que amava, não só o seu mas o de todo o povo amante da Liberdade.
Podem encontrar na NET grande parte da sua obra, pesquisem e encontrarão um sopro de LIBERDADE-


SONETO DO TRABALHO

Das prensas dos martelos das bigornas
das foices dos arados das charruas
das alfaias dos cascos das dornas
é que nasce a canção que anda nas ruas.

Um povo não é livre em águas mornas
não se abre a liberdade com gazuas
á força do teu braço é que transformas
as fábricas e as terras que são tuas
-
Abre os olhos e vê. Sê vigilante
a reacção não passará diante
do teu punho fechado contra o medo.

Levanta-te meu povo. Não é tarde.
Agora é que o mar canta é que o sol arde
pois quando o povo acorda é sempre cedo.

Em nome da universalidade dos seus ideais, aqui vai um pequeno excerto do seu poema: -

HOMENAGEM AO POVO DO CHILE
…“Nas suas almas abertas
traziam o sol da esperança
e nas duas mãos desertas
uma pátria ainda criança
Gritavam Neruda Allende
davam vivas ao Partido
que é a chama que se acende
no Povo jamais vencido
– o Povo nunca se rende
mesmo quando morre unido

Foram não sei quantos mil
operários trabalhadores
mulheres ardinas pedreiros
jovens poetas cantores
camponeses e mineiros
foram não sei quantos mil
que tombaram pelo Chile
morrendo de corpo inteiro.”

segunda-feira, 15 de março de 2010


















A “Mensagem” de 3 POETAS, um recado que de modo algum podemos ignorar.

Maiakovski (1893-1930) Poeta russo 'suicidado' após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX:


Na primeira noite, eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra
sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
e, conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

Depois de Maiakovski

Bertold Brecht (1898-1956


Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.


Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...
Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas.

sábado, 13 de março de 2010












O mais pequeno de Todos, mas com uns anos de vida. Na Imagem os cravos são gente livre.




A MINHA RUA

- A minha rua é uma rua qualquer
- É uma rua do mundo, onde há
homem e mulher;
- Também crianças brincando e
onde se aprende a viver.
- Onde o sonho é fantasia, e uma
esperança a crescer.
- É grito de liberdade, na espera
do que há-de vir
- Com Sol e estrela da tarde, que
aguarda a noite cair.
-A minha rua é de gente, onde
a palavra é amiga
- Onde se aprende, cantando
um hino de amor à vida.

ARFER

quarta-feira, 10 de março de 2010






A FRUSTRAÇÃO


Tenho as respostas
A todas as tuas dúvidas.
Só não sei
Quais são as tuas dúvidas.
Tenho a certeza
De corresponder a todos os teus anseios.
Só não sei quais são os teus anseios.
Tenho todas as palavras certas
Para preencher os teus silêncios.
Só não consigo ouvir os teus silêncios.
Tenho as cores todas
Com que se pintam os sonhos.
Só não sei dos teus sonhos que é preciso pintar.
Tenho a paz que amansará
Todas as tuas revoltas.
Só não sei do teu tempo das revoltas.
Tenho os antídotos todos
Para todas as tuas dores.
Só não sei se te queres tratar.
Sei das soluções para as tuas crises.
Só não sei se acreditas que tens crises.
Tenho tudo para ti.
Só não sei se tu existes.

Estou a falar de ti, Povo.
Eu faço parte integrante de ti.
Acredita, de fonte segura,
que ainda não fui atacado pela amnésia,
quase colectiva, que te corrói
e apenas te deixa continuar a não acreditar em mim.
E é pena.
Vou continuar a falar-te e a falar de ti.
Só não sei do prazo da tua surdez artificial.
Restam-me as lágrimas
Que nunca te darei.


Fernando Tavares Marques

segunda-feira, 1 de março de 2010




8 de Março Dia Internacional da Mulher


No dia 8 de Março do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". Em 1977, as Nações Unidas proclamam o dia 8 de Março como o:

Dia Internacional dos Direitos da Mulher e daPaz.



