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quarta-feira, 10 de março de 2010






A FRUSTRAÇÃO


Tenho as respostas
A todas as tuas dúvidas.
Só não sei
Quais são as tuas dúvidas.
Tenho a certeza
De corresponder a todos os teus anseios.
Só não sei quais são os teus anseios.
Tenho todas as palavras certas
Para preencher os teus silêncios.
Só não consigo ouvir os teus silêncios.
Tenho as cores todas
Com que se pintam os sonhos.
Só não sei dos teus sonhos que é preciso pintar.
Tenho a paz que amansará
Todas as tuas revoltas.
Só não sei do teu tempo das revoltas.
Tenho os antídotos todos
Para todas as tuas dores.
Só não sei se te queres tratar.
Sei das soluções para as tuas crises.
Só não sei se acreditas que tens crises.
Tenho tudo para ti.
Só não sei se tu existes.

Estou a falar de ti, Povo.
Eu faço parte integrante de ti.
Acredita, de fonte segura,
que ainda não fui atacado pela amnésia,
quase colectiva, que te corrói
e apenas te deixa continuar a não acreditar em mim.
E é pena.
Vou continuar a falar-te e a falar de ti.
Só não sei do prazo da tua surdez artificial.
Restam-me as lágrimas
Que nunca te darei.


Fernando Tavares Marques

1 comentário:

  1. Amigo,

    Não sei se é o autor do poema...eu sou a Fernanda e só escrevo poesia a brincar, embora seja louca por poesia.

    Este poema é quase um grito de apelo, um tentar acordar da apatia generalizada em que o nosso Povo se encontra.
    Gostei muito!

    Voltarei para o visitar mais vezes.

    Abraço,
    Fernanda Ferreira (Ná)

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