Como era antes do 25 de Abril de 1974 . Para que a memória não seja curta


O retrato da mulher durante o Estado Novo



A constituição de 1933, que era a constituição que vigorava antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, não estabelecia efectivamente o princípio da igualdade, pelo menos material. Formalmente estabelecia o princípio da igualdade, mas na prática ele não tinha grande vigência.
A mulher praticamente não tinha direitos. Se se tratasse de uma mulher casada, os direitos eram exercidos pelo chefe de família.
A lei portuguesa designava o marido como chefe de família, donde resultava uma série de incapacidades para a mulher casada, contrariamente à mulher solteira, de maioridade, que era considerada cidadã de plenos direitos, ainda que limitados: a mulher não tinha direito de voto, a mulher não tinha possibilidade de exercer nenhum cargo político, e, mesmo em termos da família, a mulher não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos.
Nesta altura, a Lei atribuía à mulher casada uma função específica: o governo doméstico, o que se traduzia pela imposição dos trabalhos domésticos como obrigação. E os poderes especiais do pai e da mãe em relação ao filho resultavam na sobrevalorização do pai e subalternidade da mãe, que, como recomendava a lei, apenas devia ser ouvida.
Outro dos problemas que a mulher enfrentava na altura acontecia nas situações de reconstituição da família. O divórcio era proibido, devido ao acordo estabelecido com a Igreja Católica na Concordata de 1944, pelo que todas as crianças nascidas de uma nova relação, posterior ao primeiro casamento, eram consideradas ilegítimas. E havia duas alternativas no acto do registo: a mulher ou dava à criança o nome do marido anterior ou assumia o estatuto de "mãe incógnita". O que não podia era dar o seu nome e o do marido actual. No que diz respeito à questão profissional, a mulher não tinha direito de acesso a determinados lugares que se considerava que deviam ser ocupados por homens. A magistratura, a diplomacia e a política são apenas alguns dos exemplos de sectores profissionais a que a mulher não podia aceder.
Além disso, naquela altura estava escrito em decreto-lei que uma professora só podia casar com um homem que tivesse um vencimento e estatuto superior ao dela. Uma mulher casada não podia ir para o estrangeiro sem autorização do marido, não podia trabalhar sem autorização do marido. O marido podia chegar a uma empresa ou estabelecimento público e dizer: eu não autorizo a minha esposa a trabalhar. E ela tinha que vir embora, tinha que ser despedida"

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010




A VIDA TEM….

As derrotas, as vitórias
Também batalhas perdidas,
Muitas guerras por vencer.
Mas nessas lutas havidas,
Entre a fadiga e o querer,
São as palavras amigas
Que nos levam a vencer.
Camaradas, companheiros,
Amigos de ocasião,
Uns estarão sempre connosco,
Mas sabemos que outros não.
Por isso há que manter
Os pés bem firmes no chão,
Nesta terra que é de todos
E poucos dizem que não-
Levar a palavra amiga,
Passá-la de mão em mão
Caminhando com confiança
Cientes da nossa razão
Portamos a luz da esperança
Que traz a libertação.
Liberdade é igualdade
De direitos e deveres
E embora haja pareceres
De que é uma utopia
Estejam certos que é verdade
A razão não se fantasia.
E se cada um pensar
Na força que a razão tem,
É dar as mãos e lutar,
Que o futuro já aí vem.

ARFER ………..



Grato por me lembrares do texto, que tinha já lido não sei quando. Um abraço.
ARFER

Bertolt Brecht

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha da sua senhoria ao Senhor K., eles seriam mais amáveis com os peixinhos?
Certamente, disse ele.
Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos com todo tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca, e tomariam toda espécie de medidas sanitárias.
Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, então lhe fariam imediatamente um curativo, para que ele não morresse antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem melancólicos, haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes.
Naturalmente, haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas, os peixinhos aprenderiam como nadar para as goelas dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.
O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura.
Os peixinhos saberiam que esse futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam evitar toda inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista, e avisar imediatamente os tubarões, se um dentre eles mostrasse tais tendências. Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões.
Os peixinhos – eles iriam proclamar – são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não podem se entender. Cada peixinho que na guerra matasse alguns outros, inimigos, que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia o título de herói.
Se os tubarões fossem homens, naturalmente haveria também arte entre eles. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores soberbas, e suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos nadando com entusiasmo para as gargantas dos tubarões, e a música seria tão bela, que a seus acordes todos os peixinhos, com a orquestra na frente, sonhando, embalados nos pensamentos mais doces, se precipitariam nas gargantas dos tubarões.
Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa apenas na barriga dos tubarões. Além disso, se os tubarões fossem homens também acabaria a idéia de que os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores poderiam inclusive comer os menores. Isto seria agradável para os tubarões, pois eles teriam, com maior freqüência, bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores, detentores de cargos, cuidariam da ordem entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, construtores de gaiolas, etc.
Em suma, haveria uma civilização no mar, se os tubarões fossem homens.


Bertolt Brecht (1898-1956) reuniu na obra Histórias do Senhor Keuner, em 1932, parábolas escritas com humor e ironia, satirizando o comportamento da sociedade.

HISTÓRIA VIVA: ROMA - LOUVÁVEL OCIOSIDADE & RIQUEZA É VIRTUDE

HISTÓRIA VIVA: ROMA - LOUVÁVEL OCIOSIDADE & RIQUEZA É VIRTUDE

sábado, 13 de fevereiro de 2010




CARNAVALINHO
Nestes dias de festança,
Eu desejo a toda a gente
Que no brincar tenham esperança
De que o amanhã é diferente.

P’ra Mestre de sala ou poeta,
A festa é sonho e alegria
E com papel e caneta
Os versos são fantasia.

Nas ruas fazem cortejos
E mentem nos Parlamentos
Em tempo de Carnaval
Os cavalos são jumentos.

No Barreiro também há festa
Muitas cores e magia
E todos se manifestam
Com redobrada alegria.

Uns mascaram-se, outros não.
Há os sempre mascarados
Que no meio da confusão
Pensam andar disfarçados.

Pois que sejam Carnavais
Todos os dias do ano
Porque assim até os ossos
Ficam cheios de tutano.

Que se tenha nesta quadra
Alegria num fartote
Brinquem todos, aproveitem
Porque eu vou dar o pinote.


ARFER, 13.02.2010.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010












Bah!
Tão ao gosto próprio,
não foi além da circuncisão,
é julgador de causas próprias
amarelecidas e/ou descoradas
que se espalham no seu chão.
Querendo arrebitar o cenho
leva demais o empenho
de emperrada a carabina,
mas o estampido sai na mesma.
Por detrás?
Não se sabe, não se sabe,
adivinha-se a escorregadela
com a procura da salvação
em época de oração crispada
ergue ao ar as mãos postas
que melhor estariam nas costas
a perceber o que tinha acontecido
pois o alarido foi tal
que para igual só teria sentido
algum molho, brrrr, fosse detectado.
A secura não é estado virgem
propaga-se como fogo às idéias,
topa-se!
O refinamento também é finamento,
para liofilizado alimento,
que se faz parecer resultado
mas não é.
Antes uma ladaínha de esconjuração
aos julgados males próprios,
que tolhem e fazem arrepios
em vez de sonhos pios,
descansados cheios de cifrões
apesar de ultrapassados
como escreve ou como diz
só para inglês ver.
Eles andam por aí!

De João Viegas dos Santos
Bem Haja JOÂO – Um abraço amigo

domingo, 24 de janeiro de 2010



















NÓS

Sabes, amigo,
a vontade de fazer
é a razão primeira da nossa forma de estar;

Contigo, fizemos um plano crescer e,
à nossa maneira,
quisemo-lo “com pernas para andar”

E foi também contigo
que assumimos o tanto por fazer!

Acredita
que é a pensar em ti
(naturalmente com limitações)
que continuamos por aqui
tentando acertar nas decisões
assumindo erros, tristezas
e quantas frustrações…

Mas crê também, amigo,
que não basta o querer,
que o “mais” não é bastante
que “melhor” não é suficiente;

Contar contigo
é que é importante.
Juntos,
vamos fazer diferente

E Vai valer a pena ir por diante.



Fernando Tavares Marques

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Os Poderes e a Cultura


Os poderes, políticos, religiosos ou outros, podem, de forma intencional e em função dos interesses que os movem influenciar e evolução, fruição ou divulgação da Cultura, mas em caso algum a podem, globalmente, controlar.
Os problemas na área da política cultural são múltiplos, complexos e diversificados.
A Cultura e o Poder, sendo dois pilares da organização das sociedades, que emergem do tecido social e, consequentemente, a orientação das politicas são, de grosso modo, o reflexo do poder instituído.
A Cultura é um modo de vida e é a expressão do sentir, do pensar e do agir de um povo, tal qual a politica. O fazer e o agir intencionalmente ou não, são actos políticos ou culturais, são constante da vida.
Sendo que as politicas Culturais do Poder central devam ser, na sua essência um garante de regulação da pluralidade, da cidadania activa e da liberdade criativa, assente basicamente no princípio da democratização da cultura, conforme O INSTITUIDO CONSTITUCIONALMENTE.
Os Poderes autárquicos diferem quanto à forma e os objectivos no desenvolvimento das suas politicas culturais e moldes de gestão que lhes são inerentes no que concerne ao interesse concelhio e, também, quanto ao património material e imaterial que lhes são afectos, ainda que dentro dos parâmetros ditados pela Lei geral e do direito constitucional.
Desde 1974, a sociedade portuguesa, sofreu profundas alterações, relativamente ao Monolitismo partidário de quarenta e oito anos, de ditadura. O Polipartidarismo veio assegurar a representatividade da globalidade dos sectores de opinião. A Liberdade de expressão e o fim da censura permitiram a livre circulação dos bens culturais, tais como livros, filmes, ideias, teatro livre de censura e uma representatividade alargada, exponencialmente, ao usufruto dos bens culturais.
Nos primeiros anos de livre poder autárquico, ainda que sem uma linha programática pré-definida, a força e a criatividade que a liberdade produz, deu origem a múltiplas iniciativas de âmbito cultural.
As autarquias em parceria com o movimento associativo e a comunidade escolar, têm desenvolvido, após o 25 de Abril, projectos de cariz cultural multifacetado e interculturais, face ao facto de Portugal que, ao longo de décadas foi um pais de emigrantes, se tornar, com fim da ditadura e da guerra colonial e depois de “ orgulhosamente sós”, num espaço geográfico que recebeu centenas de milhar de regressados das ex-colónias e de exilados emigrantes (fugidos à guerra e a ditadura).
Nos anos oitenta deu-se uma inversão, de emigrantes, passámos a ser um país acolhedor e atractivo para centenas de milhar de imigrantes dos quatro cantos do mundo, da Ásia, Africa, América do Sul e Europeus (principalmente do Leste da Europa), com raízes culturais, comportamentos sociais religiosos, bem diferenciados.
Como se depreende, um facto histórico pode ser causa, em determinado momento, de ruptura com algumas tradições e ser “explosão” de criatividade artística e de produção cultural. Como exemplo disso são a Revolução Francesa (século XVIII), a Revolução Industrial (séc. XIX) e a revolução Russa de 1917 (séc. XX), que deram origem, a seu tempo, de uma evolução artística e de divulgação cultural, sem precedentes, influenciadores de politicas sócio - culturais, de tal modo, que muitos Estados se viram na necessidade de legislar no sentido de proteger, apoiar e adequar, nalguns casos, a produção de arte e divulgação cultural em função dos seus objectivos políticos.
Os novos conhecimentos, novas tecnologias, produtos da revolução foram factores determinantes de uma evolução sócio-económica. A rádio, a fotografia, o cinema, a televisão e mais recentemente a comunicação da era digital, são hoje elementos fundamentais ao serviço da democratização da cultura, na sua divulgação e fruição, se utilizados com justa imparcialidade.
Se os Nacionalismos exacerbados e os Poderes ditatoriais e monolíticos foram e são entrave ao desenvolvimento da produção cultural, nos tempos de hoje, só uma “cultura contextualizada” pode restituir o homem a si mesmo. Assim a Cultura será julgada pela sua capacidade de realizar o homem no mundo e com os outros, pois ela não é senão aquilo que, é criado pelo Homem. A cultura é a via para a globalização de Humanidades, promotora de uma “nova” ética de compressão, tolerância e fraternidade entre os homens. Não há culturas maiores ou menores, superiores ou inferiores, mas apenas diferentes, sejam populares ou ditas eruditas que, de facto, tiveram origem popular, tais com o Canto, a Musica, o Teatro, tudo tem origem nas bases, incluindo a formação de riqueza.

ARFER